Em um discurso direto e alarmante, o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, mandou um recado contundente aos membros da aliança de segurança: aumentem seus gastos com defesa ou se preparem para aprender russo – ou, no caso mais extremo, considerar um futuro na Nova Zelândia. “Estamos seguros agora, mas não em quatro ou cinco anos”, advertiu ele nesta segunda-feira, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França.
A declaração de Rutte, publicada por Business Insider, reflete a crescente preocupação da OTAN com a ameaça representada pela Rússia e o presidente Vladimir Putin. Ele pediu que os países europeus priorizem urgentemente investimentos em defesa. “Estou profundamente preocupado com a situação de segurança na Europa. Não estamos em guerra, mas também não estamos em paz“, afirmou, destacando que o aumento da resiliência das sociedades e da infraestrutura crítica “não pode esperar”.
O apelo de Rutte ocorre em um momento de reorganização econômica e estratégica da Europa, motivada pela guerra em curso na Ucrânia e pelas incertezas em torno do apoio dos Estados Unidos sob Donald Trump, presidente eleito e conhecido por seu ceticismo em relação à aliança transatlântica. Trump, que já ameaçou retirar os EUA da OTAN durante seu primeiro mandato, agora defende que os países-membros elevem os gastos militares para 5% do PIB – uma meta muito acima do objetivo atual da organização, de 2%.

Apesar de avanços recentes, como os 23 dos 32 membros da OTAN que agora alcançam os 2% do PIB, muitos ainda estão aquém do ideal. Rutte destacou que a nova meta deve ser em torno de 3,7%, o que exige um esforço significativo, especialmente de países como Alemanha e França. “Isso não pode esperar“, insistiu o secretário-geral.
Os números revelam disparidades gritantes: enquanto os EUA gastam cerca de 3,38% do PIB em defesa, países do Leste Europeu próximos à Rússia, como Estônia (3,43%) e Letônia (3,15%), também reforçaram seus orçamentos. A Polônia, com um dos exércitos mais robustos do continente, já se aproxima dos 5%, gastando 4,1% do PIB.
Ainda assim, o chanceler alemão Olaf Scholz e outros líderes da Europa Ocidental consideram os 5% “uma meta ambiciosa demais”. Já a Polônia recebeu bem a proposta de Trump, reforçando a necessidade de preparar o bloco para qualquer eventualidade.
As declarações de Rutte deixam claro que a Europa não pode mais adiar investimentos em defesa. “A alternativa para não gastar mais”, afirmou ele, “é fazer cursos de russo ou ir para a Nova Zelândia”. A mensagem é clara: o tempo está se esgotando.