Forças Armadas

Divergência de discurso entre generais deixa dúvidas sobre posicionamento do Exército na questão BOLSONARO

A escalada do discurso golpista é evidente, dizem parlamentares bolsonaristas.  A votação do “plano mansueto” (PL149/2019) na Câmara acendeu luzes vermelhas no Palácio do Planalto, o governo foi derrotado por um placar complicado, 430 a 70, o que pode indicar que em uma situação crítica, caso alguma acusação gere um processo de impeachment, o presidente não teria votos para se manter de pé.
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Declarações de vários parlamentares em redes sociais e a própria presença de Jair Bolsonaro em uma manifestação realizada em frente ao comando do Exército em Brasilia atestam que a situação está no limite e que hoje no Brasil de fato há um risco de ruptura institucional. Jornalistas de grandes redes condenaram a presença de Bolsonaro na manifestação, que taxaram de golpista. A mídia paralela, predominante na internet, acredita que as manifestações expressaram a decepção da sociedade com as cúpulas do legislativo e judiciário.

Entre os manifestantes Bolsonaristas há duas correntes principais. Uma delas quer mesmo uma interrupção na democracia e um governo formado por militares, com o fechamento do congresso. Esse grupo foi predominante nas manifestações desse final de semana e – apesar de ser os que causam maiores problemas ao presidente – por conta de suas propostas consideradas pouco democráticas, são os seus maiores cabos eleitorais, são os que usam fardas camufladas e os que tem maior poder de pressão nas redes sociais. Foi para esse grupo que Girão sinalizou com suas postagem da “onça”, eles o apoiaram maciamente em sua campanha. O outro grupo, considerado mais ameno, quer o relaxamento nas regras impostas pelos governadores, mas não apoia os pedidos de AI-5 e intervenção militar.
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No mesmo momento em que Bolsonaro discursava em Brasília, no outro lado do país o general Girão declarava por meio de um auto-falante portátil que o presidente era a favor das manifestações e que estas eram em favor da democracia. (vídeo abaixo). Mais tarde o oficial general fez uma postagem forte, que indicava que se alguma instituição ou político ousasse tentar um golpe contra Jair Bolsonaro a Onça iria beber água, frase utilizada como indicação de que o exército, representado pela onça pintada, entrará em ação.

Em Brasília, nessa manhã de segunda-feira, o general Santos Cruz, que já fez parte do staff de Jair Bolsonaro, diz que não é bem assim e que a força terrestre não vai participar de qualquer tipo de disputa política. Santos Cruz é um dos que defende que o Exército deve cada vez mais ser preservado e visto como instituição de estado e não de governo. O oficial é considerado membro de uma ala mais intelectual do Exército, da qual faz pate o general de Exército Maynard Santa Rosa e outros também considerados formadores de opinião, que advogam que a força deve estar descolada de questões partidárias e principalmente do nome Jair Bolsonaro.

Santa Rosa disse: “O Exército não pode ser envolvido na dialética política”.

“se Bolsonaro afundar não podemos deixar o Exército ir junto”, disse outro militar ouvido pela Revista Sociedade Militar.
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“O Exército é instituição do Estado. Não participa das disputas de rotina. Democracia se faz com disputas civilizadas, equilíbrio de Poderes e aperfeiçoamento das instituições. O EB (@exercitooficial) tem prestígio porque é exemplar, honrado e um dos pilares da democracia.”, disse o oficial.
Revista Sociedade Militar
Vídeo do general Girão

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Sociedade Militar