A guerra silenciosa entre gigantes da aviação militar ganhou um novo capítulo em 2025, e desta vez, a derrota da Lockheed Martin no programa mais ambicioso da Força Aérea dos Estados Unidos não foi o fim da linha, mas o início de uma estratégia audaciosa.
A decisão do governo norte-americano de escolher a Boeing para desenvolver o caça de sexta geração F-47, dentro do projeto Next Generation Air Dominance (NGAD), causou um abalo no setor. Mas a Lockheed Martin decidiu seguir um caminho inesperado: lançar uma versão aprimorada do F-35, com capacidades inéditas e foco em tecnologias futuristas, batizada informalmente de “quinta geração plus”.
Um “F-35 Ferrari”: a resposta ousada da Lockheed
De acordo com a matéria produzida pelo portal ‘‘Poder Aéreo”, durante uma teleconferência com investidores no início de 2025, o CEO da Lockheed Martin, Jim Taiclet, foi direto ao ponto. Ele revelou que a empresa recebeu um briefing exclusivo da Força Aérea dos EUA explicando as razões da escolha da Boeing.
Com base nesse feedback estratégico, a Lockheed anunciou que usaria as tecnologias já desenvolvidas para o NGAD em uma versão ultra-avançada do F-35, com a promessa de entregar 80% das capacidades do futuro F-47, mas pela metade do custo.
Taiclet descreveu o novo projeto como “transformar o chassi do F-35 em uma Ferrari”, destacando o uso de sensores de longo alcance, sistemas de rastreamento de nova geração, armamentos inteligentes e camuflagem furtiva ainda mais sofisticada.
De projeto descartado a plataforma futurista
Apesar de ter perdido a corrida pelo caça de sexta geração, a Lockheed Martin parece ter entendido que ainda há muito espaço entre o presente e o futuro do poder aéreo.
O plano da empresa é posicionar o “F-35 Plus” como uma ponte confiável entre os atuais caças de quinta geração e as plataformas NGAD que devem começar a operar apenas na década de 2030.
Além disso, as atualizações planejadas serão compatíveis com o já existente programa Block 4 do F-35, que contempla melhorias como radares AESA modernizados, comunicações criptografadas, sensores multifuncionais e suporte a novos mísseis de longo alcance.
Essas inovações já estão sendo testadas e podem ser integradas à frota atual de F-35s em operação por dezenas de países, o que transforma a nova versão em uma alternativa globalmente viável.
Estratégia pragmática: manter o mercado e a influência
Mesmo com o impacto da derrota no NGAD, a Lockheed Martin optou por não protestar oficialmente contra a escolha da Boeing, decisão que surpreendeu analistas de defesa.
A empresa preferiu manter uma boa relação com o Departamento de Defesa e preservar seu protagonismo em outros programas estratégicos, como os do caça F-22 Raptor, sistemas não tripulados e projetos de defesa aérea de nova geração.
Com isso, a Lockheed garante sua permanência como fornecedora-chave em um mercado altamente competitivo, com contratos bilionários em curso e parcerias internacionais consolidadas.
Produção em alta e expectativa renovada
Apesar dos atrasos na entrega do pacote de atualização TR-3 (Technology Refresh 3), que tem sido um desafio logístico para o programa F-35, a Lockheed Martin manteve suas projeções de produção para 2025.
A meta é entregar entre 170 e 190 unidades do F-35 até o final do ano, com uma carteira de pedidos que ultrapassa 360 aeronaves, incluindo pedidos de países europeus, asiáticos e da OTAN.
Essa demanda crescente é uma das razões pelas quais a empresa acredita que o “F-35 quinta geração plus” encontrará amplo mercado, especialmente entre aliados dos EUA que não poderão arcar com os custos do F-47 futurista.
A era dos caças modulares e adaptáveis
O novo projeto da Lockheed Martin reforça uma tendência cada vez mais presente nas forças armadas modernas: a de desenvolver plataformas modulares, com capacidade de receber atualizações tecnológicas constantes.
Ao transformar o F-35 em um vetor de inovação contínua, a empresa pretende manter sua relevância até mesmo após a chegada dos caças de sexta geração, aproveitando a base instalada global e reduzindo custos com reaproveitamento estrutural e de software.
Esse conceito de modularidade também reduz o tempo necessário entre o desenvolvimento e a implementação de novas capacidades, algo crucial diante da rápida evolução das ameaças globais.
Reação do mercado e expectativas para o futuro
A proposta da Lockheed Martin recebeu atenção imediata de analistas e investidores, que viram na estratégia uma forma inteligente de manter presença dominante mesmo após uma derrota.
A versão “quinta geração plus” do F-35 deve começar a ser detalhada tecnicamente ainda em 2025, com os primeiros protótipos estimados para 2026.
Caso as promessas de custo reduzido e alta performance se confirmem, o novo caça poderá não apenas se tornar o principal produto da Lockheed nos próximos anos, como também preencher uma lacuna importante no mercado de defesa internacional.