Ingratidão. De André Alvares.

Olá, boa noite! Elaborei um simples texto como homenagem ao cinquentenário da Revolução de 1964.
Espero que a Família Militar goste. Intitula-se "Ingratidão".
"Ingratidão".
Por um instante, menino, deixe-me te falar por um pouco. Vais à escola? Que bom! Mas veja aqui, repara em minhas cãs o quanto já me são brancos os cabelos e mais ainda enrugada a face que um dia fora lisa e vivaz.
Note as minhas mãos, veja tu mesmo, já me são trêmulas o bastante para que me socorra este cajadinho mal arranjado. Não! Não te preocupes comigo, menino. É certo que em breve morrerei como morrem um dia todos os homens.
Pressinto que seja hoje ou amanhã logo bem cedo. Não é assim o destino de todas as coisas? Pois então, não ligues para mim, nem corras ao meu socorro, deixe que se cumpra a natureza em si mesma. Alguns (que trágico!), creem-se imortais… {jcomments on}
Nada mais bizarro! Contudo quero falar-te por um pouco. Qual é, de fato, tua primeira aula de hoje? Ah! Sim! História? Então menos problemas terás.
Te contarei uma verdadeira história. Corres, entretanto, o risco de perder em tuas provas, mas ganharás a verdade. Que achas dessa troca? Pois então. Senão a força do amor que une o espírito ao seu Criador, nenhuma outra será tão grande e mais bela do que aquela que une os filhos ao torrão que um dia os viram nascer.
Dessa mística misteriosa formam-se as nações e os povos e, desse modo, homens morrem por amor à pátria. Sim, filho, por amor à pátria muitos morreram. Foi assim no Egito, na Babilônia, na Pérsia. Ainda é assim hoje.
Ninguém vai à guerra matar (veja daí quanta confusão fazem!), vai-se à guerra morrer. Morrer pela história, pelos costumes, pelas riquezas que une a carne à terra numa simbiose mágica e estranha. Morre-se em terra alheia, sangra-se igualmente em seu próprio chão. Foi assim em 31 de março de 1964. Contaram-te dessa história? Provável que sim! Contaram-te dos seus heróis? Provável que não! Eu estava lá, filho! Lembro-me como se ainda fosse ontem… Tu não estavas, é tão novinho o teu rosto! Sabe-se apenas de ouvir falar. Eu sei, e desde já te alerto, que a verdade é filha bastarda do poder, mas filha legítima da história.
Ainda que a sufoquem hoje, não triunfarão os mentirosos, ela é imortal como a luz e há de renascer das cinzas, vingar-se á dos seus algozes. Dizem, menino, que neste dia houve um golpe e que militares dotados de força e intransigência expulsaram o legítimo governante e se puseram em seu lugar. Sente-se aqui, filho. Meu tempo agora ainda me é mais reduzido. Reduzir-te-ei também a explicação. Veja! É mentira isso que te contarão na escola. Haviam duas forças, amiguinho, a do bem e a do mal. Simples como dois mais dois são quatro.
A do bem queria a liberdade, a democracia. A do mal queria submeter o Brasil ao jugo comunista, como fizeram, aliás, na Rússia e na China, no Vietnã e em Cuba. Por lá mataram milhões, roubaram-lhes tudo, mais ainda a dignidade, saquearam-lhes os bens, mais ainda a alma; foi, indubitavelmente, a maior degradação humana desde o começo do mundo. Queriam, filho, manchar nossa bandeira, tingi-la de um vermelho imundo sob a égide da opressão e do desrespeito desenfreado. Lembra dos militares de que te falei a pouco?
Pois então, foram eles, meu menino, que arraigados daquela força mística, patriótica, irromperam contra os comunistas e os expulsaram de nossas cidades e de nossas vidas. Chamam-lhes hoje de ditadores! Não te pareces estranho tal inversão de valores? Salvaram o Brasil e hoje inventam um patíbulo de enganos para desnudar-lhes a moral e o valor. Tu não deixarás. Veja! Segue o teu caminho.
Chegarás no momento final da tua aula e se ainda tiveres tempo, à pergunta do teu professor, responda-lhe com cinco: Que ditadura é essa onde houve cinco presidentes, diferente de Cuba, onde um ditador controla tudo há 55 anos? Que ditadura é essa que não violou o direito de propriedade como fizeram no Vietnã e na Coreia do Norte?
Que ditadura é essa que respeitou as liberdades individuais, diferente da China, que dizimou milhões? Que ditadura é essa que não violou a liberdade de culto religioso como fizeram na Rússia?
Que ditadura é essa que não perseguiu os seus cérebros como fizeram no Cambodja?
Essa “ditadura”, sim é verdade, livrou o comunismo de aumentar os seus 110 milhões de mortos… Se ele, por acaso, ainda assim te lançar objeções, não te desanimes, responda-o conforme Machado de Assis: “A ingratidão [professor] é um direito do qual não se deve fazer uso” e então, filho, não tenhas medo, exclame por mim (Vês! Já me faltam as forças!): “Generais do Exército – Vivam para sempre!”
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Publicado por
Sociedade Militar