Uma decisão inesperada do Exército Brasileiro pode redesenhar o xadrez militar sul-americano. Segundo revelou o portal de defesa indiano Bharat Shakti, o Brasil está avaliando apenas duas propostas para seu novo sistema de artilharia antiaérea de média/alta altitude: o míssil terra-ar Akash, da Índia, e o Sky Dragon 50, da China. A reportagem destaca que “o sistema Akash está sob avaliação”, com engajamento direto de autoridades indianas e recomendação de acordo intergovernamental.
O canal Top Militar LHB reforça a informação: “O Exército Brasileiro desconsiderou propostas de empresas dos EUA, Israel e da Europa”, apesar de apresentações feitas por essas potências em solo brasileiro. A escolha de apenas dois concorrentes de países do BRICS chama atenção pelo ineditismo e pelas possíveis motivações geopolíticas.
Alcance e independência
Atualmente, os sistemas brasileiros só conseguem interceptar ameaças a até 3 mil metros de altitude. Já o Akash indiano, segundo o Bharat Shakti, ampliaria significativamente essa capacidade: “Seu alcance máximo em altitude seria de 59.000 pés, e seu alcance horizontal, de 45 km. Porém, a Índia também teria deixado à disposição do Exército Brasileiro o Akash NG, que está em fase final de desenvolvimento e teria um alcance horizontal de 80 km”.

O canal militar brasileiro pontua que essas faixas cobrem justamente o intervalo de altitudes onde ocorrem os primeiros ataques com mísseis de cruzeiro e aviões inimigos.
O sistema chinês Sky Dragon 50, por sua vez, atinge 65 mil pés e tem alcance de 50 km. “É suficiente para defender uma capital do tamanho de Brasília”, afirma o Top Militar LHB, que acrescenta: “O sistema já é operado pelo Marrocos e por Ruanda”.
Tecnologia aberta e offsets bilionários
Um dos principais atrativos da proposta indiana é a promessa de transferência de tecnologia e abertura de software para integração com equipamentos nacionais, como os radares Saber M200. “A proposta viria com software aberto e compensação off set envolvendo até 80 aeronaves KC-390 para a Índia”, diz o canal.
O Bharat Shakti destaca ainda que o Exim Bank, banco estatal da Índia, abrirá um escritório no Brasil até junho de 2025, “para facilitar o financiamento de baixo custo e longo prazo para exportações de defesa”. O banco teria papel crucial na viabilização do pacote militar oferecido pela Índia.
Israel e Europa ficaram de fora — por quê?
O canal Top Militar LHB revelou que o Exército descartou propostas de nações ocidentais, possivelmente por preocupações com embargos ou dependência tecnológica dos EUA. “Seria o efeito Trump?”, questiona o canal, lembrando que o Brasil recentemente exigiu drones “ITAR Free” — livres de veto americano.
“Os equipamentos de Israel, Reino Unido e Alemanha podem depender de tecnologia norte-americana”, especula a análise.
Vantagens do Akash: financiamento e offset
A Índia oferece um pacote atraente: transferência de tecnologia, software aberto para integrar radares brasileiros (como o Saber M200) e um acordo de compensação que inclui a compra de até 80 aeronaves KC-390 pela Força Aérea Indiana.
Além disso, o Exim Bank da Índia abrirá um escritório no Brasil até 2025 para facilitar financiamento de longo prazo. “Isso se alinha com a meta da Índia de atingir US$ 6 bilhões em exportações de defesa até 2029”, disse uma fonte ao BharatShakti.
Coprodução e influência estratégica
A aproximação entre Brasil e Índia também avança em outras frentes. O Bharat Shakti destaca conversas sobre coprodução naval e fabricação de armas leves. “A Taurus e a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) já operam na Índia, enquanto a SSS Defence e a Jindal firmaram joint ventures para produzir armas com tecnologia brasileira”, afirma.