A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) condenou o ex-presidente Emílio Garrastazu Médici, figura emblemática do regime militar brasileiro (1964-1985), antes mesmo da instalação da Comissão da Memória e da Verdade da instituição. A decisão, tomada pelo Conselho Universitário, revoga o título de doutor honoris causa concedido ao general em 1974, durante o regime militar.
A Comissão, criada em 11 de março, visa apurar responsabilidades e atos antidemocráticos ocorridos na Uerj durante o período militar. A iniciativa faz parte de um movimento de “revanchismo histórico” que busca reavaliar o legado da ditadura e reparar os danos causados.
Embora a Comissão ainda não tenha iniciado seus trabalhos, o caso de Médici foi analisado de forma excepcional pelo Conselho Universitário. A decisão, unânime, considerou o papel do general na repressão política e nas violações de direitos humanos durante seu governo (1969-1974).
Segundo a presidente da Comissão, Dirce Solis, a revogação do título é um ato de justiça para com os estudantes, professores e funcionários da Uerj que sofreram perseguições e violências durante a ditadura.
“Foram mentores de atos repressivos de toda monta, de atos de perseguição política a nossos estudantes, professores e funcionários da universidade. Por isso, é pertinente que, a exemplo de outras universidades que já o fizeram, a Uerj reavalie e possa revogar essas supostas honrarias”, afirmou a professora.
A Comissão da Memória e da Verdade da Uerj continuará investigando outros casos de homenagens a figuras do período militar.
Fonte: Agência Brasil