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Exército. Relatórios de monitoramento citando Freixo, Glauber Braga e Noblat. Força pede prorrogação para entrega das informações

Exército. Relatórios de monitoramento citando Freixo, Glauber Braga, Noblat etc. Força pede prorrogação e ainda não entregou informações

16 de setembro – Ainda antes da publicação dos preocupantes relatórios de inteligência e acompanhamento de redes sociais de militares, parlamentares e jornalistas, obtidos pela Revista Sociedade Militar, a editoria solicitou informações ao Exército Brasileiro.

Outros sites de largo alcance na internet também solicitaram dados, mas também não foram respondidos. A Revista Sociedade Solicitou informações ainda pelo canal da transparência, o prazo inicial era até o dia 13 de setembro, o Exército solicitou prorrogação do prazo para resposta.

Entenda o caso

Com o intuito de embasar ações do Ministério da Defesa no sentido de facilitar a aprovação do projeto de lei de reestruturação das carreiras, o que na visão de advogados consultados poderia ser interpretado como uma intromissão indevida no processo legislativo, o Exército Brasileiro, usando de sistemas de monitoramento contratados e pessoal ligado a atividades de inteligência e/ou TI, monitorou as ações dos personagens considerados mais influentes e capazes de mover a opinião pública em favor dos graduados das forças armadas e pensionistas, estes acusavam o Ministério da Defesa de apresentar um projeto de lei injusto e que favorecia a cúpula das Forças Armadas.

Trechos dos relatórios obtidos pela Revista Sociedade Militar como os transcritos abaixo, levantaram preocupações em parlamentares como Marcelo Freixo e Glauber Braga. Freixo foi citado como influenciador de MASSAS RADICAIS. Os relatórios contam ainda gráficos que mostram os grupos monitorados, o alcance de seus comentários e ações e uma espécie de placar que mostrava a opinião pública e dos parlamentares em relação ao projeto de lei apresentado pelo governo.

Muitos militares acreditam que um aparato militar especializado em comunicação social e inteligência, construído para dar suporte ao país em caso de guerra e – portanto – gigantesco, sendo usado para facilitar a aprovação de um projeto de lei, tornaria o processo no mínimo injusto, já que os parlamentares de oposição e os cidadãos insatisfeitos não dispunham das mesmas ferramentas.

Extratos de alguns relatórios

“Lauro Jardim publicou a matéria “Freixo reúne assinaturas para projeto de reajuste de militares ser discutido no plenário da Câmara” obtendo 6035 interações na página do Facebook (4273 curtidas, 867 comentários e 895 compartilhamentos), considerada de impacto relevante …”

“o Dep Glauber Braga, PSOL-RJ, mostrou-se contra a posição do relator e avocou para si e seu partido da responsabilidade pelos direitos de igualdade das praças das Forças Armadas, informou o interesse de que a reestruturação tem que ser votada em plenário. A posição assumida pelo referido parlamentar foi
utilizada em uma postagem do Dep Marcelo Freixo…”

“…se mantém como ponto de influência negativa no PL as publicações oriundas do site e do canal do YouTube vinculados à Revista Sociedade Militar. Nesta semana, perfis de militares da reserva da Marinha apresentaram em seus canais vídeos informativos contra o PL…”

“A narrativa, antes sustentada apenas pelos parlamentares do Rio de Janeiro,
tomou vulto nacional em 04 OUT …  a ofensiva contra o PL segue adjetivada como “reforma desproporcional as patentes mais baixas e muito favorecedora aos oficiais de altas patentes”, …  Cabe ressaltar que o Dep Marcelo Freixo é um forte influenciador de massas radicais no Twitter e possui expressão com seus mais de 1 milhão de seguidores… “

“O Dep Pepe Vargas (PDT/RJ) no período foi o parlamentar mais participativo em postagens na rede sobre o PL1645/19, em todas as oportunidades o parlamentar demonstrou sua contrariedade ao processo em tramitação informando que o mesmo não atende as classes mais baixas da
carreira militar…”

“…  é preciso a coordenar entre as três forças e o Ministério da Defesa a divulgação de palestras que, se for o caso, sejam ministradas para todos os públicos, ativa e reserva, e que os sites institucionais e perfis nas plataformas digitais contenham conteúdos informativos sobre o tema… “

VEJA OS RELATÓRIOS: Câmara vai exigir do Exército explicações sobre monitoramento de parlamentares – “Quebra da harmonia e independência entre os Poderes”

Solicitamos:

1 – A lista das empresas e ferramentas de monitoramento de mídias sociais, redes sociais e sites utilizadas pelo Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro nos anos de 2019, 2020 e 2021.

2 – Os relatórios internos feitos pelo CCOMSEx e setores de inteligência que tiveram como base dados gerados por ferramentas de monitoramento contratadas ou existentes na própria força sobre sites, redes sociais, perfis, blogs e mídias sociais em geral relacionados à tramitação do PL 1645/2019

3 – Acesso a listas com o nome, título e objetivo de todas as pesquisas e monitoramento em redes sociais e internet em geral contratadas pelo Exército Brasileiro em 2019 e 2020.

4 – Relatórios e gráficos gerados pelo Exército Brasileiro utilizando o VTracker e o MLabs de março de 2019 a outubro de 2019

5 – Relatórios, gráficos e documentos gerados pelo Exército Brasileiro com base em monitoramento de mídias sociais, sites, blogs e internet em geral que contenham os termos “PL 1645”,”PL1645” e “reestruturação das carreiras”.

6 – Comprovação da autenticidade do documento em anexo, denominado ACOMPANHAMENTO E ANÁLISE DO PL 1645 NAS MÍDIAS SOCIAIS relatório 023, bem como cópia dos 22 relatórios anteriores e relatórios posteriores sobre o PL 1645 nas mídias sociais, caso existam.

7 – Caso eventualmente existam documentos de caráter reservado elencados no rol de respostas a ser emitidas para as questões acima colocadas solicito informar o título do documento, o grau de sigilo atribuído e informações sobre a justificativa para o sigilo.

Solicito que as informações sejam fornecidas neste mesmo espaço virtual, por e-mail ou por meio de link fornecido para acesso.

EXPOSIÇÃO

Em resposta a questionamento por nós enviado em 2020, quando solicitamos informações sobre contratação se serviço de monitoramento em redes sociais e internet em geral e sobre monitoramento similar realizado pela própria força terrestre, a resposta recebida informa que não é feito nenhum monitoramento.

Nosso questionamento na manifestação 60502.001379/2020-06: “Solicito, por favor, acesso a listas com o nome/título/objetivo de todas as pesquisas em redes sociais e internet em geral contratadas pelo Exército Brasileiro em 2019 e 2020… Sabe-se que as forças armadas contratam empresas para aferir o pensamento da sociedade sobre as instituições, que para isso usa ferramentas específicas e levantamentos de dados nas redes sociais sobre quais os termos mais buscados em browsers e sobre quantidade de citações em sites de notícias e blogs na internet.

Desejo, por gentileza acesso à íntegra dessas pesquisas de monitoramento e/ou clipping (incluindo as palavras-chave monitoradas desde o inicio do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019), identificando o nome da empresa que as fez (ou empresas), o valor pago por cada pesquisa e todos os resultados (em sua forma integral, e não parcial, desde janeiro de 2019), especificando o período em que o monitoramento foi feito para cada palavra-chave.

Caso o monitoramento acima descrito tenha sido feito pela própria força reitero o pedido dos relatórios/pesquisas acima.

Resposta do Exército Brasileiro: “A Instituição utiliza ferramenta de clipping para extrair reportagens dos principais jornais em circulação no Brasil, para a confecção da Resenha Diária, que é uma compilação de matérias públicas em dados abertos. Portanto, não é realizada análise ou emitido juízo de valor com relação ao conteúdo produzido, servindo apenas para atualizar diariamente a autoridade sobre a conjuntura nacional… Esta Instituição realiza a gestão de suas mídias sociais, publicando notícias sobre as ações do Exército e interagindo com o público por meio de links e comentários, sem efetuar monitoramento. “

Em outro requerimento de informações a Força Terrestre também nega que monitora as mídias sociais.

“o Serviço de Informações ao Cidadão do Exército Brasileiro (SIC-EB) acusa o recebimento do pedido formulado por V. Sa, registrado com o protocolo nº 60502002504201449.

A respeito do assunto o SIC-EB informa a V. Sa. o seguinte: 1. O Exército não se dedica a monitorar redes sociais.”

Embora tenha sido negado pela força, conforme se vê acima, chegou até nosso conhecimento que o CCOMSEX teria realizado pelo menos em 2019 o monitoramento de mídias sociais com o uso da ferramenta VTRACKER e/ou outras similares, um dos relatórios obtidos demonstra que em certo período o monitoramento de mídia seria direcionado a postagens feitas por pessoas comuns, sites e parlamentares, todas relacionadas a projeto de lei apresentado pelo governo ao Congresso nacional (relatório em anexo).

Uma monografia publicada pela Escola de Formação Complementar do Exército, com título “AS MÍDIAS SOCIAIS E O FORTALECIMENTO DA IMAGEM DO EXÉRCITO”, cujo autor é um coronel, traz em seu texto duas menções ao uso frequente da ferramenta de monitoramento VTRACKER pelo Exército Brasileiro.

Extrato da Monografia supracitada: “…Cabe também ao CCOMSEx a responsabilidade pela administração dos perfis oficiais do Exército no Facebook, no Instagram, no Twitter, no YouTube e no Linkedin. Esta tarefa é desempenhada por uma equipe de profissionais especializados em Comunicação Social, em Mídias Sociais e Tecnologia da Informação. Para o gerenciamento dos perfis e mensagens, utiliza as ferramentas VTracker e o MLabs, que disponibilizam relatórios e gráficos com informações …”

Diante do exposto solicito a essa prestigiosa força o fornecimento das informações solicitadas. Agradeço antecipadamente.

Revista Sociedade Militar

 

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