O crescente desdobramento das discussões sobre a tecnologia 5G na Colômbia tornou-se um tema de intensa discussão e preocupação entre militares, especialmente em relação à segurança nacional e à proteção contra possíveis ameaças cibernéticas. As potenciais vulnerabilidades associadas ao uso de tecnologia fornecida por empresas chinesas estão no centro do debate, espelhando o que já ocorre nos EUA, iluminando as complexidades de adotar uma tecnologia tão avançada num cenário global muito tensionado.
Recentemente, a revista “Diálogo”, ligada às forças armadas dos EUA, publicou um artigo criticando a adoção da tecnologia 5G gerenciada por entidades chinesas na América Latina, com um foco particular na Colômbia. O artigo aponta para a legislação chinesa que obriga as empresas a cooperar com o governo em atividades que podem comprometer a segurança internacional e a privacidade dos dados.
Legislação Chinesa e Riscos para a Segurança Cibernética
Carlos Augusto Chacón, diretor executivo do Instituto de Ciência Política Hernán Echavarría Olózaga, destacou em entrevista, mencionada no artigo da Diálogo, que as leis chinesas criam uma obrigação para as empresas de tecnologias críticas, como as redes 5G, de cooperar com o governo chinês. Essa cooperação pode, na sua visão, incluir atividades que comprometem a privacidade e a segurança dos dados de outros países, aumentando o risco de espionagem e interferência governamental chinesa.
O relatório recente do mesmo instituto detalha leis específicas como a Lei de Inteligência do Estado (2017), a Lei de Segurança do Estado (2015) e a Lei das Empresas (2013), que reforçam o controle do Partido Comunista Chinês sobre as operações corporativas e reduzem a independência das empresas em relação ao governo.
Desafios Técnicos e a Necessidade de Consciência em Segurança Cibernética
A tecnologia 5G, ao usar um espectro de frequência mais amplo e conectar mais antenas e dispositivos, amplia significativamente a exposição a interferências, espionagem e ataques cibernéticos. Revistas especializadas, como a “Cyber War” dos EUA e a “Semana” da Colômbia, ressaltam que, embora o 5G ofereça benefícios como velocidades de conexão mais rápidas, ele também apresenta riscos substanciais que podem ser explorados por criminosos cibernéticos para realizar atividades ilícitas como roubo de dados.
Mauricio Arias Fernández, da PwC-Colômbia, enfatiza a importância da educação e da conscientização sobre segurança cibernética. Ele sugere que, além da preocupação com a segurança dos dados, é vital estar atento ao manuseio dessas informações para prevenir o uso não autorizado e o roubo de dados confidenciais.
Políticas Nacionais e Internacionais para Combater os Riscos
Para enfrentar esses desafios, Chacón sugere a necessidade urgente de definir uma estrutura para cooperação internacional e participação ativa em redes de especialistas em segurança cibernética. Além disso, é essencial que a Colômbia invista em programas de formação sobre segurança cibernética para operadoras de telecomunicações, entidades governamentais e o público em geral.
Um estudo da Canalys destaca que a Colômbia é um mercado atraente para fabricantes de telefones móveis, muitos dos quais são de origem chinesa. Chacón aponta para a necessidade de garantir a diversificação de fornecedores para evitar dependência de uma única fonte para componentes críticos da rede 5G. A estratégia sugerida é investir no desenvolvimento de tecnologias locais para diminuir a dependência de fornecedores estrangeiros e garantir a independência e confiabilidade na gestão de informações e dados.
“É necessário garantir a diversificação de fornecedores, a fim de evitar a dependência de um único fornecedor para componentes críticos da rede 5G, buscando diversificar as opções tecnológicas disponíveis”, enfatizou Chacón. “Deve-se dar prioridade a investimentos que contribuam para o desenvolvimento de tecnologias locais […], para reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros, especialmente aqueles que são questionados internacionalmente ou que geram problemas em relação à independência e confiabilidade para o gerenciamento de informações e dados, tanto de redes quanto de servidores e da nuvem.”
Revista Sociedade Militar