Textos de Colaboradores

CABO de Esquadra – Uma CAUSA DE MUITOS com OLHAR de POUCOS

UMA CAUSA DE MUITOS COM OLHAR DE POUCOS

Há tempos impera no meio militar uma questão que virou um marco de luta entre as estrelas que se revezam no Alto Comando das Forças Armadas, e o principal símbolo do Quadro de Praças. O Termo “Cabo” foi utilizado nos exércitos da Península Ibérica, pelo menos desde o século XVI, para designar os Comandantes das Esquadras que constituíam cada uma das companhias de Infantaria. Por essa razão, cada um desses comandantes era designado "cabo de esquadra" no sentido de "chefe de esquadra".

A História passou, e com ela o desrespeito, falta de reconhecimento e devida importância à graduação por parte das autoridades que compõem a Direção das Forças Armadas, foram determinantes para rechaçar o Quadro de Cabos. E assim, se estimulou a luta dos Cabos e o movimento QESA, com a ideia precípua de melhores opções no plano funcional de trabalho e um acessível plano de progressão de carreira.

Uma causa de muitos, mas com olhar relevante de poucos. Assim é, a visão ofuscada dos muitos Cabos das Forças Armadas, que esperam por parte das autoridades o apreço pelos honrosos serviços prestados dentro das unidades militares e ao seu país.

Sem plano funcional de carreira, sem concursos para progressão e perspectiva de reconhecimento profissional que os motive, esses homens dedicam 20 anos de suas vidas dentro de uma mesma graduação à espera de uma divisa, ou seja, a tão sonhada e árdua promoção de Terceiro Sargento QESA. Nesse contexto é válido se abrir um parêntese. Será se é justo ou moral, tanto tempo dedicado e de espera, para tão pouco que lhes é ofertado?

A promoção de Terceiro Sargento QESA, é o curso de formação mais demorado dentro das Forças Armadas, pois são duas décadas de intenso trabalho de um militar que no mínimo já tivera duas outras formações, dentro dos muros da Caserna, mas que ainda sim, ao tempo de cursá-lo serão questionados sobre seu conceito e o tão relevante merecimento. Ora, não se pode questionar tal merecimento por parte desses militares, mas tão somente de se reconhecer a obrigação da Administração Pública para com esses homens.

Há tempos se passa essa história de luta e desrespeito com o Quadro de Cabos das Forças Armadas. A visão dos Constitucionalistas, um dia positivista, e atualmente Neoconstitucionalista, operaram mudanças que, erroneamente, ainda parecem não ter efeito sobre o Direito Militar, bem como sobre seus Comandantes. Esses, ainda, prezam pelos valores escritos e se esquecem dos principiológicos, que norteiam a Carta Magna da República Federativa do Brasil.

Duas décadas de muito pesar em uma mesma graduação, vale salientar ainda, sem a observância de progressões funcionais previstas constitucionalmente, é ferir a Dignidade da Pessoa Humana desses militares, e de suas respectivas famílias. É deixar de lado o valor moral e a ética, o espírito de corpo aferido na formação militar. É cada vez mais, desacredita-los, deixá-los de lado, descrentes com seus Comandantes, estes, que deveriam ser suas vozes e compartilharem de sua luta, se deixam desviar por vezes, rumo a interesse políticos, deixando ofuscarem seus olhos pelo resplendente brilho das estrelas almejadas e ostentadas sobre os ombros.

*O autor A.S solicitou que que seu nome fosse publicado de forma abreviada.
*a RSM não necessariamente compartilha da opinião / visão expressa pelos articulistas e colaboradores. Contudo, acreditamos que a diversidade de opinião gera crescimento.

Revista Sociedade Militar

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