Palavras como confronto e nervosismo podem definir a reunião na Comissão de Relações Exteriores e Defesa nacional que ocorreu em 17 de abril, a última quarta – feira. Entre tantas questões políticas colocadas por deputados de direita e de esquerda, acabou quase desaparecendo as colocações que dizem respeito á moral da tropa, a seguraça daqueles que estão na chamada ponta da linha, de fato carregando fuzis e mergulhando os coturnos e as vezes os corpos inteiros na lama da margem dos Rios da Floresta Amazônica, arriscando as suas vidas dezenas de vezes a cada vez que partem para uma missão.
As feições de Tomás Miguel Miné, General de Exército que atualmente é o comandante do Exército Brasileiro, não deixavam dúvida que se sentia desconfortável, estarrecido diante da pressão inesperada.
Em nenhum momento da história se viu o comando das três Forças Armadas tão pressionado pela tropa, que tem realizado protestos de rua denunciando irregularidades e tem conseguido acesso e oportunidades para, através de parlamentares e as vezes até ocupando as tribunas das casas legislativas, expressar seu descontamento e expor a desproporcionalidade nas diferenças salariais e de direitos entre topo e base da pirâmide de pessoal das instituições militares brasileiras.
O deputado federal Albuquerque (Republicanos), que foi militar do Exército, mencionou que no estado dele, Roraima, um aluno soldado da policia militar recebe salário maior do que recebe um sargento do Exército Brasileiro. O parlamentar questionou enfaticamente sobre solicitações de ajustes nas carreiras de sargentos feitas pela própria presidente do Partido dos Trabalhadores, a deputada Gleisi Hoffmann que aparentemente foram engavetadas pelo Ministério da Defesa. O deputado disse ainda que pode comprovar o que está falando com contracheques que lhe foram entregues por militares.
Contracheques que comprovam
“Tenho comigo alguns contracheques que comprovam que os altos estamentos foram muito beneficiados com a Lei nº 13.954 e que militares de baixa patente… Até o momento, por que o Ministério da Defesa ainda não respondeu à Indicação nº 1.370, de 2023, da Deputada Gleisi Hoffmann, que propõe corrigir os decréscimos salariais em questão, entre outras, com a sugestão de reparo dessa lei?”, disse o deputado, que tem sido um dos parlamentares que mantém contato com a tropa.
Beneficiando os oficiais
O parlamentar disse ainda que a lei aprovada durante o governo anterior beneficiou oficiais e deixou graduados como os sargentos, sem qualquer espécie de reajuste salarial.
“ criou diversas distorções, prejudicando praças e graduados e beneficiando somente os oficiais. Ministro, basta pegar os contracheques e comparar. Se considerarmos os contracheques de antes e os após a aprovação dessa lei, vamos entender, sem nenhuma matemática lógica, o que aconteceu. Houve uma depreciação dos contracheques dos QEs, e os dos oficiais acresceram, foram de 5 mil reais a 10 mil reais”