Forças Armadas

OPERAÇÃO VARGINHA – 26 meliantes mortos e a insatisfação de alguns

Operação Varginha

Na madrugada do dia 31 de outubro uma operação conjunta entre a PM e a Polícia Rodoviária Federal, em Varginha-MG, eliminou uma quadrilha de assaltantes de banco que levava terror as cidades no que se convencionou a chamar de Novo Cangaço, em que uma grande quantidade de criminosos fortemente armados tomam uma pequena cidade, bloqueiam quarteis e delegacias, instalam explosivos, incendeiam caminhões e utilizam vários reféns até terminarem um grande assalto a banco ou transportadora de valores.

Todos os 26 integrantes do bando acabaram mortos no confronto com a polícia. Com a quadrilha foi apreendido um fuzil .50, 2 fuzis 7.62, 14 fuzis 5.56, 3 escopetas calibre .12 e seis pistolas. Foram apreendidos também um total de 5.059 munições, coletes balísticos, roupas táticas, capacete balístico, rádios, explosivos, combustível e 2 kit roni, um acessório que permite que pistolas deem rajadas.

Nenhum dos policiais foi ferido, o que gerou críticas por parte da imprensa.

Ações como essa, no mundo, não são operações policiais e sim operações de guerra. Provavelmente o colete dos policiais não é capaz de dar proteção aos tiros de fuzil 5.56, para isso é necessário uma proteção especial com placa de cerâmica. Um fuzil calibre 7.62 é capaz de atravessar um carro forte e um fuzil .50 abate aeronaves e perfura veículos militares blindados.

Talvez a mídia ficasse mais contente com a morte de alguns policiais ou com mais um assalto bem sucedido da quadrilha que gerasse cada vez mais reportagens, afinal, agora com certeza, nenhum dos 26 criminosos, tidos como suspeitos pela imprensa, irão assaltar novamente.

Fato é que ações como essas, apesar de bem sucedidas, são paliativas. Enquanto no Brasil reinar a impunidade e investigações pífias, em que menos de 8% dos homicídios, in tese o crime mais investigado, chegam aos tribunais, crimes como esses praticados pela quadrilha continuarão a existir.

A teoria econômica do crime, do economista Gary Becker, prova algo que parece um tanto óbvio – o crime é uma atividade da economia como qualquer outra, busca o lucro. Enquanto houver um balanço positivo entre custo e benefício a atividade criminosa vai proliferar. Nesse sentido, nosso sistema de Segurança Pública parece trabalhar com afinco para que permaneçamos no status quo.

A fim de tentarmos exercer pressão contra as autoridades para que alterem essa situação, é mais do que necessário termos conhecimento como um todo das nuances da Segurança Pública, não só no tocante ao nosso sistema de polícia que deve também ser alterado, mas no deficiente sistema penitenciário, judiciário, legislativo e ações realmente eficientes no tocante as ações sociais que ofereçam alternativas as comunidades que vivem dominadas pelo crime organizado.

Para isso, a Teoria das Janelas Quebradas oferece um norte, e o programa Tolerância Zero traz experiências de sucesso que podem ser adaptadas e introduzidas no Brasil.

Davidson Abreu

Davidson Abreu é Oficial da Polícia Militar de São Paulo.

Bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas / Professor, escritor e palestrante

Autor do livro Tolerância Zero – Faro editorial – selo Avis Rara

Publicado na Revista Sociedade Militar

 

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Sociedade Militar