Paradigma, segundo dicionários, significa modelo ou padrão, algo que a título de comparação vai servir de exemplo a ser seguido em determinada situação.
Militares que se candidatam para cargos no legislativo, tem sido, segundo narram, ainda antes de serem provados pelas urnas, comparados com o único militar graduado das Forças Armadas que hoje exerce mandato no legislativo federal. São questionados nas redes sociais se não vão ser outro “segurança disfarçado de deputado”, alguns andam muito incomodados e alegam que Hélio Lopes acaba atrapalhando a formação da Bancada Militar das Forças Armadas.
Hélio Lopes na semana passada foi agraciado com o prêmio Congresso Em Foco na área de educação, mostrando que tem aceitação por parte do público, mas atualmente enfrenta um drama que poucos jornais perceberam, ou talvez prefiram não publicar para não aumentar a sua visibilidade, está lutando judicialmente para ter o direito a concorrer nessas eleições usando o sobrenome BOLSONARO.
O parlamentar foi procurado pela nossa editoria há cerca de uma semana para falar sobre o assunto representação dos militares para nossos leitores. Todavia, devido a seus compromissos de campanha não pode agendar um horário para ser ouvido.
Hélio não participou da comissão que gerenciou as discussões sobre o Projeto de Lei 1645, portanto não votou nem a favor nem contra sua aprovação.
Após a aprovação da matéria na comissão especial, votou com o governo contra um projeto do PDT e outro do PSOL, ajudou a evitar que uma “rediscussão” fosse realizada no Plenário da casa e por conta disso e das negativas em atuar para mudanças na norma tem sido taxado como alguém que “Não representa a classe militar”. A Revista Sociedade Militar ouviu vários candidatos a deputado federal e deputado estadual de diversos locais do país e pelo que apuramos, essa posição – justa ou não – é majoritária pelo menos entre os militares – candidatos.
É preciso ressaltar que a tropa, segundo apurado em enquete realizada pela revista, é majoritariamente a favor da reeleição de Jair Bolsonaro, mas ainda assim o outrora subtenente Hélio, hoje deputado – federal Hélio Lopes, fiel escudeiro do presidente, tem sido alvo de críticas o acusando de não usar o mandato para lutar por direitos dos militares das Forças Armadas das camadas médias e da base das instituições militares.
Muitos apelidos e comentários negativos nas redes sociais tem sido dirigidos contra o parlamentar. Alan Andrade, um dos ouvidos pela nossa reportagem, candidato a deputado federal, militar jovem e ainda no serviço ativo é um dos que acredita que o mandato de Hélio acaba atrapalhando, diminuindo a credibilidade na atuação dos candidatos – caso eleitos. Ele menciona um desses apelidos e diz que o parlamentar é visto por alguns como uma espécie de “segurança de luxo” do presidente.
Papagaio de pirata
Fabrício Dias, que é vereador em São Paulo e concorre para o cargo de deputado federal usando o nome Fabrício da Aeronáutica, declarou que o deputado Hélio Lopes só serviu de vitrine e – usando um apelido já muito usado contra o mesmo – disse que ele não passou de um “papagaio de pirata” e que a imagem dos graduados acabou maculada por conta da atuação do parlamentar em questão, que teria “destratado militares” que foram até seu gabinete.
O candidato Comandante Sérgio, oficial da Marinha que concorre para o cargo de Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, partido PP, com o número 1154, enxerga um movimento para penalizar o parlamentar por conta da lei que foi aprovada no Congresso Nacional. O candidato diz que não se pode sacrificar um deputado apenas porque votou com o governo.
“não pode sacrificar um deputado porque ele não se posicionou contra um projeto de lei do governo… graduados que não tem conhecimento ou não leram o projeto de lei… acho que querem sacrificar o Hélio, cometendo racismo estrutural…”
Hélio deve ser reeleito
A maior parte dos ouvidos arriscam uma redução sensível no status do parlamentar, estimam que receberá de 80 mil a 100 mil votos e que será seu segundo e último mandato. Dizem que perdeu a preferência de Bolsonaro, mas que permanece ainda na lembrança da sociedade como alguém atrelado ao atual presidente. Os Suboficiais Bonifácio e Moisés Queiroz são dois dos que acreditam que Hélio deve ser reeleito, mas com uma quantidade de votos bem menor e que os militares não estarão entre os que se manifestarão nas urnas a seu favor.
Alguns comentam que se não puder usar o nome “Bolsonaro” deve ter menos votos ainda, mas que ainda assim tem grande probabilidade de ser bem sucedido.
Gerson Paulo, militar da FAB, político muito conhecido no Rio de Janeiro, que concorre também para deputado federal, é um dos poucos que se manifesta a favor de Hélio Lopes. Gerson diz que o que importa é que o deputado mesmo sem fazer discursos de impacto destinou emendas para hospitais militares, o que para ele é extremamente importante.
“… sei que ele destina recursos públicos para os hospitais militares, Exército, Marinha e Aeronáutica… e ele realmente o faz… então se por um lado ele não é um bom orador para fazer todo aquele movimento oratório em direção a família militar, no entanto via emendas e eu acho que isso é o mais importante, ele faz de verdade… agora avaliar ele como parlamentar da minha parte seria inidôneo…”
Nenhum dos candidatos ouvidos apontou qualquer ilicitude por parte do deputado Hélio Lopes, as opiniões foram todas no sentido de representar eficazmente ou não as camadas médias e da base da estrutura militar.
Transcrição da opinião dos candidatos
FABRÍCIO DA AERONÁUTICA, militar da FAB, vereador em Guaratinguetá e candidato a deputado federal pelo MDB.
“sou da opinião de que esse cidadão não representa de forma alguma nenhuma classe militar… enquanto deputado fez pouco mais do que servir de vitrine para outros políticos, um papagaio de pirata, ele não fez nada que nos auxiliasse nos momentos mais difíceis por que passamos ao longo desses anos que foi exatamente a discussão do PL 1645… Ele destratou graduados que estiveram em seu gabinete quando solicitaram a ele que apresentasse emendas … ele disse que o voto dele seria sempre a favor do governo, desconsiderou a classe de onde veio. … penso que a imagem dos graduados acabou maculada em função do péssimo comportamento parlamentar apresentado pelo deputado Hélio Lopes… isso diretamente pode prejudicar todos os candidatos militares… mas temos que entender que no ambiente das Forças Armadas, entre os graduados, existem pessoas preparadas, qualificadas, que tem condições de bem executar o seu trabalho como parlamentar dentro do legislativo federal…”
Fabrício da Aeronáutica é Candidato a Deputado Federal pelo estado de São Paulo, número 1521, partido MDB.
ALAN ANDRADE é militar do Exército Brasileiro ainda no serviço ativo e concorre para o cargo de Deputado Federal no Rio de Janeiro. Na visão do militar o deputado Hélio Lopes é uma espécie de segurança de luxo e passa uma visão do que não são realmente os militares graduados.
“Conheci o então Subtenente Hélio Negão no CML. O Ajudei em suas Campanhas anteriores, mas logo percebi que por sua postura subserviente exagerada, falta de conhecimento e dificuldade em se expressar era muito mais um segurança do que um parlamentar. … Em 2018, abraçado pelo Presidente Bolsonaro Helio Bolsonaro foi eleito com recordes de votos, mas logo se mostrou uma grande decepção para a caserna. Eu, por fim, considero que o Deputado Hélio Lopes é hoje a demonstração do que os Graduados não são e vejo a eleição de 2022 como uma ótima oportunidade para mostramos essa disparidade entre ele os Graduados das FFAA. Hélio é o grande trampolim para os candidatos militares deste ano. Sua não representação abre caminho. Alan Andrade – Candidato a Deputado Federal no Rio de Janeiro, número 3663, partido Agir”
GERSON PAULO, que é militar da Aeronáutica, candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro, que concorre com o número 3337, pelo PMN.
“… sei que ele destina recursos públicos para os hospitais militares, Exército, Marinha e Aeronáutica… e ele realmente o faz… então se por um lado ele não é um bom orador para fazer todo aquele movimento oratório em direção a família militar, no entanto via emendas e eu acho que isso é o mais importante, ele faz de verdade… agora avaliar ele como parlamentar da minha parte seria inidôneo…”
SUBOFICIAL BONIFÁCIO é militar da Marinha na reserva e concorre para o cargo de deputado federal. Para o militar e candidato, Hélio Lopes foi muito ruim, não trouxe nenhum projeto voltado para graduados e muito menos para a sociedade civil e apenas fez algumas emendas parlamentares para criar “currais eleitorais”.
“o cara foi muito ruim, não fez nada por nós nem pela sociedade civil, não trouxe um projeto. Fez algumas emendas parlamentares em alguns municípios para talvez criar um curral eleitoral… mas para a classe militar não representa nada, mas não vai impactar na votação, ele vai ser eleito porque carrega essa mística do Bolsonaro e do negão então muita gente vai votar nele. Em debates em grupos as pessoas dizem que os candidatos serão outro Hélio Lopes… ele não trouxe nada de positivo, não conseguiu unir e nos quartéis ele está mortinho… ele foi simplesmente foi eleito pelo Bolsonaro e fez o que ele mandou, foi uma moeda de troca…”
Suboficial Bonifácio é candidato a Deputado Federal no Rio de Janeiro pelo PATRIOTA, concorre com o número 5122
ELIANE MOREIRA é militar da Marinha na reserva remunerada, foi uma das militares que esteve no Congresso Nacional no período em que se discutia o então Projeto de Lei 1645 de 2019 e concorre para o cargo de deputado estadual. Na visão da mesma, houve falta de atitude por parte de Hélio Lopes.
“Sou candidata a Deputada Estadual. Na minha opinião, a falta de atitude do Deputado Federal Hélio Lopes, em defender os interesses da família militar, leva muitos militares e pensionistas a dizerem que não acreditam nos candidatos militares, porque terão o mesmo comportamento. Esquecem-se que as pessoas são diferentes umas das outras e que, no meio dessas, alguma pode fazer a diferença, no melhor sentido.”
Eliane Moreira é candidata a deputada estadual no Rio de Janeiro pelo PSDB, com o número 45015.
CARLINHOS PRÓ MENOR é militar da FAB na reserva e aponta Hélio como “favorável à Lei 13.954, que muito prejudicou a nossa classe de graduados em geral e os nossas pensionistas”
“Conheço o Deputado Federal Hélio Lopes, há bastante tempo. Temos uma boa relação, mas, infelizmente, no que tange ao seu mandato, ele foi favorável à Lei 13.954, que muito prejudicou a nossa classe de graduados em geral e os nossos pensionistas, com diminuição de salários e aumento de tributos… Na qualidade, de candidato à Deputado Federal pelo Rio, uma das minhas metas no Congresso Nacional é buscar alterar ou até mesmo revogar essa lei, totalmente nefasta aos nossos interesses. … Acredito que precisamos de uma representação mais eficaz em Brasília, que lute com mais autonomia e conhecimento de causa pelos nossos direitos, que estão sendo velados e esquecidos. Precisamos ter voz e força no Congresso Nacional e com total responsabilidade.”
CARLINHOS PRÓ MENOR é candidato a deputado federal pelo PROS-RJ com o número 9051
MOISÉS QUEIROZ também é militar da Marinha na reserva, concorre para o cargo de deputado estadual. O militar é outro que enxerga prejuízos para a família militar por conta da “péssima atuação”. Acha que Hélio Lopes trouxe prejuízos à imagem dos militares Moisés também acredita que o deputado Hélio Lopes será reeleito exclusivamente por conta do nome “Bolsonaro”, que carrega no nome de urna.
“Infelizmente, a atuação e participação legislativa do Dep. Hélio Lopes (que precisou recorrer ao sobrenome, Bolsonaro para se eleger) e, creio que, apesar de sua péssima atuação na Câmara Federal, ainda assim, conseguirá se reeleger. Tudo por conta do sobrenome que utiliza. A participação do Dep. Hélio Lopes na política fluminense (do estado do Rio de Janeiro), trouxe grande prejuízo à imagem dos militares que se colocaram à disposição para concorrer à Câmara Federal e à Assembléia Legislativa do estado do Rio de Janeiro.
Não vi, nem soube de nenhum projeto, fala na tribuna da Câmara ou qualquer outro tipo de ação que pudesse agregar valor ao mandato do referido deputado. O que vimos e muito, foi apenas sua participação em uma série de viagens presidenciais como se estive de férias em todo o período parlamentar. É triste verificar que uma pessoa que poderia ser o protagonista e um grande representante de uma classe (classe dos militares), se sujeitar a ocupar um papel (a meu ver) vergonhoso de subserviência e “surfar na onda da popularidade do PR”. Em absolutamente, nada contribuiu para nossa sociedade. Nem sociedade militar, nem sociedade civil. Só usou seu mandato parlamentar para uso de benefícios próprios . Mas tudo pago, pelos contribuintes de impostos de nosso Brasil.”
Moisés Queiroz é Candidato a Deputado Estadual, concorre no Rio de Janeiro com o número 55025, pelo PSD
GILSON GOMES, candidato pelo Partido dos Trabalhadores a deputado federal em Goiás, enxerga impactos negativos por conta do mandato de Hélio Lopes, “poderia ter feito melhor”, disse.
“… nem pela sociedade ele procurou produzir nada … o impacto foi negativo, como militar poderia ter feito algo melhor… agora penso que mais uma vez a família militar não consegue a união necessária, temos muitos candidatos… eu cito Wagner Coelho e a suboficial Eliane Moreira… foi os que eu tive contato… O risco de pulverizar é grande porque são muitos e como eles estão em partidos diferentes isso vai fazer com que esses votos não sejam úteis…
Penso que mesmo com mais de 200 mil eleitores é preocupante e existe a possibilidade de pulverizar … torci por ele… Hélio Lopes, mas o impacto pra ele foi negativo… pra família militar há uma participação ainda sem muita estratégia, bons candidatos… estão divididos… poderia ter duas frentes, os deputados federais que estão apoiando Bolsonaro e os demais que não estão apoiando… penso que ainda aí com todo o trabalho há uma probabilidade de não lograr êxito…”
Gilson Gomes é candidato a Deputado Federal por Goiás com o número 1345, pelo Partido dos Trabalhadores.
ALEX SABINO, que concorre também para deputado federal e é militar da Marinha na reserva, acredita que os impactos foram negativos e que a suposta omissão de Hélio Lopes acabou prejudicando até os militares temporários.
“… acredito que o impacto será o reflexo do resultado do conflito entre expectativa versus realidade da família militar (eleitorado militar) no atual momento do país, pois conversando com diversos irmãos de Farda da ativa, das 3 Forças, veteranos, pensionistas e dependentes, as respostas são sempre parecidas: todos eles esperavam que a atuação do Dep Fed Hélio Lopes contribuísse para a aprovação da Lei 13.954/2019 de uma maneira mais justa, mais equilibrada, sem privilégios para um lado em detrimento do outro. Infelizmente, a atuação do Hélio corroborou a maneira como a Lei foi aprovada prejudicou pensionistas e gerou um pseudo-aumento para as praças e oficiais baixa patente. Além disso, os temporários foram deixados de lado. No mandato, vou revisar CIRURGICAMENTE todos os pontos da Lei, de modo a garantir vencimentos justos com a atividade e com aquilo que é cobrado nas atribuições militares, sem esquecer dos veteranos e pensionistas. Em soma, lutaremos para uma verdadeira reestruturação na carreira militar. A Família Militar é uma só e a balança tem que ser equilibrada, sem privilégios e sem injustiças.”
Alex Sabino é Candidato a Deputado Federal pelo Rio de Janeiro com o número 1411, pelo PTB
VALMIR JÚNIOR, militar da Aeronáutica na reserva e candidato a deputado federal foi bastante duro e diz que a partir de Hélio Lopes não houve defesa de interesse de militares por parte do parlamentar e que ele preferiu ficar do lado dos generais e que isso teria sido mais cômodo pra ele.
Ele foi o primeiro a pular do barco… disse que ia ficar do lado dos generais, pra mim não fez nada em favor da nossa classe… eu estive lá em 4 audiências e presenciei o modo que ele tratou a sua classe… Qual projeto de lei que ele fez? Nenhum… não merece mais ser votado por nenhum militar. Pra mim não há influencia negativa ou positiva porque eu creio que há uma maturidade muito grande de um tempo pra cá… as vezes ele é citado negativamente devido a forma com que eles nos tratou… mas que vai influenciar a nossa caminhada não vai não… nós sabemos que temos que ter representatividade… essa situação depois do projeto de lei estamos tendo mais união… ”
Valmir Júnior é candidato a Deputado Federal no Rio Grande do Norte, concorre usando o número 1414, pelo PTB.
NILTON PATRÍCIO, candidato a Deputado Estadual pelo PMB no Rio de Janeiro.
“… o impacto foi deveras mais que negativo no ponto de vista de representação das Praças das Forças Armadas. Haja vista o mesmo haver sido eleito para nos representar. Por outro lado, podemos identificar o ponto positivo, que foi a fomentação e a projeção de vários candidatos Militares (graduados) que dado ao fato do IMPACTO negativo advindo da postura Obtusa do Sr Deputado Hélio Lopes… contribuiu inconscientemente para que fosse ACESA uma grande chama deveras mais que transparente nos Militares Graduados das Forças Armadas, onde nos ENCORAJARAMOS… A atuação do Sr Deputado Hélio Lopez foi extremamente vaga e omissa na participação do mesmo atinente à lei 13.954/19, que veio semelhante a MP 2215/2001, RETIRAR BENEFÍCIOS dos Militares e, diga-se de passagem, está aí nu e patente que os mais prejudicados foram os Militares de menores patentes e, não posso, como Candidato Graduado me furtar em trazer esse fato a tona…”
NILTON PATRICIO Candidato a Deputado Estadual pelo PMB-RJ com o número 35223
ANDERSON VILELA
“depositamos a nossa confiança no deputado citado, porém o mesmo não correspondeu a nenhuma das nossas expectativas, creio que deve haver uma renovação de militares compromissados tanto com os da ativa como com os veteranos e as pensionistas… eleger praças… que não seja atrelado diretamente ao presidente porque isso inibe a ação na ora de pleitear os nossos benefícios … sei que se os praças tiverem essa postura eu estou preparado para representar…
ANDERSON VILELA é candidato a Deputado Federal no Rio de Janeiro, pelo PROGRESSISTAS com o número 1153.
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