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Forças Armadas apuram se militares e associações que se posicionaram contra o governo fazem SINDICALISMO

Além de diversas associações de militares das Forças Armadas, pelo menos quatro militares de forma isolada são investigados em inquérito policial que apura se há indícios de SINDICALIZAÇÃO MILITAR E CRIMES ENQUADRADOS NOS ARTIGOS 155 (incitamento) e 165 (reunião ilícita) do Código Penal Militar.

É “uma situação complicada, uma interferência estatal… obvio ficou que é porque discutiu-se a proposta do governo no legislativo… é proibido discutir leis na Câmara, a casa das leis?”, diz um militar arrolado nos inquéritos e que prefere ficar no anonimato. “tem muita gente arrolada, inclusive alguns que postaram vídeos sobre registro de sindicato militar”, completa.

O mesmo militar menciona que teria partido do próprio parlamento o convite para que as associações opinassem sobre a lei de reestruturação.

Advogado de uma das associações envolvidas impetrou, em caráter liminar uma ação que entre outras coisas invoca o direito da não intervenção estatal em associações, ele acredita que na justiça deve-se enquadrar por abuso de autoridade os entes públicos que iniciaram o processo, diz ainda que as associações que comprovarem o não envolvimento com questões sindicais sairão mais fortalecidas da situação.

Há algumas semanas publicamos nota que informava que a AGU, ainda sob o comando de André Mendonça, junto com Ministério Público e Exército Brasileiro, estaria investigando associações de militares em vários estados com o intuito de apurar se seriam sindicatos disfarçados. Um dos advogados ouvidos observa que repentinamente se tornaram suspeitas de sindicalismo algumas das associações que são históricas, frequentemente recebem a visita de oficiais generais e que até celebram eventos em parceria com as Forças Armadas, como a AMIGA, sediada em Guaratinguetá.

Em um dos documentos a que a Revista Sociedade Militar teve acesso ficou claro que a participação em audiências públicas durante a tramitação do projeto de lei da reestruturação foi uma das premissas para que associações entrassem no rol de entes investigados.

“… Associações que exercem atividades representativas de militares e que, no ano de 2019, defenderam mudanças no projeto de lei de reestruturação das FA (PL) 1645/2019 em favor do interesse de seus associados… “

Contudo, essa semana obtivemos informação de que, além das associações, pelo menos 4 militares de forma isolada também são investigados dentro do mesmo inquérito.

Nas redes sociais ainda se encontram vídeos onde alguns militares falam sobre a criação de um “sindicato militar“. 

Transcrição de parte de um dos vídeos: “… disseram que era impossível… foi criado o primeiro sindicato de militares de toda a América… CNPJ 39.616.250.0001-38…  quem disse que era impossível, tá aqui a resposta… alguns veículos de comunicação informaram, falaram, que era impossível criar um sindicato de militares … nós agora temos sindicato e vamos combater com uma ADIN a lei 13.954 …”

Pouco tempo depois o CNPJ do sindicato mencionado foi cassado.

Nos autos a que a Revista Sociedade Militar obteve acesso também se encontra uma menção a requerimentos enviados às Forças Armadas por instituição que se identifica como sindicato de militares.

“dois requerimentos administrativos oriundos de pessoa jurídica que se apresenta como entidade sindical representativa dos militares… e denominada de SINDICATO DOS MILITARES REFORMADOS, SEUS DEPENDENTES, DAS PENSIONISTAS, DAS ESPOSAS DE MILITARES, DOS RESERVISTAS …”

Em 6 de novembro de 2020 o advogado Cláudio Lino, diretor de um instituto que estuda a legislação castrense, entrevistado pela Revista Sociedade Militar, declarou que a coisa poderia lançar sobre associações realmente legais o estigma de sindicato.

Publicamos: Advogado especializado em causas militares e presidente de um Instituto de Direito Militar foi consultado pela Revista Sociedade Militar nesse sábado, 2 de novembro de 2020. Sobre o assunto “sindicato militar” o Dr Cláudio Lino disse que é importante estar atento e ter muito cuidado com esse tipo de mobilização porque – sendo inconstitucional – pode acabar lançando sobre as associações de militares já existentes, como o Clube Militar e a AMIGA, por exemplo, que nada têm a ver com sindicalização, o estigma de sindicatos disfarçados. (Revista Sociedade Militar – 6 de novembro de 2021 / 

VEJA TAMBÉM: AGU e Ministério Público Militar miram em ASSOCIAÇÕES que discutiram reestruturação e reajustes de militares em 2019

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Sociedade Militar