Forças Armadas

É “Golpe”! Tudo está diante dos nossos olhos

As manobras infantis dos lordes da caserna enganam a grande imprensa. Mas será que o povão cai no “golpe”?

Há uma percepção romântica sobre o (suposto) golpe (contra a democracia) a ser perpetrado por Bolsonaro. Há até uma cartinha de intenções democráticas por aí… A imprensa de um modo geral é apressada a emitir seus vaticínios e talvez devido ao zeitgeist tecnológico tenda mais do que nunca à superficialidade das abordagens.

Ressuscitar fantasmas de golpes militares é fácil e há muito material já pronto, mas debruçar-se detidamente sobre o que está acontecendo agora diante de nossos olhos é trabalhoso, pois não há um ponto de fuga disponível. Tudo está em movimento e todos estamos nos mexendo junto.

Surfista da onda bolsonarista, o general Paulo Chagas que concorreu ao governo do DF em 2018 – tendo ficado em quarto lugar – vai tentar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Notícia do jornal Metrópoles atualizada em 13 de setembro afirma que o patrimônio do general saltou de 130 mil para 1,3 milhão de reais – um patrimônio decuplicado em três anos, em meio à maior crise socioeconômica brasileira nos últimos quinze anos.

Nada mal para quem passou quase quatro décadas administrando tanques velhos na caserna…

Já que pretende ser representante do povo de Brasília, o que o povão poderá esperar dele? Certamente ele não se importou quando em 2019, o PR assinou a lei 13.954 que aumentou o salário dos generais em pelo menos 45%, e ao mesmo tempo reduziu salários de patentes mais baixas da tropa e ainda bitributou pensionistas idosas. Tão logo a lei passou a valer em 2020, ele se tornou inimigo figadal do PR, que segundo o aristocrático general “é teimoso, vaidoso, narcisista e trapalhão”.

Sobre as agruras da tropa, nenhuma palavra… Certamente não deve precisar dos votos dos praças, que são quase 80% dos efetivos.

Este é o curioso caso do general que, como todo o alto comando das Forças Armadas nos últimos trinta anos, sempre esteve careca de conhecer a índole do capitão Jair Bolsonaro, e ainda assim alegou horrorizado em entrevista recente que “o presidente está usando as forças militares política e eleitoralmente, o que é errado! É uma forma de depreciar o prestígio das Forças Armadas”.

Ora, quem abriu as portas dos quartéis para o “vaidoso trapalhão” em 2014? Terá sido o PT?! Um jogo barato de espelhos está sendo jogado diante de nossos olhos.

Aficcionada pela polarização simplificadora da preguiça mental, a imprensa leiga inventou “alas” dentro das Forças. Uma seria a ala golpista (ao melhor estilo cabeça de bacalhau). A ala direita seria  formada pelos oficiais “legalistas”, que segundo afirma o sociólogo Paulo Ribeiro da Cunha, professor da Unesp, em reportagem recente a um jornal de Portugal, “não têm nenhuma veleidade golpista ou intenção de alimentar uma crise institucional”. Esses são os ponderados, conservadores e refinados – os mesmos que em 2018 ungiram o líder anticomunista, que agora excomungam.

Com todo respeito ao livro sagrado dos judeus, Bolsonaro parece um Moisés adentrando o mar Vermelho, mas com uma pequena diferença. As águas se abrem meramente para poder engoli-lo depois de outubro, caso perca a eleição.

O mar voltará a ser o que era, pois seja de uma ou de outra “ala” a “água” é essencialmente a mesma.

Bolsonaro é golpista, tanto quanto o cano do revólver é culpado do tiro.

JB Reis – Revista Sociedade Militar

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Sociedade Militar