As tarifas são impostos sobre produtos estrangeiros importados, que os governos usam para tentar reforçar as indústrias domésticas. As empresas que continuam importando os bens afetados – seja por opção ou necessidade – tendem a recuperar a penalidade paga ao governo com aumentos de preços.
Em última análise, isso torna suas ofertas de produtos estrangeiros menos atraentes no mercado, ou assim diz a teoria. Porém, os planos de Trump de impor tarifas sobre produtos e materiais – supostamente incluindo materiais críticos para a cadeia de suprimentos de Defesa do país – podem aumentar os custos de alguns programas militares e causar atrasos, disseram analistas ao site Defense News.
A cascata de efeitos negativos pode se tornar um subproduto dos benefícios pretendidos, que incluem pressionar as empresas a expandir o processamento doméstico de materiais, como aço e terras raras, vitais para a microeletrônica especializada, e diminuir a dependência dos Estados Unidos de fornecedores estrangeiros.
Política de tarifas de Trump ainda é vaga
Nenhuma tarifa foi ainda oficialmente implementada pelo novo governo, e o presidente Donald Trump tem sido vago sobre os detalhes da implementação.
O Washington Post informou em 6 de janeiro que os assessores de Trump estavam considerando planos tarifários abrangentes sobre importações vitais para a segurança nacional e outros setores-chave.
Esses planos relatados, foram descritos ao WP por três pessoas familiarizadas com o assunto. Eles incluem a aplicação de tarifas sobre aço, ferro, alumínio e cobre.
Essa abordagem seria parte de uma estratégia para trazer elementos-chave da cadeia de suprimentos industrial de Defesa de volta aos Estados Unidos, bem como tarifas sobre materiais relacionados à energia, como terras raras e baterias.
Uma fonte conhecedora dos planos do governo disse ao Defense News que Trump ainda não se decidiu sobre os cronogramas e outros detalhes das políticas tarifárias.
O que se sabe é que a intenção de fortalecer a segurança e a defesa nacional é um fator-chave por trás da abordagem do governo em relação às tarifas e seus planos de devolver mais manufatura aos EUA, disse ele.
“As questões de defesa são definitivamente parte do cálculo aqui“, disse a fonte, que falou ao Defense News, sob condição de anonimato.
“Isso vai fazer com que os preços subam”
Contudo, especialistas alertam que a aquisição de insumos de Defesa sofrerá, se forem impostas tarifas sobre materiais críticos que entram em sistemas militares.
“Isso vai fazer com que os preços subam“, disse Bryan Clark, membro sênior e diretor do Centro de Conceitos e Tecnologia de Defesa do Instituto Hudson. “E como são commodities, se os preços subirem por causa dessas tarifas, isso afetará a todos de uma vez.
“Assim como o petróleo: se você cortar um suprimento de um lugar, ou tornar um suprimento de um lugar mais caro, todo mundo tira vantagem, e os preços sobem em todos os lugares.”
Clark comparou a possível interrupção das tarifas com a crise da cadeia de suprimentos da era COVID. À medida que a pandemia atrapalhou a produção de itens-chave e o envio para todo o mundo, a inflação explodiu e os empreiteiros de defesa viram seus custos dispararem.
Alguns desses programas foram reestruturados para lidar com as consequências da COVID ou tiveram que obter financiamento adicional do Congresso – enquanto outras empresas enfrentaram grandes perdas.
Nada de bom virá disso para a construção naval
Especialistas disseram que a construção naval – que depende de quantidades gigantescas de aço para construir os porta-aviões e outras embarcações da Marinha – pode ser mais afetada pelas tarifas.
“Os custos [para a construção naval vão subir ainda mais”, disse Todd Harrison, membro sênior do American Enterprise Institute. “Os atrasos ficarão ainda mais longos. Nada de bom virá disso para a construção naval; só pode piorar uma situação ruim.”
Vários economistas, incluindo Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics, dizem que as tarifas abrangentes propostas por Trump podem levar a custos mais altos para os consumidores, bem como outros efeitos econômicos negativos.