A Volkswagen, conhecida montadora alemã, está no centro de uma polêmica envolvendo a ditadura militar brasileira e a cantora Elis Regina.
A empresa, que recentemente assinou um acordo de reparação por sua colaboração com o Exército durante o regime militar, lançou uma campanha publicitária que “revive” Elis Regina através da inteligência artificial. A campanha, que celebra os 70 anos da Volkswagen no Brasil, gerou críticas e questionamentos éticos, levando o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) a abrir uma representação ética contra a empresa.
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Clique aqui para entrarContexto: Em 2020, a Volkswagen assinou um acordo milionário de reparação por sua colaboração com a ditadura militar brasileira. A montadora alemã foi acusada de colaborar intensamente com o regime militar de forma voluntária, sem sofrer pressões externas.
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A investigação, iniciada em 2015 e produzida em conjunto pelo Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP), Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e o Ministério Público do Trabalho (MPT), concluiu que a empresa colaborou com a ditadura, resultando em um acordo que incluiu o pagamento de R$ 36,3 milhões em indenizações, além do reconhecimento público dos fatos e retratação.
Elis Regina, uma das maiores vozes da música popular brasileira, teve sua carreira marcada pela ditadura militar no Brasil (1964 -1985). Elis continuou sua carreira mesmo com amigos artistas e compositores sendo exilados, acuados ou presos. Engajada politicamente, Elis chegou a criticar o governo, referindo-se aos líderes como ‘gorilas’. Contudo, também enfrentou críticas da oposição ao ser forçada a cantar o hino nacional durante um espetáculo.
O que aconteceu? Recentemente, a Volkswagen lançou uma campanha publicitária para comemorar seus 70 anos no Brasil, onde utilizou a tecnologia de inteligência artificial para “reviver” a cantora Elis Regina. No vídeo, Elis aparece ao lado de sua filha, Maria Rita, cantando juntas a música “Como Nossos Pais”, passando a impressão de que Elis estaria viva atualmente.
No entanto, a campanha gerou polêmica. Ariane Cavalcanti, produtora cultural, afirmou em frase publicada na agência de reportagem Saiba Mais, que a propaganda contou com a afetividade do povo brasileiro e com o desconhecimento dos fatos históricos relacionados à montadora alemã e ao regime militar no Brasil.
Além disso, segundo a CNN, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu uma representação ética contra a campanha da Volkswagen. A ação foi motivada por queixas de consumidores que questionam a ética de usar a inteligência artificial para “reviver” Elis Regina na propaganda. Os consumidores apontaram questões sobre o “respeito à personalidade e existência da artista, e veracidade”.
A representação questiona ainda se a propaganda pode causar confusão entre ficção e realidade para algumas pessoas, principalmente crianças e adolescentes. A representação será julgada nas próximas semanas pelo Conselho de Ética do Conar.
A campanha da Volkswagen gerou diversas reações nas redes sociais, com opiniões divididas sobre a utilização da imagem de Elis Regina. No Twitter, o usuário Sérgio Santos (@ZAMENZA) elogiou a campanha, dizendo: “O comercial dos 70 anos da Volkswagen acaba de entrar para a história dos melhores e mais emocionantes já feitos. Elis Regina ‘ao lado’ de Maria Rita com as diferentes gerações da Kombi é de uma genialidade absurda. Que coisa linda.”
Por outro lado, Wellington Oliveira (@well_author) expressou uma visão crítica sobre a campanha, imaginando a reação de Elis Regina se estivesse viva:
“Eu acho que se a Elis Regina estivesse viva e visse AI reproduzindo a imagem dela (ainda por cima com a sua música ‘Como Nossos Pais’, contra a ditadura), em comercial da Volkswagen (que apoiou a ditadura), ela diria algo tipo:
“Porque a prepotência ganhou outros nomes: ‘marketing’, merchandising’ —ganhou nomes ingleses, quando na realidade o que existe é prepotência e exacerbação’. Wellington faz referência a uma frase dita por Elis Regina em sua última entrevista, no programa Jogo da Verdade, da TV Cultura, duas semanas antes de sua morte.
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