A Polícia Federal realizou nesta sexta-feira, 2/6 uma operação de busca e apreensão contra membros de um grupo neonazista formado em um aplicativo de mensagens. O motivo da ação são os trágicos eventos ocorridos no dia 25/11/2022, quando um menor de idade invadiu duas escolas na cidade de Aracruz/ES e disparou uma arma de fogo, resultando na morte de quatro pessoas e deixando outras 13 feridas.
Após uma pronta atuação da Polícia Civil do Espírito Santo, o adolescente foi apreendido e as investigações foram compartilhadas com a Polícia Federal, mediante autorização judicial. Durante as apurações, foi descoberto que o infrator fazia parte de um grupo de chat e canal de um aplicativo de mensagens, no qual os participantes compartilhavam material relacionado ao Extremismo Violento Ideologicamente Motivado (EVIM).
Esses materiais incluíam tutoriais de assassinato, vídeos de mortes violentas, fabricação de explosivos, promoção de ódio contra minorias e disseminação de ideais neonazistas. Suspeita-se que a influência dessas mensagens tenha motivado o menor a cometer os assassinatos em massa.

A investigação revelou que os arquivos de conteúdo extremista violento encontrados no celular do adolescente foram baixados do canal do aplicativo em que ele participava. Além disso, o fato de o menor ter utilizado uma cruz suástica em sua vestimenta durante o ataque reforça a teoria de que o atentado foi motivado por intolerância racial, étnica e religiosa, para causar terror social.
Segundo as leis brasileiras, essa conduta é considerada crime de terrorismo.
Apesar da pouca colaboração da empresa responsável pelo aplicativo em fornecer os dados necessários para identificar os membros do grupo (Telegram), a Polícia Federal conseguiu identificar dois indivíduos que interagiam ativamente com postagens de teor racista e antissionista.
Eles estão sendo investigados por corrupção de menor de 18 anos, por influenciarem o adolescente a cometer a infração penal prevista na Lei de Terrorismo, bem como por homicídio qualificado. Além disso, eles são acusados de compartilhamento de material antissemita, racista e de extremismo violento, o que configura o crime previsto na Lei contra o Racismo.
As ações da Polícia Federal estão sendo executadas nas cidades de São Paulo/SP e Petrolina/PE. Caso sejam condenados, os investigados poderão cumprir penas que, somadas, atingem 72 anos de reclusão.
É importante destacar que tanto o crime de terrorismo quanto o de homicídio qualificado são considerados hediondos pela legislação vigente.