Mais do que uma simples palestra que ocorreu no dia 6 de fevereiro com a presença de alguns militares de alta patente, mais do que simples premiações entregues por grandes empresários para oficiais generais do Exército Brasileiro, a palestra do general Tomás Miguel Miné na sede da associação dos maiores industriais do Brasil, a FIESP, que representa mais de 130 mil indústrias, é revestida de alguns significados e envia alguns recados bastante contundentes para quem deseja entender o Brasil dos últimos 10 anos.
Entusiasmado, o próprio Exército divulgou o evento em uma página inteira de seu site principal.
A FIESP recebeu informações privilegiadas em julho de 2022
Refrescando a Memória um pouquinho, a FIESP divulgou, ainda na primeira semana de agosto de 2022, um manifesto em defesa da democracia e não é coincidência que isso tenha ocorrido um mês depois da fatídica reunião ocorrida em 5 de julho de 2022 no Palácio do Planalto. O manifesto da instituição foi endossado por nomes conhecidos, como Carlos Ayres Britto, Sepúlveda Pertence, Sydney Sanches, Carlos Velloso, Joaquim Barbosa, além de banqueiros Roberto Setúbal e Cândido Bracher.
Trecho da NOTA da FIESP
“Hoje, mais uma vez, somos instigados a identificar caminhos que consolidem nossa jornada em direção à vontade de nossa gente, que é a independência suprema que uma nação pode alcançar. A estabilidade democrática, o respeito ao Estado de Direito e o desenvolvimento são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios. Esse é o sentido maior do 7 de Setembro neste ano. Nossa democracia tem dado provas seguidas de robustez. Em menos de quatro décadas, enfrentou crises profundas, tanto econômicas, com períodos de recessão e hiperinflação, quanto políticas, superando essas mazelas pela força de nossas instituições…”
Com isso, fica obvio que as intenções de Heleno, Bolsonaro e comandantes militares vazaram, não há coincidência quando bilhões de dólares estão em jogo e a FIESP, que representa 130 mil empresas, responsáveis por cerca de 40% do PIB do país, não tem o costume de mandar recadinhos sem que esteja realmente bem informada. Com toda a certeza, o manifesto foi publicado porque a entidade recebeu informações que indicavam que algo muito grande estava em planejamento, algo que foi interpretado pela cúpula da federação como potencial causador de prejuízo para a economia do país.
Aliás, sabemos que a inteligência corporativa é muito melhor paramentada do que órgãos de inteligência oficiais. As grandes corporações investem muito em inteligência empresarial para ter em mãos dados que embasem a tomada de decisões estratégicas.
A listagem dos participantes da reunião é longa e qualquer um dos presentes que não fosse simpático às ações propostas por Heleno e Bolsonaro poderia ter vazado as informações. Lembrando que havia ainda auxiliares, militares e garçons nas laterais da sala. As declarações de Heleno deixaram mais que obvias que algo de muito contundente poderia ser feito.
“Nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é se vazar qualquer coisa. Muita gente se conhece nesse meio e se houver qualquer acusação e infiltração desses elementos da Abin em qualquer dos lados… Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições…”
Ministros e autoridades que participaram da reunião
- Bolsonaro
- Braga Netto
- Anderson Torres
- Fernando Simas
- Bruno Eustáquio
- Victor Godoy
- Ronaldo Bento
- Adolfo Sachsida
- Carlos Brito
- Wagner Rosário
- Mário Fernandes
- Augusto Heleno
- Carlos Baptista
- André de Sousa Costa
- José Santini
- Alder Fernandes
- Célio Faria
- Paulo Sérgio Nogueira
- Paulo Guedes
- Marcos Montes
- José Carlos Oliveira
- Fábio Queiroga
- Fábio Faria
- Joaquim Leite
- Daniel Ferreira
- Tatinha Alvarenga
- Bruno Bianco
- Marco Antônio Freire
- Almirante Garnier Santos
- Anderson Assunção
- Flávia Arruda
O recado da FIESP – princípios republicanos
A FIESP entregou em 6 de fevereiro de 2024 a condecoração Ordem do Mérito Industrial ao General Tomás por sua ação em defesa da democracia. A federação de empresários – ainda que não se tenha dito isso no discurso de premiação – elegeu o Exército, instituição de estado por essência e mais influente das três forças armadas, como órgão símbolo da integração entre os brasileiros republicanos. Se em determinados momentos da história brasileira, as Forças Armadas baniram a democracia; em outros, como o atualmente vivido, elas garantiram a permanência da ordem constitucional e – sem dúvida – o Exército brasileiro é um dos grandes responsáveis pelo estado atual das coisas.
O Comandante do Exército foi homenageado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo com a comenda Ordem do Mérito Industrial, concedida a personalidades e instituições que atuam na promoção do desenvolvimento da indústria paulista. Com a comenda a classe empresarial de São Paulo envia um recado contundente, deixando claro que não apóia atos independentes por conta de insatisfação política e que deseja que as decisões no país sejam tomadas de forma republicana.
“Queremos um país próspero, justo e solidário, guiado pelos princípios republicanos expressos na Constituição, à qual todos nos curvamos, confiantes na vontade superior da democracia. Ela se fortalece com união,reformando o que exige reparos, não destruindo; somando as esperanças por um Brasil altivo e pacífico, não subtraindo-as com slogans e divisionismos que ameaçam a paz e o desenvolvimento almejados.”
Com sua submissão ao presidente eleito, o Exército foi um dos primeiros a dar passos claros em direção à pacificação do país
O Comandante do Exército foi homenageado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo com a comenda Ordem do Mérito Industrial, concedida para aqueles que atuam na promoção do desenvolvimento da indústria paulista.
O General Tomás se disse honrado com a comenda e simbolicamente compartilhou a premiação com todos os militares da ativa da força. “Uma semana atrás, eu estava na Terra Indígena Yanomami. É um problema real, um problema que se resolve conversando com as instituições”, afirmou o Comandante, enfatizando o bom relacionamento entre o Exército Brasileiro e demais instituições federais, estaduais e municipais. “Esta é uma comenda que vai para os 212 mil integrantes da Força”.