Patriotas – intervencionistas são expulsos de área militar. Manifestantes já demonstram irritação por demora do Exército em responder aos pleitos
Acampados na frente dos quartéis já faz mais de um mês, os militaristas, que se definem como democratas, conservadores e de direita, persistem acreditando que em breve as Forças Armadas vão realizar algum movimento que impeça Luís Inácio Lula da Silva de tomar posse como presidente do Brasil. Eles discordam do resultado das urnas e com base nas notas divulgadas pelo Ministério da Defesa, que disse que não está excluída a possibilidade de fraude, se mantém na frente dos quartéis aguardando uma reação militar.
“ o Ministério da Defesa esclarece que … não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022. Ademais, o relatório indicou importantes aspectos que demandam esclarecimentos.” (Trecho de nota oficial da Defesa)
A cada nova portaria do Ministro da Defesa no Diário Oficial, a cada atualização de documentos, a cada promoção de sargentos ou oficiais se renovam as esperanças de que a intervenção militar vai começar.
Mesmo as mensagens mais simples recebidas de militares podem para eles significar que as coisas estão em andamento, afinal – um militar envia mensagens em códigos – como diz um manifestante que lidera um grupo de Telegram. As movimentações rotineiras de viaturas militares também chamam bastante a atenção, um caminhão ou um utilitário quando passa perto dos manifestantes costuma receber aplausos.
A fé de que os militares já estão se movimentando é tanta que tem sido cada vez mais comum a solicitação para que não se poste nos grupos de Telegram e WhatsApp textos que mencionam onde estão transitando veículos militares, para que a esquerda não tenha tempo de se preparar contra os “ataques”. Aqueles que cometem a “infração” são repreendidos e chamados de idiotizados.
Entretanto, muitos já começam a sentir o peso do tempo. Na semana passada um grupo invadiu uma área restrita do Exército em Brasília, nas proximidades do Quartel General da força. Em coro cantavam “só saio daqui quando responder” e acabaram sendo expulsos pelos militares. Sargentos e oficiais tiveram que, aos gritos, adverti-los que se não quisessem problemas deveriam ir para longe.
Nas redes sociais esse grupo de manifestantes foi muito criticado. Chamados de infiltrados, tiveram que ouvir conselhos de alguém que é amigo de um irmão de um coronel, que disse: “são tolos, os militares estão agindo, mas as coisas acontecem com estratégia…”
Tragédia anunciada! EB tem que decidir entre ser queridinho dos intervencionistas, entre alimentar ilusões e falar a verdade, que não há possibilidade de intervenção militar. Da demora pode vir a tragédia. … “só saio daqui quando responder”. (Vídeo do https://t.co/2OvMBF3aQ3) pic.twitter.com/LVpaI6MAHm
— Revista Sociedade Militar (@SocMilitar) December 8, 2022
Os manifestantes do Distrito Federal deixaram bem claro o que desejam. Eles querem uma resposta. Mas, as Forças Armadas hoje aparentemente têm dado mais importância às suas redes sociais do que ao mundo físico e real.
Nessa quarta-feira o site montedo.com, um dos mais acessados por militares das Forças Armadas e auxiliares, publicou nota criticando um vídeo com informações mentirosas e o posicionamento de alguns militares, que mesmo conhecendo há anos a estrutura das instituições, permanecem alimentando a esperança de que haverá uma “ação militar’
O Exército hoje têm milhões de seguidores nas redes sociais, algo planejado pelo ex-comandante, o general Villas Bôas, isso é considerado como um grande patrimônio, ferramenta eficaz para manter o status e manter uma comunicação direta com a sociedade, sem a necessidade de ajuda advinda dos veículos de comunicação tradicionais. Contudo, a maior parte dos seguidores são pessoas que mantém a esperança de que ocorra de fato uma intervenção militar e justamente por isso as assessorias de comunicação temem causar decepção, que com isso se perca parte significativa dessa grande conquista, já que hoje as Forças Armadas estão entre os maiores influenciadores sociais do país.