A transformação digital chegou de vez à guerra. Em um movimento inédito e estratégico, a Marinha do Brasil formou sua primeira turma de militares especialistas em Doutrina Naval de Guerra Cibernética. O curso, realizado entre março e abril, marca o ponto alto de uma virada doutrinária que começou há menos de um ano com a criação de um esquadrão dedicado exclusivamente a combater ameaças digitais. A guerra moderna agora também se trava com cliques, códigos e redes protegidas.
Formação inédita
O curso especial, realizado na Escola de Inteligência da Marinha (EsIMar), durou quatro semanas e preparou os militares para atuar com estratégias cibernéticas em operações navais e conjuntas.
Foram abordadas doutrinas como a de Segurança da Informação e Comunicações (DSIC), o emprego das capacidades cibernéticas nos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais e a integração com o Exército e a Aeronáutica.

Núcleo e esquadrão cibernético
A formação dos primeiros especialistas é consequência direta da criação do Esquadrão de Guerra Cibernética (EsqdGCiber), instituído pela Portaria nº 107/MB/MD, de 29 de maio de 2024. A nova organização tem sede em Itaguaí (RJ) e é subordinada ao Comando Naval de Operações Especiais.
Segundo a portaria, o esquadrão tem como missão contribuir para a condução das ações cibernéticas da Marinha. Para isso, conta com apoio logístico da Base de Submarinos da Ilha da Madeira e um núcleo de implantação já em operação.
Doutrina e pensamento estratégico
Muito além da técnica, o curso na EsIMar tem foco na formação de líderes com visão crítica e estratégica. Os formandos agora estão aptos a conduzir operações táticas e orientar equipes, consolidando a Guerra Cibernética como um novo campo de atuação da Marinha.
Capacitação conjunta
O movimento é nacional. Em julho de 2024, a Escola Nacional de Defesa Cibernética, em Brasília, formou 20 oficiais do Estado-Maior da ativa após um curso intensivo de 110 horas.
Jogos de guerra e doutrina integrada
Esse processo de modernização inclui ainda os tradicionais Jogos de Guerra AZUVER, que em sua 34ª edição reuniu mais de 450 oficiais das três Forças. O exercício, realizado entre outubro e novembro, reforçou a interoperabilidade e testou cenários reais de combate moderno.
Vanguarda digital
A Marinha do Brasil se junta às grandes forças navais do mundo ao institucionalizar a doutrina cibernética. A EsIMar passa a ser um centro de excelência e a guerra digital, um dos pilares da estratégia nacional.
Fonte: Defesa em Foco