Segundo o jornal The Moscow Times, o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) — antiga KGB — afirmou ter desmantelado uma rede internacional de fraudes que enganou mais de 100 mil pessoas em 50 países, incluindo o Brasil. O grupo, que gerava receitas de até US$ 1 milhão por dia, operava sob o pretexto de falsos investimentos.
De acordo com o The Moscow Times, agentes do FSB invadiram um call center ligado ao esquema, localizado em um centro empresarial, e prenderam 11 pessoas, incluindo Jacob Keselman, cidadão israelense-ucraniano, apontado como um dos líderes da operação. Outro acusado, David Todua, cidadão israelense-georgiano, teve um mandado de prisão emitido. O FSB também relacionou a rede ao ex-ministro da Defesa da Geórgia, David Kezerashvili, identificado como o fundador da empresa Milton Group, responsável pelas fraudes.
O Milton Group já havia sido denunciado em 2020 por um relatório do Consórcio de Jornalistas Investigativos (OCCRP), que apontou que a empresa, com sede em Kiev, usava falsas promessas de retorno em investimentos financeiros e forex para enganar vítimas. Jacob Keselman, conhecido nas redes sociais como “O Lobo de Kiev”, negou as acusações na época, enquanto Todua rejeitou qualquer vínculo com o grupo, apesar de evidências que conectam sua empresa Naspay à administração de pagamentos fraudulentos.

Ainda segundo o The Moscow Times, o FSB afirmou que, além das fraudes financeiras, o call center teria sido usado, sob ordens do serviço de segurança da Ucrânia (SBU), para enviar falsas ameaças de terrorismo na Rússia em 2022, durante o auge da guerra entre os dois países.
O Brasil aparece como uma das dezenas de nações atingidas pelo esquema, ao lado de Reino Unido, Canadá, Índia, Japão e outros países da União Europeia. As fraudes, que se valiam de promessas enganosas de investimentos, destacam a vulnerabilidade de investidores diante de operações sofisticadas como a do Milton Group.
O FSB garantiu que as investigações continuam em busca de desmantelar a rede criminosa em sua totalidade. Enquanto isso, as autoridades alertam sobre os riscos de esquemas financeiros fraudulentos que têm como alvo cidadãos em diversos países, incluindo o Brasil.