O ministro da Defesa, José Múcio, destacou recentemente as dificuldades financeiras enfrentadas pelo Brasil para manter suas Forças Armadas. Durante entrevista ao programa Roda Viva, ele afirmou que o orçamento militar do país é um dos menores da América do Sul, representando apenas 1,1% do PIB, enquanto o setor judiciário consome 1,5%. Essa situação contrasta com a recomendação da OTAN de que países sem conflitos invistam 2% do PIB em defesa.
Múcio enfatizou que a falta de recursos afeta diretamente projetos estratégicos, como o programa de submarinos nucleares e a aquisição de caças Gripen. Ambos os projetos, iniciados em governos anteriores, encontram-se ameaçados pela escassez orçamentária. Ele revelou que o Ministério da Defesa não recebe emendas parlamentares, o que agrava ainda mais a situação financeira da pasta.
Para tentar reverter esse cenário, o ministro mencionou a PEC proposta pelo senador Carlos Portinho. A medida busca garantir um orçamento mínimo anual equivalente a 2% do PIB para a Defesa. Segundo Múcio, essa mudança constitucional seria essencial para assegurar os recursos necessários à modernização e manutenção das Forças Armadas.
Capacidade operacional pode estar comprometida
Apesar das limitações financeiras, as Forças Armadas continuam desempenhando um papel crucial em situações emergenciais. Múcio citou como exemplo o envio de 20 mil soldados ao Rio Grande do Sul e 3 mil ao Pantanal para lidar com desastres naturais. No entanto, ele ressaltou que o contingente reduzido e o baixo investimento comprometem a capacidade operacional das tropas.
Outro ponto polêmico abordado pelo ministro foi um vídeo divulgado pela Marinha em dezembro de 2024. A publicação destacava os “privilégios” da carreira militar em comparação com a vida civil. Múcio classificou o vídeo como inoportuno e imprudente, especialmente por ter sido lançado logo após a inclusão dos gastos militares no pacote de revisão fiscal do governo.
Crise orçamentária
A crise orçamentária também reflete uma disputa por prioridades dentro do governo. Enquanto áreas como saúde e educação recebem maior atenção política e recursos, a Defesa enfrenta dificuldades para justificar seus investimentos junto aos parlamentares. Segundo Múcio, essa falta de apoio político é um dos principais entraves para assegurar verbas destinadas à modernização militar.
Apesar das críticas e desafios financeiros, o Brasil continua sendo um dos países que mais investem em defesa na América Latina. No entanto, grande parte desse orçamento é destinada a despesas com pessoal ativo e inativo, deixando pouco espaço para investimentos em tecnologia e equipamentos modernos.
O fala de Múcio evidencia a necessidade urgente de repensar o financiamento das Forças Armadas no Brasil. Sem recursos adequados, projetos estratégicos podem ser comprometidos, colocando em risco não apenas a segurança nacional, mas também a capacidade do país de responder a crises internas e externas.