Manuel Domingos Neto, historiador pela Universidade de Paris e professor da UFF (Universidade Federal Fluminense), defendeu uma nova concepção de defesa nacional durante entrevista concedida ao canal esquerdista TV 247.
Segundo o especialista, a concepção atual de defesa no Brasil não permite real enfrentamento a uma eventual agressão externa ao país.
“Nós não temos [uma concepção de defesa assim]. Para se referir apenas ao Exército, são quase 800 Unidades Militares. A maior parte delas é incapaz de resistir a uma intervenção externa”.
Contudo, segundo o historiador, o contingente seria “bastante capaz” de exercer controle sobre a sociedade brasileira, algo que em sua opinião deveria acabar.
“Precisamos acabar com essa noção de Forças Armadas sem uma identidade clara de combate. Temos Forças Armadas que acumulam papel de polícia, papel de garantia de lei e ordem, e pretexto papel de defesa à agressão externa”.
Segundo Manuel, o problema é estrutural e empurrado com a barriga eternamente.
Também durante a entrevista, o especialista teceu duras críticas à postura do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, no programa Roda Viva da TV Cultura no último dia 10 de fevereiro.
“Não temos hoje um ministro da Defesa que represente de fato a República. Ele parece mais um representante dos comandantes militares do que alguém comprometido com a soberania civil e democrática do país”.
O presidente Lula também não foi poupado e foi tachado de ter uma postura muito tímida diante das Forças Armadas, refém do esforço de evitar novos atritos com a adoção de uma postura conciliadora.
“O presidente da República é o comandante supremo das Forças Armadas. Militar se ordena, se comanda. A relação com o militar não é uma relação política. É uma relação de hierarquia. Quem está no topo deve ser respeitado”.