Tecnologia desenvolvida pela Akaer promete elevar o preparo de forças especiais com simulação realista de voo
Em tempos de crescente demanda por inovação no setor de defesa e segurança pública, o Brasil dá um passo ousado e estratégico rumo à autonomia tecnológica.
O país agora conta com uma plataforma de treinamento aerotático única no mundo, criada por uma empresa brasileira, capaz de simular com extrema fidelidade operações aéreas críticas, como resgates, combates e combate a incêndios florestais.
Embora ainda pouco conhecida do grande público, a tecnologia pode transformar completamente a forma como as forças de segurança e defesa se preparam para enfrentar situações extremas.
A criadora da inovação é a Akaer, empresa nacional referência no setor aeroespacial, que entregou a primeira plataforma de treinamento aerotático com estrutura de helicóptero e movimentação realista 100% desenvolvida no Brasil.
Segundo informações divulgadas pela empresa e repercutidas por sites especializados, a estrutura será utilizada inicialmente pelo CIOPAER-MT (Centro Integrado de Operações Aéreas do Mato Grosso), e já desperta interesse de outras instituições públicas e privadas do Brasil e da América Latina.
Simulação realista de voo, mas sem sair do chão
O grande diferencial da plataforma está em seu design e tecnologia.
O equipamento simula em escala real a cabine de um helicóptero modelo AS350 (Eurocopter), um dos mais utilizados pelas forças de segurança no Brasil.
Preso a uma torre metálica vertical, o helicóptero simulado tem liberdade de balanço e movimentação, algo inédito em plataformas brasileiras, permitindo recriar com precisão o comportamento da aeronave em voo.
Essa capacidade permite treinar situações críticas de forma mais segura, econômica e frequente do que com aeronaves reais, que demandam alto custo de operação e envolvem riscos.
O simulador também é equipado com sistemas avançados de elevação, como engrenagem rotativa tipo cremalheira e freio antequeda, elementos que aumentam a complexidade e a precisão da experiência.
Com isso, operadores podem praticar técnicas de içamento, resgate, transporte de carga e evacuação sob condições extremamente semelhantes às encontradas em situações reais.
Missões simuladas com equipamentos de verdade
A versatilidade da plataforma surpreende: ela permite a execução de treinamentos com equipamentos reais como o Bambi-bucket, o cesto de resgate, o McGuire, além de técnicas de embarque e desembarque em pleno “voo simulado”.
No combate a incêndios, por exemplo, o uso do Bambi-bucket — balde flexível suspenso por cabo para despejo de água — pode ser treinado com realismo total.
O cesto de resgate, usado para retirar feridos ou pessoas em perigo de áreas de difícil acesso, também pode ser operado na plataforma, com ênfase em segurança e técnica.
Já o sistema McGuire, uma corda única para evacuação aérea em zonas hostis, é especialmente utilizado por tropas de elite.
Para embarque e desembarque, os operadores podem praticar manobras como:
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Rapel: técnica de descida rápida por corda, muito usada em áreas urbanas e florestais.
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Mata-leão: o operador se prende ao helicóptero apenas com os braços.
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Preguiça: o operador se agarra com braços e pernas para manter estabilidade durante o voo.
Todas essas técnicas podem ser treinadas de forma mais segura, repetitiva e econômica, proporcionando ganho de qualidade na formação de pilotos, resgatistas e militares de elite.
Projeto 100% nacional, com foco em soberania
Foram necessários cinco meses de projeto e mais sete meses de fabricação para desenvolver a plataforma completa, o que demonstra não apenas a complexidade do sistema, mas também a agilidade da Akaer em transformar conceitos em soluções tangíveis.
A Akaer, com sede em São José dos Campos (SP), já é reconhecida internacionalmente como fornecedora de componentes para aeronaves da Embraer, Saab (Gripen), Airbus e até da ESA (Agência Espacial Europeia).
Com essa nova plataforma, a empresa avança ainda mais no campo das tecnologias de simulação e treinamento, áreas fundamentais para a autonomia do setor de defesa brasileiro.
O investimento em tecnologia nacional permite ao Brasil reduzir a dependência de soluções estrangeiras, manter segredos industriais e garantir que treinamentos sensíveis ocorram dentro do território nacional, sob total controle.
Potencial exportador e futuro da plataforma
A plataforma já está sendo avaliada por outras unidades do CIOPAER de diferentes estados brasileiros, além de despertar o interesse de países vizinhos como Colômbia, Paraguai e Peru, onde as operações de segurança pública e defesa enfrentam desafios similares.
Além disso, o modelo pode ser adaptado para diferentes aeronaves, conforme a demanda, abrindo espaço para a criação de novas versões e a formação de um portfólio de simuladores para ambientes variados.
Essa inovação representa uma oportunidade concreta para que o Brasil se consolide como exportador de tecnologia de defesa não letal, especialmente em um contexto global de aumento de demanda por equipamentos de segurança.