Clube MILITAR permanecerá como entidade apenas recreativa ou voltará a influir nos destinos do Brasil? O que podemos esperar daqui pra frente?

Clube MILITAR permanecerá como entidade apenas recreativa ou voltará a influir nos destinos do Brasil? O que podemos esperar daqui pra frente?

  Essa semana recebemos por e-mail o resultado das eleições para a diretoria do Clube Militar, que certamente expressam a posição da oficialidade do exército, associada à instituição, sobre o comportamento que esperam que o clube assuma daqui por diante. O índice de abstenção foi altíssimo.

  O Clube foi personagem essencial em vários momentos cruciais da política brasileira, seu posicionamento político diante do cenário nacional, observado por analistas políticos, é encarado por alguns como amostra do pensamento não só da reserva, mas também dos militares que estão na ativa. Em março desse ano reportagem do jornal O Globo chegou a dizer que a posição em relação a Comissão da Verdade estava no centro da campanha para a diretoria da instituição.

    Ha alguns meses o General Marco Felício, candidato à presidência da entidade (Chapa tradição, coesão e ação – 570 votos), publicou: A Instituição será maculada, violentada e conspurcada diante da leniência de todos aqueles que não pensam, não questionam, não se importam, não se manifestam… ” e “A imposição de apuração de pretensas torturas em unidades militares, durante a Contra-Revolução de 64, solicitada pela famigerada Comissão da Verdade, dilacera as entranhas das Forças Armadas (FFAA) e mostra falta de sensibilidade e de firmeza dos comandantes das Forças no exercício das lideranças respectivas… Nas ruas, a estupefação é geral com a passividade dos comandantes militares das Forças diante de tais agressões.”

“O Clube Militar… Deve se opor, fortemente, à propagação de uma nova e mentirosa estória que desonra as Forças Armadas e transforma heróis em bandidos e bandidos em heróis, apoiando, de todas as formas, os militares que combateram a subversão comunista.”

  Note-se que o General Marco Felício revela em seu texto que acredita que os comandantes militares padecem de falta de firmeza e que a sociedade está estupefata com a atual passividade destes. O mesmo general é o autor do manifesto chamado “eles que venham, por aqui não passarão”, endossado por centenas de generais e oficiais das Forças Armadas.

   O texto de Marco Felício, onde apresenta sua candidatura, evidencia ainda um quê de indignação com a suposta passividade do Clube Militar diante da intromissão governamental, que teria determinado a “despublicação” de texto conjunto dos três clubes congêneres.

“O Clube Militar é uma associação civil, não subordinada a quem quer que seja, a não ser a sua Diretoria, eleita por seu quadro social… Há vários anos que esta face do Clube está oculta. 

O General Fellício mostra logo na abertura de sua proposta que pretendia uma gestão ativa: ...“Contribuir para a defesa da Democracia e da Liberdade, traduzindo um País com projeção de poder e soberano, deve ser o nosso NORTE!”

   O Coronel Gobbo, também candidato, por outra chapa (Monte Castelo – 486 votos), publicou: “… É absolutamente indispensável que, no campo político, o Clube Militar reconsidere sua posição e se consagre decididamente à luta contra esse estado de coisas. A Diretoria que deve ser eleita neste ano tem que estar completamente consciente dessa necessidade, inteiramente ciente das responsabilidades e dos esforços implicados nessa decisão e perfeitamente preparada e competente para assumi-los. Os Comandantes das Forças Singulares estão exilados do poder. Cabe ao Clube Militar preencher esse vácuo e, no que estiver ao seu alcance, fazer aquilo que está fora do alcance deles. Deve combater e derrotar os esforços para desprestigiar as FFAA, como a comissão da calúnia, o acordo de solução amistosa, a revirada dos mortos em seus túmulos, a troca de nomes honrados e veneráveis por outros salpicados da lama da  traição à Pátria”.

   No seu programa de ação Gobbo dizia: “Nosso propósito é transformar o Clube em um verdadeiro porta-voz dos militares, de terra, mar e ar, tornando nossas sedes de lazer cada vez mais agradáveis para frequentar e recolocando o Clube na posição de poderoso protagonista da vida política nacional...  o Clube Militar tem que ter condições para mostrar claramente à sociedade brasileira, em particular à nossa juventude, os perigos embutidos no canto de sereia desses arautos do apocalipse”.

  Outra chapa (determinação – 360 votos), a do general Paulo Roberto Corrêa Assis, não apresentou postura tão impetuosa em relação à ação política quanto as anteriormente citadas. Contudo, tinha uma proposta que poder-se-ia chamar de inovadora, já que propunha uma solução política-democrática a médio prazo para as questões que afligem os militares. Tudo indica que o grupo, se vencesse, apoiaria candidatos militares no intúito de formar a tão sonhada "bancada militar" no Congresso. Assis declarou também que se Dilma recebe entidades como MST teria que receber também membros do clube militar. O Trecho mais interessante da proposta de Assis, dentro do foco tratado aqui, seria: “Buscar aglutinação da família militar no sentido de eleger representação nos três níveis do Legislativo, incentivando o direito cívico do voto através de uma mobilização pró-eleições a níveis Municipal, Estadual e Federal”.

   A chapa vencedora, Consolidar e Modernizar, chefiada pelo General Pimentel, aparentemente apoiada pela atual diretoria, recebeu 1023 votos, praticamente o dobro do que recebeu a chapa que ficou em segundo lugar. No texto de apresentação da chapa não percebe-se a impetuosidade e indignação notadas nos opositores, particularmente no General Marco Felício e no Coronel Gobbo. O texto é bastante moderado , com um viés que trata o clube mais como uma agremiação social e recreativa, sem ênfase à participação política, o que parece ser a aspiração da maioria dos sócios. 

"Acompanhar os grandes acontecimentos no País e o momento político nacional, expressando as posições do Clube, sempre que isso for recomendável."

   A palavra “acompanhar” precede quase todos os itens, mostrando uma disposição política mais cautelosa e observadora, diferente das outras chapas.

  Alguns trechos: Acompanhar os grandes acontecimentos no País e o momento político nacional, expressando as posições do Clube, sempre que isso for recomendável. – Acompanhar o trâmite da representação interposta pelos Clubes Militares junto ao Ministério Público Federal contra a parcial e revanchista Comissão Nacional da Verdade. – Criar um fórum permanente de debates sobre temas de interesse nacional, regional ou das Forças Armadas, com segmentos representativos da sociedade, com ênfase aos relacionados com a Amazônia;  Manter também o acompanhamento da Ação de Rito Ordinário movida pelo Clube contra a União Federal, declaratória da nulidade da Portaria do Ministério da Justiça que garantia a promoção ao posto de General de Brigada do desertor, terrorista e assassino Carlos Lamarca.

  Apesar de chefiar a chapa considerada mais conservadora, ressalte-se aqui que o General Pimentel foi signatário do polêmico Alerta à nação, um manifesto de oficiais contra a intromissão do governo em assuntos dos clubes militares.

Concluindo.

      Para aqueles que esperavam que já na próxima gestão o Clube Militar se tornasse um poderoso protagonista – influente no cenário político nacional – o resultado das eleições pode ter sido como um banho de água fria. Hoje mesmo, observando no site da instituição as belas palavras abaixo do estandarte do clube – soberania, unidade nacional e patriotismo – fica uma impressão, estranha é verdade, de que as mesmas estão dissonantes, de certa forma parece que não combinam muito com os eventos anunciados logo ao lado.

    Tudo indica que oficiais como o coronel Lício Maciel e o General Valmir Azevedo, bastante prestigiados por seu conhecimento e atuação na grande rede, preferiam uma gestão mais ousada. Maciel, defendendo o Coronel Gobbo, candidato pela chapa Monte Castelo, chegou a dizer que Gobbo era necessário para que o clube pudesse:  … "voltar a influir na vida política nacional e para defender os interesses da família militar".

    Ha algum tepo o general Valmir Azevedo disse que esperava que o Clube Militar proporcionasse algo mais que: {jcomments on} "tertúlias quiméricas e desfiles de moda, e que repitam as retumbantes posições do Clube em situações que se caracterizavam pela perda da soberania e ameaça à democracia nacional… Segundo o General Valmir, Lá, se podem disputar torneios de xadrez, jogos de pingue – pongue, natação, promover bailes, encontros literários, e outras amenidades para manter os sócios, em geral da reserva, numa redoma telúrica. É um similar dos jardins dos duendes e das sílfides."  Em Rev. Sociedade Militar.

    É obvio que os sócios tem o direito de escolher os rumos tomados pela instituição. Se desejam que o clube permaneça mais como um lugar de descanso e diversão do que como o poderoso ator político almejado por alguns – mais impetuosos talvez – é seu direito. Democracia é isso. Então, que assim seja.

Extratos de textos de ALERTA TOTAL, TERNUMA, Site do Clube Militar, O Globo

https://sociedademilitar.com.br

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Sociedade Militar