Índia e Paquistão possuem uma rivalidade histórica de mais de 75 anos. Três guerras já foram travadas entre os dois países vizinhos. Agora, uma disputa pela água ameaça desencadear o próximo grande conflito na Ásia. A Índia teria interrompido o fluxo do rio Indo para o Paquistão. Esta ação viola um dos tratados mais importantes da região, o Tratado das Águas do Indo de 1960. A resposta do Paquistão foi clara: considera a medida um ato de guerra.
Ação da Índia ameaça Tratado das Águas do Indo de 1960
O Tratado das Águas do Indo foi assinado em 1960. Sua negociação contou com a mediação do Banco Mundial. Ele é reconhecido como um dos acordos internacionais de partilha de recursos hídricos mais duradouros do planeta. A alegada ação da Índia corta água do Paquistão, violando este importante acordo e elevando as tensões.
Para o Paquistão, o sistema do rio Indo não é apenas essencial, é uma questão de sobrevivência. Cerca de 80% dos agricultores paquistaneses dependem diretamente dessas águas. Eles são responsáveis por cultivar aproximadamente 16 milhões de hectares. Impressionantes 93% da água do Indo são direcionados para a irrigação no país. Essa irrigação sustenta a base da agricultura nacional, viabilizando cultivos chave como trigo, arroz, cana-de-açúcar e algodão.
Ao todo, mais de 237 milhões de pessoas vivem na bacia do Indo. O Paquistão responde por 61% dessa população. Usinas hidrelétricas estratégicas paquistanesas, como Tarbela e Mangla, também dependem de fluxos constantes para operar. Este sistema hídrico vital contribui com quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) do Paquistão. Além disso, o país já figura entre as nações com maior estresse hídrico no mundo, e a disponibilidade de água por pessoa vem caindo rapidamente.
Ataque na Caxemira leva à decisão da Índia
A decisão indiana de interromper o fluxo de água teria ocorrido após um novo ataque em território indiano. O incidente aconteceu na disputada região da Caxemira. O governo da Índia responsabilizou militantes islâmicos baseados no Paquistão pelo atentado. Como resposta, a Índia decidiu adotar uma linha dura. Além das medidas de segurança e retaliação militar, veio a decisão de interromper o fluxo de água do rio Indo para o Paquistão. Segundo o governo indiano, seria uma forma de usar todos os recursos disponíveis contra aqueles que apoiam o terrorismo.
Do outro lado da fronteira, no Paquistão, a atitude indiana foi interpretada de outra forma. O gabinete do primeiro-ministro paquistanês foi categórico em sua resposta. Afirmou que qualquer tentativa de interromper ou desviar o fluxo de água será considerada um ato de guerra. A declaração também enfatizou que o país responderá com um amplo espectro de ações se a Índia insistir em violar o tratado. Em outras palavras, o Paquistão considera o controle da água uma linha vermelha, e a Índia estaria flertando com um conflito armado ao cruzá-la.
Potências nucleares à beira de um conflito hídrico
Esta não é a primeira vez que a água se torna um ponto central na rivalidade entre Índia e Paquistão. Nos últimos anos, a Índia já havia ameaçado cortar ou desviar parte da água como forma de pressão. Contudo, nunca antes uma medida tão concreta, como a interrupção do fluxo, havia sido tomada. A decisão atual marca uma escalada perigosa na disputa.
Em uma região com forte dependência agrícola, qualquer desvio significativo do fluxo do rio pode gerar crises humanitárias e econômicas sérias no Paquistão. Para muitos analistas, a “guerra da água” já pode ter começado, mesmo que sem o uso de armas convencionais ainda. É fundamental lembrar que tanto a Índia quanto o Paquistão são potências nucleares. Qualquer conflito direto entre os dois países levanta um alerta vermelho para toda a comunidade internacional devido ao risco catastrófico envolvido.