Exército forma primeira piloto de helicópteros da história da Força
Por incrível que pareça, só agora, em pleno 2025, o Exército Brasileiro formou sua primeira mulher piloto de helicópteros. O dia 11 de abril entrou para a história com a 1º Tenente Emily Braz, que quebrou mais um muro e decolou como símbolo da abertura feminina em uma das áreas mais desafiadoras da carreira militar.
O feito foi celebrado com toda a pompa em Taubaté (SP), no Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAvEx). Estiveram presentes no evento o Comandante do Exército, General de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, além de oficiais-generais, representantes das Forças Armadas e autoridades dos três Poderes.
De acordo com o General Tomás, “[hoje] celebramos a formação da primeira mulher piloto da Aviação do Exército, sem dúvida um marco, que prova a integração das mulheres em todas as linhas do Exército”.
Quem é a Tenente Emily Braz?
A gaúcha de Santana do Livramento, de 24 anos, já vinha abrindo caminhos antes mesmo de voar. Emily integrou a primeira turma de oficiais femininas formadas na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em 2021. Emily iniciou sua trajetória em 2017, na Escola Preparatória de Cadetes (EsPCEx).
O sonho de voar nasceu durante uma missão de suprimento aéreo, em 2020. Posteriormente, ganhou força com um gesto simbólico de um piloto veterano, que pediu que ela entregasse seu distintivo de aviação no CIAvEx — uma missão que ela abraçou com determinação.
“Desde então, fiz de tudo para entrar nesse curso”, contou a Tenente. De acordo com Braz, “é uma grande honra e também uma responsabilidade enorme ser a primeira piloto da Aviação do Exército e representar o sonho de tantas mulheres que desejam se tornar pilotos.”
Agora, Emily vai servir na Base de Aviação de Taubaté, abrindo o caminho para que outras mulheres também possam alçar voos no Exército Brasileiro.
Sobre o curso: não é para qualquer um (ou uma)
O Curso de Piloto de Aeronaves (CPA) dura 63 semanas e exige um desempenho físico, técnico e emocional de altíssimo nível. São:
- 1.400 horas de voo real,
- 426 horas em simuladores,
- Treinamentos com óculos de visão noturna,
- Estágios de voo por instrumentos, pilotagem tática e até viagens de navegação em cenários simulados de combate.
De acordo com o instrutor-chefe do curso, Major Cadime, o grau de exigência é altíssimo. “Os candidatos passam por rigorosa seleção psicológica e de saúde, e o nível de dificuldade cresce a cada etapa. Formar uma nova turma é motivo de orgulho e realização para todos nós”, disse.
Mas e as polêmicas?
Sim, não dá para ignorar que a presença feminina na linha de frente do Exército ainda causa incômodo em alguns círculos conservadores dentro e fora da tropa. Há quem questione a “capacidade física” de mulheres para funções operacionais, embora os critérios de avaliação sejam os mesmos para todos. Emily teve que superar obstáculos não apenas técnicos, mas também culturais — e venceu com méritos.
Além disso, o ritmo de inclusão de mulheres na Aviação do Exército ainda é lento. Emily é a única mulher entre os 14 formandos da turma 2024/2025. Enquanto isso, na Força Aérea Brasileira e na Marinha, as mulheres já vêm pilotando aeronaves há mais tempo — o que levanta questionamentos sobre o porquê de o Exército ter demorado tanto.
Um marco — mas não o fim da jornada
A história da 1º Tenente Emily Braz não é só dela. É de todas as mulheres que ousaram sonhar com o cockpit em um ambiente dominado por homens. É também um recado claro de que a Aviação do Exército está mudando — ainda que aos poucos.
Que o voo da Emily inspire outras cadetes, alunas da EsPCEx e até jovens civis a acreditarem que nenhum uniforme, cabine ou missão está fora do alcance de uma mulher determinada.