Dois generais, incluindo o ex-comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, estão no centro de uma polêmica envolvendo um contrato milionário de espionagem. Segundo depoimento à Polícia Federal, o general da reserva Villas Bôas, juntamente com seu colega Luiz Roberto Peret, teria facilitado a negociação de sistemas de inteligência com a empresa Verint Systems, no valor de US$10,8 milhões, sem processo licitatório. A informação é da Folha de São Paulo.
O contrato, fechado em outubro de 2018, destinou recursos da intervenção federal no Rio de Janeiro para a compra de software, incluindo o polêmico First Mile, atualmente sob investigação por suposto uso indevido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A PF apura se a ferramenta foi utilizada para monitorar membros do STF, jornalistas, advogados e políticos durante o governo Bolsonaro.
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Clique aqui para entrarLuiz Roberto Peret, amigo de Villas Bôas e fundador do Instituto General Villas Bôas, teria atuado como intermediário para a Verint Systems. Peret, após se aposentar em 2010, foi contratado pela empresa através de sua própria consultoria.
Caio Santos Cruz, filho do general Santos Cruz (ex-ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro), revelou à PF que Peret mantinha contatos de alto nível com clientes da empresa, destacando que sua atuação ocorria nos bastidores das tratativas comerciais. O contrato, segundo informações obtidas pela Folha de São Paulo, visava ampliar as tecnologias e atualizar softwares já em uso pelo Exército.
A PF investiga o possível desvio de finalidade do contrato, uma vez que o dinheiro destinado à intervenção no Rio de Janeiro teria sido utilizado para um fim diferente do originalmente previsto. O Tribunal de Contas da União também questiona a legalidade do contrato.
Além disso, o contrato foi feito sem licitação. Segundo a PF, o valor do contrato pode ser até 50% maior do que o valor de mercado do software.
O First Mile é suspeito de ter sido usado pela Abin para invadir a rede de telefonia e rastrear a localização de celulares sem autorização judicial.
Procurados pela Folha, tanto Villas Bôas quanto Peret optaram por não comentar sobre as acusações.