SEMANA FARROUPILHA (OU) FESTIVAL DA FANFARRICE ?

SEMANA FARROUPILHA (OU) FESTIVAL DA FANFARRICE ?{jcomments on}

A TESE QUE ora sustento certamente não será do agrado  da grande massa dos “tradicionalistas” gaúchos. A verdade nem sempre agrada. Resume-se ela em sustentar que ao invés de ORGULHO ,atualmente a semana farroupilha deveria ser motivo de VERGONHA para esse povo. Conheço mais ou menos de perto a sua história.

 A pretexto de ressaltar os feitos farroupilhas de 1835, em 1947 um grupo de estudantes do Colégio Júlio de Castilhos,de Porto Alegre,liderados por Paixão Côrtes, ”furtou” uma fagulha da chama alusiva à “Semana da Pátria brasileira”,em 7 de setembro. Levaram-na para em seguida ela dar origem à “chama crioula”,alusiva aos feitos farroupilhas. Tive a honra de cultivar  a amizade de um desses estudantes-cavaleiros,o Dr.Cilço Campos,que era o  que  naquele momento transportava a chama, da “Pira da Pátria brasileira,até a “Pira da Pátria Farroupilha”. Durante esse trajeto, o seu cavalo escorregou e um dos cavaleiros teve a perícia de “pegar no ar” o bastão da chama,antes que caísse ao chão. Foi na rua da Conceição,em PA. Eu era um “guri” e  ele foi meu dentista na sua competente vida profissional. Outra coincidência,que me orgulha: também estudei no “Julinho”,como Paixão e Cilço,onde fiz o “clássico”.

Mas na verdade esses foram os últimos acontecimentos condizentes com a bravura farroupilha,que “deram-de-relho” nos imperiais durante uma década,apesar da gritante inferioridade de forças.

A partir daí,a Semana Farroupilha passou a ser um teatro barato, onde muito se “garganteia” e nada se faz nem mesmo parecido com o que fizeram os farrapos. Tomar chimarrão, andar pilchado, comer churrasco,andar a cavalo, falar à moda “gaudéria” e prosear mil besteiras, nada tem a ver com os feitos farrapos. Quando se toca no assunto de repetir o feito farroupilha, mesmo que agora pacificamente, pelas vias democráticas, e com base no direito de autodeterminação dos povos, esses “valentões” fogem do assunto como o diabo foge da cruz. São “eles”, portanto, meros “cordeirinhos” de uma pretensa “cláusula pétrea” constitucional que nunca poderia se opor ao direito de soberania de um povo. Mas esses “festejos” são admirados e respeitados tanto pela maioria dos atuais gaúchos, quanto pelos povos de outras regiões. A postura da “oficialidade”, ou seja,das autoridades políticas, chega a ser de um orgasmo intelectual. Também prestigiam os eventos farroupilhas. Chegam a ir aos palanques  oficiais com “pilcha” e  tudo o mais. Mas pergunto-lhes: os que esses “caras” estão fazendo ali ? Festejando a tal de “Paz de Ponche Verde” ? Ou os feitos farroupilhas?

A  propósito desse “acordo” de paz entre os farrapos e os imperiais, em 1845, tenho-o como NULO. Foi feito na exaustão farroupilha, quando não havia mais chances de prosseguir nos embates bélicos, tamanha a superioridade imperial. Além do mais questiono a capacidade representativa dos que assinaram o acordo em nome dos farroupilhas. Se não  eram os legítimos representantes, também não pode ser validade a dita “paz”. É NULA, portanto,por dois motivos: (1) Feita sob vício de consentimento que torna o ato jurídico ineficaz e, (2) assinada por uma representação farroupilha sem poderes.

Mas existiria “justiça” com coragem e sabedoria suficientes  para enfrentar essa discussão ? Se “eles”mostraram  incapacidade para julgar o tal de “mensalão”,o que não dizer de uma causa em que  enfrentariam não só o direito do “feijão-com-arroz”, porém  direitos de alta indagação,como os subjetivos públicos,das gentes,direito natural,teorias que presidem o direito de nascimento de novos países,teorias estas que UNÂNIMEMENTE agasalham o direito de independência do Rio Grande, agora buscando esse objetivo unido aos outros dois Estados-Membros do SUL (RS,PR e SC)?

Nova Bréscia, cidade gaúcha onde se realiza anualmente o “Festival da Mentira”,deveria tomar precauções a fim de não ser roubado o título do seu famoso festival pelo Estado do RS,com sua “Semana Farroupilha”. É difícil apontar a razão, mas  apesar de todas as suas inegáveis qualidades, o gaúcho tem uma atração “cósmica”pela mentira.

Refuto, veementemente, qualquer insinuação  de que a crítica deste artigo à semana farroupilha estaria fazendo coro com a flagrante perseguição à cultura gaúcha, encabeçada por “intelectualóides” de plantão na imprensa gaúcha e pelos próprios membros do Partido dos Trabalhadores, acampados no poder estadual, e ”vassalos” da sua cúpula nacional.  “Eles” sempre colocam o Rio Grande em segundo plano, inclusive na tentativa de desmoralizar a sua cultura, invariavelmente defendendo as correntes que ligam nosso Estado à Brasília, origem de todos os males políticos brasileiros.

Sérgio Alves de Oliveira

Sociólogo, Advogado, Membro do GESUL-Grupo de Estudos Sul Livre

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Sociedade Militar