Em meio ao maior conflito bélico na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, uma nova declaração vinda do Kremlin levanta dúvidas sobre a real capacidade do exército russo.
Mesmo com as fábricas operando sem parar e as estatísticas apontando para uma explosão na produção de tanques, drones e munições, há um novo detalhe que começa a preocupar até os mais fiéis aliados de Moscou.
A engrenagem da guerra, apesar de aparentemente bem lubrificada, começa a dar sinais de falha em áreas cruciais.
E dessa vez, não é um relatório da inteligência ocidental, mas palavras diretas de Vladimir Putin, que acendem o alerta sobre o que realmente está acontecendo dentro das forças armadas russas.
Putin admite escassez de armas na Rússia, mesmo com produção recorde
Segundo informações do portal ”Reuters”, mesmo com fábricas operando 24 horas por dia e números impressionantes de produção militar, o presidente Vladimir Putin admitiu uma verdade incômoda: falta armamento para as tropas russas.
A declaração, feita no quarto ano da guerra contra a Ucrânia, expõe falhas logísticas e contradições na estratégia militar da Rússia.
Durante uma reunião da Comissão Militar-Industrial, transmitida pela televisão russa, Putin reconheceu publicamente que as Forças Armadas do país ainda enfrentam carências graves em diversos tipos de armamento, incluindo drones, mesmo com a escalada na produção de equipamentos bélicos.
Segundo ele, quase todas as empresas de defesa do país cumpriram os pedidos estabelecidos no ano anterior, com destaque para a duplicação da fabricação de sistemas de guerra eletrônica, equipamentos de comunicação e armas convencionais.
Apesar dos esforços, o líder russo foi direto:
“Eu sei muito bem, e muitos aqui presentes também sabem, que ainda não há armamento suficiente. Não são suficientes”, declarou Putin, em tom de frustração e urgência.
A maior máquina de guerra do século XXI?
A fala de Putin contradiz diretamente os dados que ele mesmo apresentou. De acordo com o presidente, em 2024, foram entregues mais de 4 mil veículos blindados, 180 aeronaves entre aviões e helicópteros, além de mais de 1,5 milhão de drones.
Esse número inclui cerca de 4 mil drones FPV (com visão em primeira pessoa), cada vez mais populares em guerras modernas por sua capacidade de oferecer precisão cirúrgica em ataques rápidos e direcionados.
Ainda assim, a percepção do alto comando russo é de que os estoques continuam abaixo do necessário para sustentar os avanços militares no leste ucraniano.
Produção em massa, resultados em dúvida
Desde 2022, quando a invasão da Ucrânia teve início, a Rússia vem ajustando suas fábricas militares para operar em regime de produção ininterrupta. Muitas instalações passaram a funcionar 24 horas por dia, 7 dias por semana, com foco total na reposição e no aumento do poder de fogo.
Além da produção interna, Moscou tem recorrido a aliados estratégicos para reforçar seus arsenais. O Irã, por exemplo, forneceu milhares de drones do modelo Shahed, que vêm sendo usados com frequência em ataques noturnos. A Coreia do Norte, por sua vez, enviou mísseis balísticos, artilharia e até sistemas de foguetes.
Apesar dessas medidas, as frentes de batalha continuam relatando escassez de munição, drones de ataque e equipamentos modernos, o que obriga os soldados russos a operarem com tecnologia de segunda linha ou de forma improvisada.
Uma guerra de desgaste e de logística
Especialistas em defesa apontam que a admissão feita por Putin é mais do que uma confissão tática: é um sinal claro de que a guerra na Ucrânia está se tornando insustentável sob a ótica da logística e da produção armamentista.
“Produzir não significa distribuir com eficiência“, avalia o analista militar Alexander Golts, em entrevista à imprensa europeia. Ele aponta falhas graves na gestão da cadeia de suprimentos e no transporte de equipamentos até as linhas de frente, especialmente em regiões mais críticas como Donetsk e Luhansk.
Enquanto isso, a Ucrânia recebe cada vez mais apoio do Ocidente, especialmente dos Estados Unidos e da União Europeia, o que amplia ainda mais o desequilíbrio técnico entre os dois lados.
Escassez de drones preocupa Kremlin
A maior preocupação de Putin, revelada nos bastidores e agora confirmada em público, parece estar concentrada na produção de drones militares. Esses equipamentos se tornaram essenciais na guerra moderna, permitindo ataques precisos, vigilância constante e defesa contra ofensivas inesperadas.
Putin demonstrou confiança de que a produção será ajustada.
“Tenho certeza de que todos os planos para aumentar a produção dos equipamentos necessários, neste caso drones, certamente serão concretizados. Eles estão aguardando ansiosamente na frente de batalha”, afirmou o presidente, dirigindo-se aos líderes da indústria militar.