Militares, prejuizos em esquemas Ponzi. (De colaborador){jcomments on}
Na medida em que os vencimentos dos militares perdem poder de compra, alguns buscam formas alternativas de ganhar dinheiro, o que os torna ainda mais susceptiveis a "negócios" e métodos que, supostamente, lhes renderiam algum dinheiro extra sem a necessidade de algum vínculo empregatício. Recentemente fui testemunha de algumas decepções com três “sistemas” que se tornaram febre: Mister Colibri e Zeek Rewards e My Travel and Cash, este último em menor incidência. Conheço várias pessoas que realizaram empréstimos e “investiram” nessas empresas, julgando que receberiam o seu dinheiro multiplicado em algumas dezenas de vezes. Poucos ganharam algum dinheiro, alguns perderam pouco e muitos perderam muito.
Pessoalmente adverti em particular alguns, com muito cuidado – pois estavam realmente convencidos que era algo lucrativo, e tinham as melhores intenções possíveis – mas o que consegui foram apenas alguns momentos de semi-atenção, pois as reuniões frequentes das empresas, com toda pompa, trajes a rigor e a apresentação de pessoas que enriqueceram com os sistemas, já tinham realizado a lavagem cerebral, inclusive com as costumeiras menções do tipo: “vão te criticar, mas depois vão ver o seu sucesso”.
Recentemente algumas pessoas que conhecemos têm percebido um aumento no recebimento de emails chamados de “ação entre amigos” ou “ganhe sem investir nada”, supostamente enviados por militares da reserva, que sugerem um cadastramento em sites e depósitos em contas de desconhecidos, o que logo te proporcionará lucros e riqueza fácil. Ora, quem é que paga a conta se nada está sendo comercializado? A maioria dos economistas e especialistas no assunto considera isso uma falácia, mais uma falcatrua.
A Mister Colibri.
A “empresa” prometia dinheiro fácil realmente, bastava assistir alguns minutos de vídeo retirados do YouTube. Cansei de dizer aos “investidores” que os vídeos eram antigos, e de empresas de renome internacional, que nada tinham que ver com a tal Mister Colibri, portanto não havia lógica financeira em pagar de novo para alguém assisti-los, haja vista que eram campanhas veiculadas publicamente, quem pagava então só podia ser os “novos convertidos”, mas não adiantavam os avisos. Eles diziam que o sistema estava em teste e quando chegasse a um milhão de associados a empresa seria contratada pelos grandes anunciantes do Brasil, por ser a única a ter um público cadastrado e selecionado, apto a analisar as campanhas veiculadas.
"Ganhe dinheiro assistindo a vídeos na internet". Foi frase isca do site Mister Colibri para atrair associados. A promessa é que cada um receba US$ 20 por semana apenas por assistir a um minuto e meio de propaganda. Para isso, basta pagar uma taxa anual de US$ 299 (cerca de R$ 600) para começar a receber os rendimentos. O próprio site faz a conta: A remuneração era de US$ 960 (R$ 1.920) – rendimento de 220% ao ano, ou mais de 18% ao mês.
A empresa aparentemente não metia a mão no próprio bolso para pagar ninguém, "pagava" seus associados em “LPs”, um tipo de moeda virtual que era vendida pelos associados antigos aos novos associados, e assim transformada em dinheiro real. Vi alguns oficiais, sargentos e cabos entrando nesse esquema. Mesmo percebendo o risco que corriam, e tendo advertido alguns, como ja mencionei, respeitei sua posição. Afinal, eles tinham o direito até de ser enganados, achei que seria algo rápido. E Foi.
Um belo dia a Mister Colibri anunciou que resolveu, após uma série de denúncias, reduzir a margem de lucro de seus “associados” e ligar o sistema a algum produto físico, palpável. Os sócios que conheço ficaram eufóricos, chegou a hora de enriquecer mesmo, pensaram. Mas a decepção logo veio, o material não era tão bom, e muito menos os preços. Um tablet, segundo me mostraram, custava muito mais do que no mercado normal, enquanto a empresa não respondia mais os e-mails e nem pagava corretamente as tais LPS. Logo veio a tona uma enxurrada de denúncias. Os “associados” que conheço deixaram o sistema de lado e não querem mais falar sobre a empresa. Hoje o assunto é certo tabú. Afinal, ninguém gosta de contar desvantagem.
A Zeek Rewards
Na época havia uma espécie de concorrência, os “colibrianos” contra os da Zeek. Como a Zeek era uma empresa radicada nos Estados Unidos ela tinha uma certa áurea de superioridade, afinal, pagava em dólares, e também dizia-se que um oficial superior não sei de onde era um dos “grandes”. “_O cara já tem mais de 120.000 dólares de lucro” dizia um eufórico associado. Mas os colibrianos continuavam por ali, não desistiam. A essa altura os pagamentos das tais LPs já falhava, mas eles aguardavam o “grande dia” em que a empresa lançaria seus produtos, e alguns investiam nas duas empresas, afinal – pensavam – quanto mais dinheiro melhor.
“__O que vem a ser essa tal de ZeekRewards?” Perguntava alguém a um associado.
“_Ora, é um leilão de centavos. Você é meu amigo, e eu quero que também ganhe dinheiro com isso.” Respondia o investidor, com uma cara de quem já era experiente em negócios desse tipo, com movimentações em dólar, taxas de câmbio etc.
A chamada da ZeekRewards era essa: “A ZR Brasil é um Sistema de Inicio Grátis, nela você já começa com um bônus de USD$ 100,00 dólares no saldo (emprestados pela empresa para seu inicio), depois de 2 meses você devolve este emprestimo pois você já terá ganho UDS $250,00 dólares, e o resto se transforma em pontos vip pra você poder retirar ganhos diariamente. Aqui vemos como fazer sua adesão como membro FREE com possibilidades de lucro em 2 meses, e aqui se recebe em dólar via Payza ou banco Solid Trust Pay. Entrar em uma empresa do tipo S.I.G significa poder pagar suas contas pra poder gerar mais lucro dentro da empresa usando o próprio dinheiro da empresa. A ZR Brasil não é uma empresa sem adesão, a adesão mínima custa USD $10,00 dólares, e vai até $ 99,00 dólares. Mas você pode começar completamente de graça e em cerca de dois meses já alcançar USD$ 150,00 dólares para usar este valor pra alcançar outros lucros maiores.”
Muita gente caiu nesse papo, que na verdade era uma proposta sincera por parte dos investidores, que também não passavam de meras vítimas da empresa norte-americana que angariou milhões de dólares de “associados” ávidos por transformar seus poucos reais em milhares de dólares. A Zeek, diferente de seus concorrentes também de esquemas ponzi, tinha um diferencial, que enganou muita gente. A empresa realmente comercializava mercadorias nos EUA, por meio de leilões de centavos. Ocorre que os lucros recebidos pelos investidores eram exorbitantes, impossíveis de pagar em um processo normal de negociação. Portanto, quem pagava a conta eram os próprios novos investidores, inevitavelmente o esquema iria ruir, pois se parasse de entrar pessoas gradualmente todos perderiam seu dinheiro.
Passaram-se cerca de dois meses e o governo norte americano fechou a ZeekRewards, conforme foi noticiado aqui em primeira mão, muitos militares das forças armadas, policias e bombeiros perderam dinheiro.
Quem quiser tentar receber de volta seu investimanto na ZeekRewards pode usar o formulário disponiblizado pelo governo dos Estados Unidos, um juiz vai analizar o pedido e, se for o caso, efetuar o ressarcimento. Clique aqui para preencher o formulário.
| Denúncia nos EUA: "(…) Réus violaram e, a menos ordenado continuará a violar as disposições antifraude e títulos de registo dos títulos federais leis. Salvo impedimento e intimados, os réus são propensos a se envolver no futuro violações das leis federais de valores mobiliários. Assim, a Comissão (A) procura para preservar fundos de investidores através de um congelamento de bens, (B) procura ordens (i) para uma contabilidade, (ii) que proíbe a destruição de documentos e (iii) nomeação de um receptor temporário sobre os bens dos réus, e (C) busca preliminar e injunções permanentes, com juros pré-julgados e sanções civis contra cada um dos réus". |
Agora a febre nos quartéis é a TelexFree, com um pouco menos de pessoas alcançadas, haja vista a decepção causada pela ZeekRewards e Mister Colibri.
O serviço de inteligência do Exército Brasileiro, ainda em 2012, preocupado em preservar o patrimônio dos militares, publicou uma cartilha de prevenção de golpes. É ostensiva, e pode servir como base para prevenção contra esse tipo de ação, já recorrente e com poucas variações.
Robson A.Silva.
https://sociedademilitar.com.br
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