O Exército Brasileiro deu início à segunda fase da Operação Catrimani, intensificando o combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, abrangendo os estados do Amazonas e de Roraima.
A operação mobiliza cerca de 800 militares das Forças Armadas, utilizando recursos fluviais, terrestres e aéreos, sob coordenação do Ministério da Defesa.
As ações incluem a destruição de infraestruturas de garimpo e apoio logístico às emergências governamentais, em colaboração com diversos órgãos de segurança e a Casa de Governo.
Desde o início da Operação Catrimani II, em abril, já foram realizadas ações significativas como a apreensão e destruição de um helicóptero, desmontagem de acampamentos de garimpo e a apreensão de equipamentos.
Esta operação segue a primeira fase, que ocorreu de janeiro a março deste ano, onde as Forças Armadas prestaram auxílio humanitário a comunidades indígenas e combateram o garimpo ilegal com apoio da Polícia Federal e da Polícia Civil de Roraima.
A Terra Indígena Yanomami, lar de aproximadamente 27 mil indígenas, é uma região de acesso difícil, sem estradas e com rios pouco navegáveis, abrangendo uma área maior que Portugal.
A atual fase da operação também continua os esforços de uma força-tarefa do Governo Federal iniciada em janeiro de 2023, que já resultou na detenção de 165 garimpeiros e na entrega de suprimentos significativos às comunidades indígenas.
A crise humanitária na Terra Indígena Yanomami, que se arrasta por décadas, está no centro de uma disputa política intensa.
A esquerda é acusada de capitalizar politicamente sobre a situação trágica dos indígenas ao culpar Bolsonaro pela crise. Dados e relatos históricos desafiam a narrativa de que os problemas na região são uma novidade do último governo.
Segundo um levantamento da “Gazeta do Povo” publicado em 2023, utilizando informações da Lei de Acesso à Informação, os problemas de mortalidade infantil elevada, frequentes casos de malária e alta insegurança alimentar têm afetado a região há décadas, com pouco ou nenhum progresso substancial sob diversos governos.
Especialistas e fontes com experiência de campo, incluindo o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, apontam para uma “negligência histórica” que transcende governos recentes, sugerindo que a tragédia é um resultado de falhas continuadas ao longo do tempo.
Por outro lado, a recente ascensão do garimpo ilegal na região é apontada como um fator exacerbante da crise humanitária, embora também não seja um fenômeno novo.
A lei sobre a presunção da boa-fé no comércio de ouro, aprovada em 2013 sob o governo de Dilma Rousseff e suspensa pelo STF no primeiro semeste de 2023, é frequentemente citada como um marco que dificultou a fiscalização e ajudou no crescimento do garimpo ilegal.
Samuel Souza, ex-diretor de Proteção Ambiental do Ibama, critica as alegações de que o aumento recente no garimpo é o principal causador dos problemas atuais, destacando que o crime organizado já estava envolvido na região desde 2013.
Essa complexa interação entre ação governamental, legislação e atividades criminosas destaca a dificuldade de atribuir a responsabilidade a um único agente ou período, refletindo a natureza multifacetada e prolongada da crise na Terra Yanomami.
Revista Sociedade Militar, com informações de STF, Exército Brasileiro e Gazeta do Povo