Poucos sabem, mas à frente da Liga de Jiu-Jitsu do Sudeste (LJJS), que vem lotando estádios e atraindo milhares de espectadores no Rio de Janeiro, está um militar da reserva da Marinha do Brasil. Trata-se de Júlio Machado, professor de Jiu-Jitsu 6º Dan, que desde 2015, após ser transferido a pedido para a reserva remunerada, dedica-se integralmente ao esporte e à gestão da liga.
Com quase uma década de existência, a LJJS reúne de maneira harmônica academias de diversas regiões e se destaca pela organização de um dos rankings mais disputados do cenário nacional. Inovadora, a liga também foi pioneira ao implementar premiações em dinheiro para os atletas, como forma de reconhecer o investimento pessoal na preparação e aquisição de equipamentos.
O jiu-jitsu além do Tatame, inclusão social e resgate
Ouvido pela Revista Sociedade Militar, Júlio Machado conta que anualmente são promovidos pela liga de 6 a 10 eventos que reúnem cada um mais de 4 mil pessoas entre atletas e público, sem contar os eventos restritos, como cursos de aperfeiçoamento de equipes de arbitragem, treinamento de segurança privada etc.
Segundo Machado, a prática do Jiu-Jitsu na região Sudeste do Brasil vai muito além do tatame e se tornou uma extraordinária ferramentas de inclusão social e resgate de jovens em risco de cooptação pelo crime, aplicada em – estima – mais de 500 academias, igrejas, associações de moradores e até em espaços públicos, como praças e quadras de escolas municipais e estaduais. Vários desses centros de prática do esporte são administrados por militares da reserva remunerada da Marinha, Exército e Aeronáutica, além de policiais e bombeiros, explica o mestre.

O salvamento realizado pela Marinha que iniciou a relação do Brasil com os grandes mestres do Jiu-Jitsu
A relação entre os militares brasileiros e o Jiu-Jitsu começa lá na chegada dos primeiros mestres ao Brasil. Em 1908 um navio brasileiro, o Benjamin Constant, em sua viagem de instrução ao redor do planeta resgatou vários náufragos na costa japonesa, um deles seria o japonês Sada Miyako.
Por causa do salvamento os militares brasileiros foram efusivamente homenageados no Japão e às vésperas da viagem de retorno do navio ao país um dos náufragos resgatados se ofereceu para embarcar e participar da viagem. Já no retorno ao Brasil, a bordo do Benjamim Constant e sempre junto com seu discípulo M. Kakihara, o mestre Sada Miyako teria aplicado as primeiras aulas da modalidade, que no ano seguinte passou a ser ensinada na Escola Naval e em outras organizações militares da armada.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar