Na visão de analistas o sucateamento militar brasileiro vem, ano à ano, se tornando cada vez mais evidente. Para eles a verdade é uma só: o Brasil, com seus 8,5 milhões de quilômetros quadrados, simplesmente não tem forças armadas suficientes para defender o próprio território em caso de guerra.
Isso não é uma visão alarmista. Ao contrário, seria a constatação de décadas de má gestão, falta de recursos e decisões estratégicas no mínimo questionáveis. E, como esperado, a situação é mais crítica em algumas áreas do que em outras.
A Revista Sociedade Militar consultou dados publicados por especialistas militares e civis, entusiastas e páginas especializadas sobre o assunto, elaborando um resumo sobre a situação precária das Forças Armadas quando se trata da defesa do território nacional.
A deputada e tenente do Exército, Silvia Waiãpi, por exemplo, disse recentemente que as Forças Armadas passam por um processo de sucateamento sob a gestão petista. “Estive pessoalmente visitando a Capitania dos Portos do Estado do Amapá. A situação é grave, pois várias unidades da Marinha do Brasil sofreram uma redução de 25% nos investimentos”
Marinha: um gigante enferrujado
A Marinha do Brasil, que deveria ser a primeira linha de defesa de um país com uma das maiores costas do mundo, estaria à beira do colapso operacional. A força recentemente, anunciou a aposentadoria de 40% de sua frota. Ou seja, quase metade das embarcações será desativada. Entre os poucos ativos relevantes, destacam-se o porta-helicópteros Atlântico, o navio de desembarque Bahia e os submarinos modernos que vêm sendo integrados. No entanto, isso seria basicamente tudo, ainda segundo a fonte da Revista.

A lista de erros estratégicos é sobretudo longa e embaraçosa. A Marinha gastou uma fortuna com projetos que nunca entregaram o esperado, como o porta-aviões São Paulo, que virou sucata. Além disso, muito dinheiro também foi para os obsoletos caças A-4 Skyhawk, que já saíram da linha de produção desde os anos 70.
De acordo com páginas especializadas no assunto, devido à situação de sucateamento, se houvesse um conflito hoje, boa parte do efetivo militar de 80 mil homens e mulheres da Marinha acabaria em terra, atuando como apoio ao Exército.
Força Aérea: moderna, mas insuficiente
A FAB talvez seja a força mais organizada e tecnologicamente avançada do Brasil, segundo os especialistas. Com a aquisição dos modernos caças F-39 Gripen, equipados com mísseis Meteor de longo alcance, e a presença de aviões como o KC-390 e os E-99, a Aeronáutica tem o que há de melhor em alguns quesitos. Mas aqui está o problema: quantidade.

Analistas sugerem que o Brasil precisaria de pelo menos duas centenas de caças e uma frota muito maior de aviões de transporte como o KC-390 para garantir uma defesa aérea robusta. Atualmente, isso não chegaria nem perto da realidade. Pior, o número reduzido de aeronaves sobrecarrega as operações. Os Gripen, por exemplo, precisam acumular missões de interceptação, ataque ao solo e até patrulha marítima.
Outro ponto crítico é a ausência de sistemas de defesa aérea de médio e longo alcance. As únicas aquisições nos últimos anos foram os canhões Gepard e sistemas RBS-70 e Igla, que são de curto alcance e incapazes de lidar com ameaças a grandes altitudes. É como tentar proteger uma casa com cercas baixas enquanto o ladrão entra pelo telhado.
Exército: o sucateamento da força blindada
O Exército Brasileiro também enfrenta sérios problemas estruturais, especialmente no que diz respeito à sua força blindada. De acordo com militares ouvidos pela Revista Sociedade Militar, os principais tanques de guerra, os Leopard 1A5, estão há anos desatualizados. Encontrar peças para manutenção virou uma saga, já que o modelo deixou de ser fabricado há décadas. E o uso de biodiesel nos motores – uma tentativa de reduzir custos – só piorou a situação, resultando principalmente em quebras frequentes, segundo sites especializados.

A alternativa, infelizmente, seria confiar em veículos blindados leves como os Cascavel e Guarani, que não têm capacidade para enfrentar tanques modernos em um campo de batalha. Além disso, a falta de helicópteros de ataque deixa os blindados ainda mais vulneráveis. Esses helicópteros, equipados com canhões, mísseis antitanque e foguetes, seriam sobretudo cruciais para uma estratégia de defesa. No entanto, no Brasil, são simplesmente insuficientes.
Outro problema grave é a logística. A FAB reduziu a aquisição de aviões KC-390, o que dificulta o transporte rápido de tropas e equipamentos pelo território nacional. Essa tarefa é sobretudo fundamental em um país com dimensões continentais.
Polêmicas e falta de planejamento
O Brasil não chegou a esse estado de sucateamento militar por acaso. De acordo com fontes ouvidas pela Revista Sociedade Militar, a gestão das Forças Armadas é marcada por escolhas duvidosas e uma dependência crônica de orçamento insuficiente. Os militares estariam prioriorizando projetos caros e de prestígio, mas que no final se tornam pouco práticos.
O caso do porta-aviões São Paulo é emblemático: comprado como símbolo de poder, nunca foi plenamente funcional e acabou virando sucata. Da mesma forma, os A-4 Skyhawk, adquiridos para a Aviação Naval, são completamente obsoletos e ineficazes em um cenário de guerra moderna.
Além disso, o envolvimento político das Forças Armadas nos últimos anos trouxe ainda mais críticas. Durante o governo Bolsonaro, a influência dos militares cresceu consideravelmente, mas isso não se traduziu em melhorias para as tropas ou equipamentos. O orçamento continuou limitado, e muitos questionam se a presença militar no governo foi usada mais para fins políticos do que para fortalecer a Defesa Nacional.
Com isso, é desnecessário observar que, se um conflito realmente acontecesse, o país dependeria mais de sorte do que de estratégia para se defender. E isso, no cenário atual, é simplesmente inaceitável.