Qualquer ser humano hoje, não só no Brasil, mas em qualquer país, está sujeito a uma situação de sobrevivência. A qualquer momento o país pode entrar em guerra, mesmo que não existam ameaças claras no momento, nada impede que isso ocorra. A história nos mostra que sempre há pelo menos uma guerra ocorrendo em algum local do planeta. A América Latina vive um momento de relativa instabilidade e qualquer pequeno conflito fronteiriço pode facilmente se transformar numa guerra de dimensões continentais.
Portanto, todos – para preservação das próprias famílias – têm o dever de adquirir conhecimento suficiente para manter seus entes queridos vivos e com saúde em caso de necessidade.
Não basta saber armar uma barraca de camping ou possuir uma faca e uma vara de pesca. Sobrevivência é algo muito mais amplo e envolve inclusive possuir capacidade de avaliar o terreno onde nos encontramos, riscos e vantagens que podem ser encontrados em cada local e as condições físicas e psicológicas de quem está sob a nossa liderança.
A capacidade de sobrevivência residirá, basicamente, numa atitude mental adequada para enfrentar situações de emergência e na capacidade de se manter estabilidade emocional suficiente para avaliar riscos e vantagens, a despeito de sofrimentos físicos decorrentes da fadiga, da fome, da sede e de ferimentos, por vezes, graves.
Se o indivíduo ou o grupo de indivíduos não estiver preparado psicologicamente para vencer todos os obstáculos e aceitar os piores reveses, as possibilidades de sobreviver estarão sensivelmente reduzidas.
O conhecimento das técnicas e dos processos de sobrevivência constituirão em requisitos essenciais na formação do indivíduo destinado a sobreviver na selva, quer em operações militares, quer por outra circunstância qualquer ou mesmo para proteção da própria família.
Conservar a saúde em bom estado será requisito de especial importância, quando alguém se encontrar em situação de só poder contar consigo mesmo para salvar-se ou para auxiliar um companheiro ou familiar. Da saúde dependerão, fundamentalmente, as condições físicas individuais. Na selva, saber defender-se contra o calor e o frio, saber encontrar água e alimento, saber prestar os primeiros socorros, em proveito próprio ou alheio, serão tarefas de grande importância para a preservação da saúde.
A fadiga em excesso deverá sempre ser evitada, ela pode causar a morte. Quando se estiver realizando algum trabalho que exija esforço físico ou um deslocamento através da mata, sempre deverá ser estabelecido um tempo para descanso; 10 ou 15 minutos para cada hora de trabalho físico poderá, em princípio, ser uma base bem racional.
Nas horas mais quentes do dia o repouso deverá realizar-se nos locais mais cômodos que se apresentarem no momento. Se possível, o indivíduo deve aliviar-se-á de toda carga que por ventura transportar e deverá deitar-se.
Durante os repousos maiores, mormente à noite, procurará dormir. Mesmo que não consiga, a princípio, conciliar o sono, o simples ato de deitar e relaxar os músculos e a mente causará efeitos recuperadores.
Atenção, o líder não deve permitir que a aflição decorrente da situação por que se passa concorra para o desequilíbrio emocional; deve-se pensar com calma e pesar todas as possibilidades favoráveis e desfavoráveis.
O calor na selva equatorial é constante e implica, para o ser humano, em sudação excessiva. Como consequência, se não houver a observância de repouso frequente, a par de uma complementação abundante de água e sal, alguns efeitos poderão advir em prejuízo do indivíduo. Os efeitos são:
O processo de aclimatação possui quatro características principais: 1) começa no 1º dia e poderá estar bem desenvolvido no 4º; 2) haverá um aumento na quantidade de suor, aumentando assim a perda de sal; 3) poderá ser acelerado com a realização de exercícios físicos; 4) as condições de aclimatação poderão ser retidas por cerca de uma ou duas semanas após a saída da área afetada pelo calor. (c) Usar sal, em quantidade extra, nos alimentos e na água. (d) Não se alimentar em excesso. (e) Vestir-se adequadamente. É uma regra difícil de ser seguida; se o tecido for leve, estará sujeito a ser rasgado pela vegetação e, se grosso, aumentará a sudação.
Dados de Manual de Guerra na Selva / Consulta a militar com experiência na Amazônia
Revista Sociedade Militar
Imagens: Exército Brasileiro
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