Forças Armadas

O QUE PENSAM OS GENERAIS – As Forças Armadas estão superdimensionadas para a destinação quem lhes é dada nos últimos dias

Para se ter uma noção mais exata da opinião que corresponde ao que se passa na mente dos militares da ATIVA é a opinião da RESERVA que deve ser ouvida. O militar na ativa – por ofício – se abstém de opinar e de dar detalhes sobre diversos assuntos. Já na reserva a maior parte das limitações deixam de existir, exceto aquela que nos impede de falar sobre equipamentos, operações ocorridas e alguns outros assuntos que poderiam expor nossas instalações estratégicas, militares que participaram de operações e coisas do gênero.

Essa semana o presidente do Clube Militar determinou a publicação de um texto importante sobre o emprego das Forças Armadas.

“O EMPREGO DAS FFAA”

20 de fevereiro de 2017

O emprego das FFAA na segurança pública sempre causa tensões. E é motivo de muitas discussões e debates. Inclusive no meio castrense. Prós e contras. Foi no passado e há de continuar a ser nos tempos que estão por vir. Afinal, elas não foram inventadas para isso. Nem é sua vocação primeira. Sua concepção de emprego vai muito além e é muito mais nobre aos olhos da sociedade em geral.

Por mais que as autoridades responsáveis busquem adaptá-las, treiná-las e equipá-las para tal, estarão sempre superdimensionadas para dar combate a ilícitos e à criminalidade em geral. Além de lhes faltar, na base, a formação policial necessária. Por tudo isso, se o seu emprego não for cercado de coordenação, controle e cuidados excepcionais, os resultados podem ser devastadores.

Mas para além das opiniões e críticas, favoráveis ou não, a realidade é que elas têm sido seguidamente empregadas nesse mister, e continuarão a ser, como forma de conter ou prevenir a falência total da ordem pública e de assegurar o direito da cidadania, diante do crescimento em proporções geométricas da criminalidade, como jamais vimos, ao lado da crise quase generalizada das polícias militares estaduais que insatisfeitas, aqui e ali, praticam atos de indisciplina e até de amotinamento.

Esses são os fatos, cruéis, mas absolutamente presentes no nosso cotidiano. Falta dizer, porém, que eles não surgiram do nada. Foram necessários muitos desmandos, muita incompetência e muita desonestidade, exatamente, daqueles em que a sociedade depositou a sagrada confiança expressa pelo seu voto para lhe garantir vida digna. Sim, políticos e dirigentes ineptos foram os grandes vilões. Nós pagamos.

Por isso, não tenho dúvidas, as FFAA, inevitavelmente ainda, estarão nas ruas num futuro próximo como hoje estão. Seu emprego corre o risco até mesmo de vulgarizar-se o que não é nada bom.

E sem querer me arrogar como conselheiro, assessor ou consultor de qualquer coisa que não me caiba respeito, até porque há muita gente competente para tal, quero somente dar voz a uma reflexão minha: “O emprego das FFAA em situações de ameaça da ordem pública está previsto na legislação. Para o bem e para o mal. Então, empreguem-nas, senhores dirigentes, quando julgarem inevitável. Não vacilem. Mas que não se escamoteiem as razões. Jamais! Não USEM as FFAA por quaisquer razões que não sejam as previstas nas leis vigentes. Muito menos, e esse é um pecado capital, por motivações políticas seja de que matiz for. Se tiverem dúvidas quanto às trágicas consequências dêem uma lida na história recente do país. Não necessita ir muito longe no tempo.

Em tempo: O caso do Rio de Janeiro, em especial, é preocupante.

Gen Gilberto Pimentel é Presidente do Clube Militar – Publicado inicialmente em: https://clubemilitar.com.br/o-pensamento-do-clube-militar-74/

Revista Sociedade Militar

 

 

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