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Ex-comandante do Exército explica por que escolheu o generalato em vez do STF para barrar suposto golpe

por Sérvulo Pimentel Publicado em 16/02/2024 — Atualizado em 22/04/2024
Ex-comandante do Exército explica por que escolheu o generalato em vez do STF para barrar suposto golpe

O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, está sob os holofotes por sua atuação frente a supostas intenções golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro. A principal dúvida: a quem ele deveria ter denunciado tais planos, ao generalato ou ao Supremo Tribunal Federal? A questão foi trazida por Tales Faria, colunista do portal Uol nesta sexta-feira, 16 de fevereiro.

Freire Gomes argumenta que agiu junto aos colegas do Alto Comando para barrar o “golpe”, considerando essa estratégia mais eficaz do que levar o caso ao STF. Ele teria alegado que uma denúncia ao Supremo poderia criar uma crise institucional, facilitando a ruptura que Bolsonaro pretenderia.

Faria lembra que em dezembro de 2022 Bolsonaro teria apresentado aos chefes das Forças Armadas uma minuta golpista. O então comandante da Marinha, almirante Garnier, teria se mostrado disposto a aderir ao plano, mas Freire Gomes recusou.

Segundo o general, na ocasião, denunciar Bolsonaro ao STF teria sido inócuo e poderia até ter agravado a situação. Ele acredita que sua atuação junto ao generalato foi mais eficiente para evitar a suposta tentativa de golpe.

Essa postura, no entanto, desagradou o general Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro. Braga Netto culpou Freire Gomes pelo fracasso do golpe. Recentemente, o general Braga Netto, em mensagens obtidas pela polícia federal, chama o ex-Comandante do Exército de “cagão” e epde para que a cabeça dele seja oferecida.

Por sua vez, o atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, defende Freire Gomes, afirmando que ele não tinha outra opção a não ser agir junto ao generalato. Portanto, entre o generalato e o STF a decisão mais acertada era consultar os amigos de farda.

A investigação em curso pela Polícia Federal busca esclarecer se Freire Gomes agiu corretamente ao não denunciar Bolsonaro ao STF. A resposta a essa pergunta terá implicações importantes para o caso em breve.

Sérvulo Pimentel

Sérvulo Pimentel

Apaixonado pela língua portuguesa e pelo universo militar, Sérvulo é professor há dez anos e atua como redator há cinco, sendo um especialista na produção de notícias sobre Defesa Nacional e sociedade militar. Na Revista Sociedade Militar, dedica-se a levar informações confiáveis e bem apuradas ao público, sempre prezando pela responsabilidade jornalística e imparcialidade. Seu compromisso é contribuir para um debate informado e acessível sobre temas estratégicos e sociais, aproximando os leitores das principais questões que envolvem as Forças Armadas e a sociedade.