Forças Armadas

LUTO por três dias após MORTE do CORONEL Jarbas Passarinho

“Os perdedores… São as vozes preponderantes nos auditórios cativos das salas de aula, do secundário ao superior” Cel. J.Passarinho – 2002.

Governo do PARÁ decreta LUTO por três dias após MORTE do CORONEL Jarbas Passarinho

Jarbas Passarinho se reformou como CORONEL. Contudo, o sepultamento foi com honras normalmente prestadas para oficiais GENERAIS. O militar é considerado um dos maiores intelectuais das Forças Armadas.

O velório foi na Paróquia Militar do Oratório do Soldado, em Brasília, cidade onde morava. O enterro, com honras militares, ocorreu no fim da tarde, no cemitério Campo da Esperança, também em Brasília. Foram disparados tiros de fuzil e também de canhão. O corpo foi enterrado ao som de “Canção da Artilharia”, arma do Exército da qual o militar fez parte durante a carreira nas Forças Armadas.

Algumas décadas atrás este editor frequentava a Universidade Federal do Pará. Como militar da ativa, saltando de estado em estado, tentava concluir no período noturno uma faculdade. Era complicado, a maior parte de alunos e professores de humanas parece viver em uma utopia sem fim e o viés esquerdista, ainda que ilógico, predomina.

Um militar, na ativa, ciente do que realmente aconteceu no passado e sem temor de defender a verdade, incomodava bastante e vez por outra era contemplado com a antipatia de algum influente mestre.

A esmagadora maioria daqueles universitários, agora professores, que até hoje (como disse J.Passarinho) em suas salas de aula invocam ícones como Chê Guevara e Stalin – ignorando os verdadeiros grandes homens de nosso passado – sequer teve o trabalho de olhar para as placas de fundação da universidade e pavilhões, mesmo que estejam fixadas em locais por onde têm que passar todos os dias. Se olhassem veriam que o nome do Coronel Jarbas Passarinho figura como fundador em quase todas elas.

O texto abaixo, de autoria do ilustre militar recém-falecido, mostra quem ele era e o que pensava. Com toda certeza, além de nos anos 60 e 70 ter sido um dos protagonistas das ações que impediram nosso país de se tornar uma nação comunista, Passarinho, já em idade avançada, contribuiu muito ao estabelecer os fundamentos para o movimento anti-esquerda que a cada dia cresce no Brasil.

O Militar, ex-governador, ex-senador e ex-ministro da educação e cultura empossado por Médici para “causar um impacto na juventude brasileira“, ainda em vida foi homenageado, emprestando seu nome à algumas instituições de ensino.

A re-publicação do material abaixo, de 2002, fica como homenagem da equipe da Revista Sociedade Militar ao Coronel.

Jarbas Passarinho

No dia 31 de março passado, um repórter perguntou-me por telefone o que eu achava da nota do Exército a respeito da data. Não a havia lido.

Antecipei, porém, que uma ordem do dia é dirigida ao público interno e que um fato histórico deve ser relembrado. Leu-me ele um trecho da nota, que logo elogiei por vê-la serena, longe dos ditirambos à moda grega prenhes de paixão entusiástica. Ao contrário, o parágrafo que me foi lido é de um comedimento exemplar, mas pareceu-me que a pergunta do jornalista embutia desaprovação por ter sido a nota divulgada pela Internet. Paralelamente, informava-me que os partidos de esquerda haviam dado declarações frontalmente contrárias ao ocorrido em 1964.

Perguntei-lhe se se lembrara de ler os editoriais do seu próprio jornal sobre a data. Não lera, o que não surpreende.

Não faz muito, vi uma charge em jornal norte-americano. Dois idosos a conversar sobre a História. Um disse que cabia aos vencedores escrevê-la. “E o que cabe aos vencidos?”, indagou o outro. “Pedir desculpas”, foi a resposta… Entre nós, reescrevem-na os vencidos. Claro que desculpas não pedem; ao revés, exigem que as peçamos nós. São maniqueístas por conveniência: os comunistas encarnaram o Bem ao desencadear a luta armada; e os que os venceram foram o Mal. Vencedores são agora os que ganharam a batalha da comunicação. Dominam a mídia. São as vozes preponderantes nos auditórios cativos das salas de aula, do secundário ao superior.

Prevalece a inversão da verdade, mas a versão é desmentida pelos grandes jornais dos idos de março de 64. Releiam-se os seus contundentes editoriais, ora bradando contra a desordem social e econômica, ora insurgindo-se contra a ameaça comunista, no auge da expansão das guerras revolucionárias da guerra fria. O Correio da Manhã, prestigioso jornal do Rio de Janeiro, no dia 31 de março de 64 clamava: O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora Basta.” E logo no dia seguinte: “Só há uma coisa a dizer ao sr. João Goulart: saia!” Não era o único. Toda a grande imprensa, exceto a Última Hora, batia na mesma tecla rebelde.

Em 13 de março houvera o comício da Central do Brasil, no Rio. Fartos cartazes vermelhos com foice e martelo exigiam a legalização do Partido Comunista; o ardor revolucionário de Brizola radicalizava o nacionalismo e pregava a reforma constitucional; e Jango estatizava as refinarias privadas. A Folha de S. Paulo, do dia seguinte, insurgia-se:”Resta saber se as Forças Armadas ficarão com o presidente, traindo a Constituição, ou defenderão a instituições e a Pátria.”

No Rio, o Jornal do Brasil não deixava por menos, em editorial do dia 31: “Quem quisesse preparar um Brasil nitidamente comunista não agiria de maneira tão fulminante quanto a do sr. João Goulart a partir do comício de 13 de março.” O Estado de Minas, já antes, em 18 de março, em editorial alertava: “A sorte está lançada. Ninguém tem mais o direito de iludir-se. Abrem-se agora apenas dois caminhos ao Brasil: a democracia ou o comunismo.”

O Globo, em dois editoriais nos dias 2 e 5 de abril, também viu no comunismo ameaça real. No primeiro, disse que as Forças Armadas haviam livrado a Nação “do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos, que haviam envolvido o Executivo federal”. Reiterou o julgamento no segundo: “A Revolução democrática antecedeu num mês a revolução comunista.” O jornal devia saber por que se referiu à nossa antecipação de um mês… Porisso, o general Lyra Tavares chamava o 31 de março de contra-revolução. Jacob Gorender, comunista lúcido, reconhece a pré-revolução da esquerda e chama o 31 de março de “o golpe preventivo”.

Isso foi ontem. Hoje, querem passar-nos por ter inventado um perigo comunista, usado a indústria do anticomunismo – como Getúlio o fez em 1937 – para usurpar o poder. Em São Paulo, o Estado igualmente combatia o desmando e relatava a passeata anterior a 31 de março, de 1 milhão de pessoas, mulheres e religiosos à frente, que não por acaso marchavam invocando “Deus e a liberdade”.

Um fato histórico foi o 31 de Março de 64, maciçamente exigido pela sociedade civil e apoiado pela hierarquia da Igreja. E outro, a duração da intervenção militar. Em entrevista recentemente publicada, dom Paulo Evaristo Arns confessa ter ido ao encontro das tropas rebeladas de Minas Gerais. Ofereceu-lhes assistência religiosa, porque “temia um período de anarquia e até de comunismo”. Depois, decepcionou-se com “as cassações e a ditadura à maneira hitlerista”. Hitlerista! Mesmo os santos homens exageram nos adjetivos. Condenam-nos o tempo longo do autoritarismo. Poderia ter acabado ao fim de 1973, as guerrilhas comunistas destroçadas, exceto ado PC do B, no Araguaia, mera aventura stalinista, rompida com Moscou e Mao e apoiada só pela insignificante Albânia. Marighella, Lamarca et tutti quanti forçaram Costa e Silva a editar o AI-5, para combatê-los e ao terrorismo.

A luta armada, no Brasil, disse-o Prestes, só teve um efeito: alongar, no tempo, a duração do autoritarismo. Realista, condenou-a, dada a enorme desvantagem da correlação de forças. Skidmore, em entrevista ao Estado, nos anos 70, disse o mesmo. Mas a responsabilidade da esquerda armada é ignorada. Ela é o Bem; nós, o Mal.

Dir-se-á que as liberdades fundamentais deviam ter sido mantidas. A Colômbia manteve-as. As guerrilhas comunistas já duram 40 anos e dominam parte considerável do território colombiano. A verdade, porém, precisa ser sacrificada no altar dos fraudadores da História. Ela incomoda. Por isso está sendo desfigurada, desde o 31 de março de 64.

Robson A.DSilva – Revista Sociedade Militar

Deixe um comentário
Compartilhe
Publicado por
Sociedade Militar