O Brasil trabalho no desenvolvimento de uma das bombas mais poderosas do mundo, a Trocano, um artefato termobárico projetado pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e financiado pelo Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) e pela Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico (DIRMAB). Inspirada na MOAB (Massive Ordnance Air Blast) dos Estados Unidos e na FOAB (Father of All Bombs) da Rússia, a Trocano se destaca como a maior bomba da América Latina. A informação foi divulgada pelo canal “Vamos falar de História“, que trouxe detalhes sobre o desenvolvimento e certificação do projeto.
O projeto teve início em 2004 e foi conduzido de forma sigilosa pelas autoridades brasileiras. A Trocano é uma arma destinada à interdição de grandes áreas e pode ser usada para limpar zonas densas de vegetação, permitindo pousos de aeronaves de asa rotativa. O armamento foi projetado para ser lançado a partir de um avião Lockheed C-130 Hércules, utilizando um sistema de paraquedas que separa a bomba de seu palete antes da queda. Em 2011, a Força Aérea Brasileira confirmou o desenvolvimento do armamento e sua certificação para uso em aeronaves militares.
A Trocano é a terceira maior bomba termobárica do mundo e supera a versão americana
Composta por 9.000 kg de tritonal, um explosivo menos potente que o H6 utilizado na MOAB americana, a Trocano ainda assim supera sua contraparte dos EUA em poder destrutivo. Seu impacto é devastador, produzindo um raio de destruição total de aproximadamente 1 km. No entanto, ela fica atrás da FOAB russa, que utiliza 11.000 kg de explosivo e é considerada a maior bomba termobárica já desenvolvida.
Segundo documentos do Ministério da Defesa publicados em 2007 e 2010, o Brasil classificou a Trocano como um “artefato de efeito de sopro”, um tipo de explosivo que utiliza uma nuvem de combustível inflamável para gerar uma explosão extremamente poderosa. Essa tecnologia foi inicialmente desenvolvida na Segunda Guerra Mundial e aprimorada durante a Guerra Fria pelos Estados Unidos e pela União Soviética. Durante a Guerra do Vietnã, os norte-americanos utilizaram bombas termobáricas pela primeira vez em combate, enquanto os soviéticos empregaram esse tipo de armamento na guerra sino-soviética.
Sigilo militar e o papel do Brasil na indústria bélica mundial
Apesar de seu potencial destrutivo, a Trocano foi pouco divulgada pelo governo brasileiro, o que levanta questionamentos sobre a estratégia de sigilo militar adotada pelo país. O Brasil é conhecido por sua política de neutralidade e defesa, mas a existência de um armamento dessa magnitude contraria a imagem pacífica frequentemente atribuída ao país.
Além disso, o Brasil se consolidou como um dos maiores exportadores de armamentos leves do mundo, o que demonstra sua crescente relevância na indústria de defesa global. A discrição em torno da Trocano pode ser uma estratégia para não expor publicamente o verdadeiro alcance das capacidades bélicas do país. O canal “Vamos falar de História” destacou que essa postura sigilosa é comum entre potências militares, que evitam revelar informações estratégicas sobre seus arsenais.
Mesmo com as certificações obtidas e a integração ao C-130 Hércules, ainda não há informações oficiais sobre a produção em série da Trocano ou seu uso operacional pela Força Aérea Brasileira. Entretanto, seu desenvolvimento representa um avanço significativo na tecnologia militar nacional, colocando o Brasil ao lado das potências que dominam a fabricação de armas termobáricas.
A Força Aérea confirmou que o projeto existiu, mas deixou claro que as informações são restritas: “Projeto Trocano … foi ensaiado e avaliado, trata-se, portanto, de projeto de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico e científico. Nesse contexto, em se tratando de projeto de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico e científico, outras informações são restritas, posto que imprescindíveis para a segurança do Estado e da sociedade, protegidas…”.