A segurança pública do Rio de Janeiro pode estar prestes a ganhar uma nova força de atuação ostensiva, e os servidores da Guarda Municipal têm agora a chance de integrar uma elite armada com salários atrativos e formação especializada.

O edital publicado pela Prefeitura do Rio nesta quarta-feira (4) marca o início do processo seletivo que visa criar a Divisão de Elite da Guarda Municipal, mesmo antes da votação final do projeto de lei que autoriza a iniciativa na Câmara de Vereadores.

A proposta, ainda em tramitação legislativa, já foi aprovada em primeira discussão e avança para uma votação decisiva.

Apesar de o texto legal ainda não estar plenamente vigente, a prefeitura decidiu antecipar o processo seletivo, evidenciando a urgência na implementação da nova tropa.

A medida foi anunciada em Diário Oficial, com detalhes importantes sobre o perfil dos candidatos, as etapas de avaliação e a estrutura da nova unidade armada.

Seleção será exclusiva para guardas efetivos

Segundo o edital, serão abertas 600 vagas em duas turmas, exclusivamente voltadas a servidores efetivos da Guarda Municipal do Rio (GM-Rio).

Neste primeiro momento, a seleção não será aberta ao público externo.

Ou seja, apenas guardas que já integram o quadro da instituição poderão se candidatar.

A formação prevista terá como foco o policiamento ostensivo armado, com atuação voltada ao combate direto de delitos como furtos e roubos em áreas públicas, além de outras ações preventivas.

Trata-se de uma iniciativa inédita no município, que aproxima o modelo da Guarda Municipal das práticas operacionais das polícias tradicionais.

Etapas do processo seletivo

A seleção dos candidatos será criteriosa.

O processo envolve cinco etapas principais:

• Avaliação da ficha funcional do candidato, incluindo histórico disciplinar e desempenho profissional.
• Teste de aptidão física (TAF), que deverá aferir resistência, força e agilidade dos participantes.
• Exames de saúde e toxicológico, para garantir a plena capacidade física e mental dos candidatos.
• Avaliação psicológica, focada no perfil emocional e comportamental compatível com a função armada.
• Investigação social, com análise de antecedentes criminais e conduta pública.

Todas essas fases visam garantir que apenas os candidatos mais preparados e alinhados com a missão da nova força ingressem na divisão.

Como se inscrever e acompanhar o concurso

As inscrições para o processo seletivo já estão abertas e devem ser realizadas por meio de um link oficial disponibilizado pela Prefeitura do Rio.

Os interessados devem acessar o Diário Oficial do Município e a página oficial da Guarda Municipal para obter o edital completo, ler atentamente os requisitos e enviar sua candidatura dentro do prazo estipulado.

É fundamental que os servidores confiram os critérios de elegibilidade, principalmente no que se refere ao tempo de serviço, histórico funcional e aptidão física.

O acompanhamento das próximas fases — como convocação para testes e cronograma de avaliações — será feito pelas plataformas oficiais da prefeitura e também no Centro de Operações Rio (COR), que coordena parte das ações logísticas do processo.

Comparativo com concursos anteriores

Embora este edital seja voltado exclusivamente para efetivos, vale lembrar que os concursos anteriores da Guarda Municipal do Rio seguiam o modelo tradicional de ingresso para novos servidores.

Em 2012, por exemplo, foi realizado um concurso público com mais de 2 mil vagas e salários iniciais em torno de R$ 1.400.

Já em 2019, o município voltou a sinalizar a necessidade de reforço no efetivo, mas sem edital lançado à época.

Com a nova proposta de criação de uma força armada, o perfil do servidor também muda.

Agora, exige-se maior preparo físico, psicológico e técnico, alinhado às responsabilidades do uso de armamento e atuação em áreas sensíveis da cidade.

O salário da nova tropa poderá ultrapassar os R$ 13 mil com gratificações, valor superior ao recebido por policiais militares em início de carreira no estado.

Projeto ainda precisa de aprovação final

O edital foi publicado antes mesmo da conclusão da tramitação legislativa.

A proposta da criação da Força Armada da Guarda Municipal foi aprovada na Câmara dos Vereadores em primeira discussão com 33 votos favoráveis, 14 contrários e uma abstenção.

A votação final ainda depende de análise nas comissões temáticas da Casa, onde novas emendas podem ser sugeridas.

Uma das discussões mais polêmicas foi justamente sobre a possibilidade de contratar agentes temporários, além dos efetivos.

Uma emenda apresentada para barrar essa medida foi rejeitada em plenário.

A tendência, portanto, é que a tropa seja composta tanto por efetivos quanto por futuros contratados temporários, caso o projeto seja aprovado integralmente.