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Bolsonaro corre risco de perder base eleitoral-militar no Rio. Praças das Forças Armadas programam manifestação para a próxima quinta-feira em plena Presidente Vargas

Quem trafegou pela Avenida Brasil, no Rio de janeiro, nessa sexta-feira percebeu algo incomum nas passarelas próximas de instituições militares, faixas convocando para uma manifestação contra medidas implementadas pelo governo Bolsonaro que, na opinião dos graduados, privilegiou a cúpula das instituições deixando a base com prejuízos graves no salário.

Uma das faixas diz: “ Urgente, dia 16 de dezembro as 14:00 hs… Candelária. Chega de benefícios só para generais… solicitamos a correção da lei 13.954…

O governo tem reclamado das manifestações das praças. Generais como Eduardo Ramos e Braga Netto repetem insistentemente que não houve reajuste de salários em 2019. Mas, graduados retrucam, alegam que além de implementarem para si mesmos o chamado teto duplo”, uma medida que permite que extrapolem o teto salarial constitucional, os generais receberam um aumento de 43% em adicionais sobre o soldos.

Quem observa a movimentação das praças percebe que a coisa está de fato escalando. Em 2020 eles realizaram uma manifestação de militares em Brasília e a coisa deixou os generais em situação complicada, a partir daí a grande mídia tomou conhecimento de que Jair Bolsonaro não é mais unanimidade nas Forças Armadas Brasileiras e que os movimentos políticos da tropa não seguem as orientações da cúpula das Forças Armadas.

Além das faixas penduradas em passarelas da Avenida Brasil foram feitas convocações e panfletagem na frente de vários quartéis e instituições militares.

A mobilização está alcançando muitas pessoas

Em uma sala de espera do Hospital Naval Marcílio dias (MARINHA), nessa quinta-feira (09/12), um militar reformado, grisalho, com um panfleto da manifestação nas mãos, dizia: “eu vou na manifestação, sou  cabo … e vi meu salário diminuir justamente no governo de quem eu apoiei desde os anos 80… todo ano de eleição esse presidente mandava cartas pra mim … “.

A manifestação, segundo militares ouvidos pela revista, está completamente amparada pela lei, que permite que militares na reserva expressem sua opinião sobre qualquer assunto.

Há cerca de uma semana um grupo de militares cariocas participou da criação de uma associação que tem como um de seus objetivos discutir a legislação salarial dos militares e agentes de segurança pública, quem compareceu ao evento percebeu claramente a insatisfação da categoria.

Os movimentos, na véspera de um ano eleitoral, assustam bastante a base bolsonarista no Rio de Janeiro. Nas eleições passadas para o legislativo a sociedade carioca votou em peso nos políticos apontados pelos militares e por Jair Bolsonaro, mas se a massa militar na reserva remunerada e pensionistas persistirem com o discurso de que foram traídos pelo presidente, por Hélio Bolsonaro e outros políticos da base aliada o jogo pode virar na capital carioca, que concentra o maior número de militares do país.

“A manifestação incomoda muito, eles (os generais) mandam gente pra espionar a gente, só que os x9 (membros da inteligência) são conhecidos nossos, sempre alguém conhece, e fica meio ridículo porque a gente vai lá e cumprimenta, dá um abraço, entrega um panfleto…”, diz um suboficial da reserva, que prefere não se identificar.

VEJA O ARTIGO: Agentes infiltrados são reconhecidos. Estrutura de Inteligência das Forças Armadas estaria sendo usada para vigiar militares que criticam o governo Bolsonaro

Robson Augusto – Revista Sociedade Militar

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Sociedade Militar