Se sentindo desprestigiados pelo governo federal e pelas Forças Armadas, os graduados da reserva não remunerada, que invocam para si o direito de usar o prenome veterano e a possibilidade de aproveitamento da experiência adquirida após anos de labuta no ambiente militar, lutam também em âmbito municipal e estadual para reconhecimento da categoria.
Roberto Ricon, sargento R2 do Exército Brasileiro, ouvido pela Revista Sociedade Militar, manifestou imenso amor pelo país e pelas instituições Forças Armadas. Contudo, ao mesmo tempo em que expressa seu orgulho por ter usado a farda, ele lamenta o desprestigio e tratamento desigual dado pelas Forças Armadas às praças R2.
Ricon lembra que o número de militares R2 está aumentando muito na medida em que as Forças Armadas têm contratado muitos profissionais temporários de diversas especialidades, praças e oficiais.
“… documentos protocolados a nível federal que foram estagnados, desde a época do Rodrigo mais a nossa questão da identidade ficou estagnada… o deputado Vitor Hugo entrou com a solicitação que entre os parlamentares foi julgada procedente… mas simplesmente a gente não tem uma resposta de nada, descaso por ser praça… pessoal muito chateado com isso…”, diz.
“Recentemente os oficiais R2 conseguiram a autorização para portar identidade militar, o deputado Major Vitos Hugo disse que foi o resgate da dignidade e do orgulho… eles lutam agora pelo porte de arma. E a maior parte deles passou poucos meses no quartel, geralmente no NPOR, enquanto a maior parte dos praças R2 completa 7 anos para depois sair… a gente então ficou sem o tal resgate da dignidade e orgulho… ”, diz um sargento da reserva não remunerada ouvido pela RSM.
A categoria acredita que junto com o reconhecimento da sociedade viriam mais oportunidades para aproveitamento da expertise adquirida. Alguns pré-candidatos militares, como o suboficial Bonifácio, da Marinha, informam que pretendem apresentar propostas de criação de um sistema de cotas em concursos públicos ligadas à segurança pública, algo em torno de 10 a 20% das vagas reservadas para quem tem experiência militar.
Bonifácio diz que seria bom para ambas as partes, governo e ex-militares. “Eles tem anos de experiência militar e muitos estão no auge da juventude. Não há duvidas de que a sua preparação seria muito menos onerosa para os cofres públicos… ”. Em artigo publicado em seu site ele diz: “Hoje já se reserva 20% para afro descendentes e – portanto – não há nenhum impedimento para que se facilite a vida de quem já serviu e muitas vezes arriscou a própria vida pela nação brasileira. Temos que valorizar o mérito, o patriotismo, o trabalho sério desses jovens.”
Um grande passo na valorização da categoria foi a sanção em novembro de 2021 da lei ENÉAS FERREIRA CARNEIRO, realizada pelo prefeito JORGE MIRANDA, do Município de Mesquita, no Rio de Janeiro.
A Lei Nº 1.175, DE 17 de junho de 2021 é de autoria do Vereador Sancler Nininho, também militar da reserva não remunerada, e Inclui o Dia do Sargento R/2 das Forças Armadas, no calendário oficial da Cidade de Mesquita
“Art. 1º – Fica Instituído, no Município de Mesquita, o dia do Sargento R/2 das Forças Armadas, no âmbito de Mesquita, RJ.
I – O Dia do Sargento R/2 das Forças Armadas será comemorado no dia 05 (cinco) de NOVEMBRO de cada ano, por ser o dia em que se comemora o nascimento do 3º sargento R/2 ENÉAS FERREIRA CARNEIRO, o Dr. Enéas, personagem marcante no cenário nacional, Patriota incontestável, cultor das mais ricas virtudes do homem brasileiro.
II – Fica facultada às instituições civis e militares a realização de cerimônias e/ou eventos festivos alusivos ao Dia do Sargento R/2 das Forças Armadas, autorizado o uso de símbolos pertinentes.
Art. 2º – Esta lei entra em vigor na data da sua publicação”
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