Em uma era onde a inovação tecnológica redefine os campos de batalha, o Reino Unido decidiu posicionar-se na vanguarda do desenvolvimento e produção de sistemas de defesa não tripulados. Um relatório recente do Ministério da Defesa britânico lança luz sobre os esforços e estratégias do país nesse campo que veio para ficar.
A Evolução dos Sistemas Não Tripulados
Poucos sabem, entretanto, historicamente, o uso de sistemas não tripulados remonta à Primeira Guerra Mundial, mas a sua aplicação sofreu uma transformação radical nos tempos modernos. De ferramentas de reconhecimento a instrumentos de ataque de precisão, esses sistemas estão agora no cerne da inovação militar e poucos exércitos hoje não possuem pelo menos um drone.
Desafios e Oportunidades
A escalada no uso de sistemas não tripulados em cenários de conflito é evidente para qualquer pessoa minimamente interessada em assuntos de defesa. A democratização de tecnologias comerciais e militares de dupla utilização ampliou significativamente o alcance desses sistemas, tornando-os acessíveis e estratégicos para operações militares em larga escala. Alguns países com poucos recursos chegam a adaptar drones vendidos em sites da internet para uso em combate, a Ucrânia chegou a fazer isso em sua empreitada contra os russos.
Aprendizados e Adaptações sobre sistemas de defesa não tripulados
A guerra na Ucrânia serviu como um campo de testes para a aplicação e eficácia dos sistemas não tripulados, com o Reino Unido aprendendo lições valiosas sobre o desenvolvimento e fornecimento desses dispositivos. A necessidade de adaptação rápida às mudanças tecnológicas desafia os métodos convencionais de aquisição e desenvolvimento, impulsionando uma revisão na abordagem para manter o ritmo com a inovação acelerada.
“A empresa de defesa do Reino Unido – governo e indústria em conjunto – enfrentou o desafio de apoiar a Ucrânia. Já fornecemos milhares de sistemas não tripulados, continuando o nosso recente compromisso anual de 2,5 mil milhões de libras em apoio militar à Ucrânia, incluindo centenas de milhões para apoiar plataformas logísticas, de vigilância, de ataque e marítimas não tripuladas… Aprendemos, e continuaremos a aprender, lições importantes relacionadas com a tecnologia não tripulada da guerra ilegal da Rússia na Ucrânia, incluindo o desenvolvimento e o fornecimento de sistemas não tripulados de ataque aéreo e marítimo de longo alcance… Também aprendemos lições mais amplas para a aquisição: a natureza acelerada da adaptação tecnológica ao lado da indústria, medida por vezes em semanas, desafiando os nossos métodos tradicionais de desenvolvimento e aquisição. Isto exige uma mudança na nossa abordagem de aquisição para fornecer capacidades eficazes, interoperáveis e seguras em ritmo acelerado.”, relatório de fevereiro do Ministério da Defesa do Reino Unido, Defense Drone Strategy: The UK’s Approach to Defense Uncrewed Systems
Estratégias e Visão para o futuro
A estratégia do Reino Unido não se limita ao desenvolvimento de capacidades; ela abrange a integração de componentes, software e redes de suporte para criar sistemas não tripulados mais eficientes e interoperáveis. Com uma colaboração estreita entre governo e indústria, o objetivo é não apenas aprimorar as capacidades defensivas nacionais mas também afirmar o país como líder global no setor. A visão é clara: integrar e operar sistemas não tripulados e autônomos de maneira a aprimorar significativamente as capacidades defensivas do Reino Unido.
Um exemplo para outras nações
O Reino Unido empreendeu uma jornada ambiciosa para se estabelecer como líder global no avanço da tecnologia de defesa não tripulada, uma inovação com o potencial de revolucionar os campos de batalha contemporâneos. Com um compromisso robusto com o financiamento da pesquisa, desenvolvimento e produção, e ao incorporar valiosas lições de conflitos recentes, a nação se coloca na vanguarda da guerra tecnológica.
A abordagem estratégica adotada pelo Reino Unido serve de modelo para o mundo e alerta para uma grande oportunidade, destacando a importância crescente e irrefreavel de sistemas não tripulados nas doutrinas militares modernas. Países – quem sabe o Brasil – que seguirem nessa direção, investindo no desenvolvimento de componentes, softwares e equipamentos neste segmento, estarão, sem dúvida, em vantagem sobre seus adversários no futuro. Aqueles que perderem o “barco” e ficarem de fora, certamente se tornarão dependentes de outras nações no quesito defesa.
Robson Augusto, militar R1, sociólogo, jornalista. Revista Sociedade Militar. Com dados de: https://assets.publishing.service.gov.uk/media/65d724022197b201e57fa708/Defence_Drone_Strategy_-_the_UK_s_approach_to_Defence_Uncrewed_Systems.pdf