Silenciadores. Como isso deve mudar o panorama tático
Apresentamos um belo artigo sobre a importância desse equipamento cada vez mais utilizado por militares e membros das instituições de segurança pública. A Revista The Way of the Warrior(s) têm ótimos materiais escritos por quem conhece o assunto.
Uma coluna inimiga aproxima-se da posição das Forças Portuguesas, estes últimos montaram uma emboscada em L nas bordas de uma clareira. O Comandante Português, quando entende que o inimigo está na posição desejada ordena que os snipers colocados no flanco direito abram fogo sobre a retaguarda inimigo. Ao sofrer as primeiras baixas na retaguarda, pensam que estão a ser atacados dessa direção e abrem fogo em resposta, ao mesmo tempo que manobram na direção oposta, sem se aperceberem que ainda se colocaram mais na zona de morte Portuguesa, é nessa altura que abrem fogo metralhadoras e espingardas de assalto criando um volume de fogo devastador.
O Comandante inimigo continua sem se aperceber da direção de onde vêm os disparos e todas as tentativas de manobra só o colocam mais perto das forças Portuguesas até ser completamente aniquilado. Este é apenas um potencial cenário do que poderá acontecer num futuro não muito distante quando unidades Portuguesas entrarem em Combate equipando todas as suas armas ligeiras (Espingarda de Precisão, Espingardas de Assalto e Metralhadoras Médias e Ligeiras) com silenciadores. Desde que foram introduzidos silenciadores nas Forças Armadas de todo o mundo, que estes têm influenciado algumas das suas táticas. No início, mais em operações encobertas, missões especiais e eliminação de sentinelas, com excelentes resultados principalmente na Segunda Guerra Mundial.
No entanto o seu uso tem vindo a evoluir muito, os manuais Russos dos anos 80 já ensinavam táticas de infantaria onde o uso de silenciadores é muito recomendado para montar este tipo de emboscadas descrito, e embora saibamos que o silenciador não oculta por completo o som dos disparos, este ajuda em muito a confundir o inimigo sobre a posição de onde vêm os disparos tanto ao nível de som como visualmente ocultando as labaredas à boca do cano.
As Forças Especiais, possuem normalmente recursos financeiros maiores, o que lhes permite mais facilmente a aquisição de silenciadores, e assim, em vários Países, têm cada vez mais generalizado o seu uso, especialmente a nível nas equipas de Sniper modernas que não os dispensam. Também ao nível dos calibres se deram bastantes avanços. Nas espingardas de assalto o .300BLK é uma munição que se tem afirmado ao ponto de as Forças de Operações Especiais da Marinha Dinamarquesa terem adquirido umas dezenas de SIG MCX neste calibre e as estarem a introduzir ao serviço com silenciador integrado.
Desde 2013 que não havíamos escrito mais nada sobre silenciadores, no entanto dado o panorama Nacional das Forças Armadas e vendo a evolução e investimentos que foram feitos neste sentido, e ainda para mais quando se prevê a aquisição de uma nova espingarda de assalto para o Exército Português, pareceu-nos coerente voltar a falar nesta peça de equipamento tão importante para os militares da era atual. E é de tal modo importante que dentro do US Marines já se fala mesmo em criar unidades em que a maioria das armas de infantaria (espingardas de assalto; metralhadoras ligeiras, médias e pesadas; e espingardas de precisão e atirador especial) serão equipadas com silenciadores.
Em Portugal apenas as Forças Especiais têm acesso a este tipo de equipamento, sendo o seu uso já quase generalizado no Centro de Tropas de Operações Especiais do Exército Português, onde todas as HK 416 estão preparadas para tal, assim como as armas de sniper, tanto as ligeiras como as mais pesadas Barret M107A1.
Os silenciadores de uma arma de fogo trabalham da mesma maneira que um silenciador de um escape de um automóvel ou de um cortador da relva. Ambos fornecem um ambiente controlado, onde os gases que são expelidos de um tubo podem expandir-se e arrefecer, para que deste modo saíam com menos energia e ruído. Um silenciador típico tem uma espécie de caixa dividida em várias câmaras por determinadas barreiras. Cada barreira tem uma passagem através do qual um projétil pode passar. Quando a arma hospedeira é disparada, o projétil sai do cano e passa através do silenciador, porém, os gases que impulsionam o projétil expandem-se para as câmaras onde ficam retidos temporariamente.
Quando encontram o caminho para fora do silenciador, já os gases diminuíram consideravelmente a sua velocidade e, portanto, vão produzir menos ruido. Um silenciador apenas reduz a assinatura sonora da saída de gazes da arma e nunca conseguirá influenciar o som produzido pelo projétil ao ultrapassar a velocidade do som. Este faz um som muito característico conhecido com o “crack” da barreira do som. Uma arma com silenciador para ser ainda mais eficaz na redução da assinatura sonora, deverá usar munições subsónicas (em que o projétil viaje abaixo da velocidade do som), o que nas armas de assalto, em termos de letalidade e fiabilidade, as tornariam quase ineficazes.
Benefícios do uso do silenciador
Protegem a Audição – Protegem o atirador e os que o rodeiam de surdez temporária e de lesões auditivas irreversíveis que podem levar à surdez definitiva. Estas podem resultar somente da exposição a um único tiro, sendo estas lesões das maiores causas de baixas no campo de batalha.
Permitem a identificação de amigo ou inimigo – Quando todos os membros de uma equipe têm silenciadores, a oposição é imediatamente identificável pela típica labareda das armas e ruído.
Melhoram capacidade de Comando e Controle – Os Silenciadores permitem que os membros das equipes comuniquem entre si facilmente, mesmo durante os combates, permitindo assim um melhor comando e controle sobre as suas ações.
Melhoram o controlo sobre a arma – Os Silenciadores reduzem a elevação do cano aquando do disparo possibilitando um 1º tiro mais preciso, assim como, um acompanhamento mais rápido para tiros consequentes. Melhoram a precisão – Quando usado nas carabinas, em geral, os silenciadores melhoram a precisão destas.
Promovem a estabilização do cano e reduzem a instabilidade produzida pela saída de gazes quando o projétil saí do cano. Também permitem que o atirador não esteja tão tenso à espera da deflagração da munição e fazendo assim com que a arma não mexa tanto.
Artigo completo, incluindo a história dos silenciadores pode ser lido na REVISTA WARRIORS.
Publicado com autorização de ACADO-Associação de Colecionadores e Atiradores do Oeste (Portugal) – Revista Sociedade Militar