Heróis Brasileiros

Marinha não quer JOÃO CÂNDIDO no Livro dos Heróis da Pátria? Força pede e decisão foi adiada

S.A // Ouvido pela RSM, o sociólogo e jornalista Robson Augusto, diz que não interessa à Marinha que um militar graduado que desafiou o sistema seja reconhecido como herói. Diz ainda que livros publicados com a ajuda da própria Marinha do Brasil, como “1910, o Fim da Chibata, vítimas ou algozes”, tentam emplacar a visão de que o marinheiro João Cândido pode na verdade ter sido o vilão da história e que os próprios marinheiros aceitavam a chibata como algo necessário.

“Você já viu a estátua de João Cândido lá na Praça XV? Se viu é bem observador, pois ela está bem escondida em um canto, bem ocultada pela estação do VLT… Sempre são consideradas inglórias as lutas perpetradas contra as elites!… mais de 100 anos depois a coisa continua em discussão! Será quer é tão difícil para a instituição admitir que os responsáveis pela Revolta da Chibata foram os altos oficiais da própria força naval ao permitir os castigos e manter aquele sentimento constante de medo e revolta na mente da marujada? Até um rato reage quando é atacado. Alguns trechos da obra, de autoria de Cláudio da Costa Braga, festejada pela Marinha, chegam a ser assustadores, como a parte em que defende que os comandantes dos navios tivessem poder pleno para aplicar castigos físicos e até sobre a vida dos marinheiros. A obra tenta justificar as penas absurdas da época… “, diz o Sociólogo, que também é militar da reserva// 

 

Trechos do livro citado

“Alguns historiadores argumentam que os próprios marinheiros aceitavam a chibata…”

“todos os castigos previstos não eram menos cruéis que os aplicados pelas autoridades de terra”, Trecho do livro citado

Sobre o assunto o historiador Robert Wagner Porto da Silva Castro, diz:

a hierarquia que se viu ameaçada com aquele movimento revoltoso na Marinha, em novembro de 1910, não foi aquela tipicamente militar, mas uma hierarquia social que, como nas antigas fazendas e engenhos, não tinha espaços para quaisquer ações de segmentos subalternos que não estivessem alicerçadas na absoluta obediência, mesmo frente aos castigos corporais … Rememorar a Revolta da Chibata e seus ícones, entre os quais destaca-se João Cândido, importa não apenas para a história militar-naval brasileira, mas para a própria História de nosso país e, sobretudo, para as mudanças necessárias em nossa sociedade. Na medida em que nos remete a refletir sobre os modos distintos como brasileiros são tratados e destratados, ou como lhes são dispensados privilégios e desfavores, a partir de sua condição social e / ou, simplesmente, da cor de sua pele.

A pedido da Marinha, foi adiada a votação do projeto que inscreve o “Almirante Negro” no Livro dos Heróis da Pátria

A votação do projeto de lei que inscreve João Cândido Felisberto no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria (PLS 340/2018) teve a votação adiada a pedido do senador Izalci Lucas (PSDB-DF).

Ele explicou que a Marinha vai apresentar documentos sobre o tema. O relator da proposta, senador Paulo Paim (PT-RS), disse que o chamado Almirante Negro foi líder da Revolta da Chibata, uma mobilização de marinheiros, em sua maior parte, negros, em 1910, contra os castigos corporais aplicados na Marinha.

Para o senador Flávio Arns (Rede-PR), o Brasil precisa pedir desculpas por erros do passado. A proposta deverá voltar à pauta na próxima reunião da Comissão de Educação, Cultura e Esporte.

Revista Sociedade Militar – texto da Rádio senado – https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2021/10/07/a-pedido-da-marinha-foi-adiada-a-votacao-do-projeto-que-inscreve-o-201calmirante-negro201d-no-livro-dos-herois-da-patria

 

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Sociedade Militar