Quando se trata de equipamentos militares, a pergunta é sempre a mesma: vale a pena modernizar o que já se tem ou é melhor partir para algo novo? E, como tudo em defesa, a resposta é frustrantemente complexa: depende.
Modernização de equipamentos: um remendo necessário no nicho militar
Na maioria dos casos, modernizar um equipamento militar significa apenas estender sua vida útil até que algo melhor chegue. Foi o que aconteceu aqui no Brasil com o caça F-5 da FAB. Esse jato já estava defasado nos anos 90, mas ainda assim passou por uma atualização para aguentar até a chegada do Gripen F-39.
O problema é que o F-5M que passou por modernização até consegue cumprir missões de interceptação e combate, mas com muitas limitações. Enquanto isso, o Gripen é mais rápido, tem maior autonomia, carrega mais mísseis, possui um radar com maior alcance e é muito mais versátil. O F-5, por mais que tenha sido atualizado, continua sendo um caça dos anos 1960. Um remendo necessário, mas ainda assim, um remendo.
Nesse caso, não há dúvida: o ideal seria sempre ter um caça novo, e não um modelo modernizado até a exaustão. Mas quando o orçamento é apertado – e no Brasil sempre é –, a solução acaba sendo prolongar ao máximo o uso do que já está disponível.
Quando a modernização de um equipamento para uso militar vale a pena
Há casos em que modernizar não é apenas uma gambiarra, mas uma estratégia válida. Um bom exemplo disso é o E-99, a joia da Embraer. Esse avião de alerta antecipado ainda faz total sentido no campo de batalha moderno. Então, ao invés de comprar um modelo novo, o Brasil optou por atualizar seus radares através de um acordo com a Saab.

O resultado é que o novo radar tem alcance de 717 km e está entre os melhores do mundo. Qualquer coisa que entrar nesse raio é detectada e imediatamente reportada aos pilotos no ar. Esse tipo de modernização não é apenas uma tentativa de manter algo funcionando, mas sim uma real ampliação de capacidades.
O que funciona e o que não funciona
A grande questão é que muitos países – e o Brasil não é exceção – usam modernização como desculpa para adiar compras necessárias. Em certos casos, isso funciona. Em outros, apenas atrasa o inevitável.
Nos Estados Unidos e na Europa, equipamentos como o B-52 e o A-10 seguem operacionais porque foram projetados para serem modificáveis. Já caças como o F-4 Phantom, que também passou por modernizações, acabaram substituídos quando ficou evidente que eram apenas soluções temporárias.
No Brasil, seguimos essa mesma lógica: alguns sistemas, como o E-99, merecem ser modernizados. Outros, como o F-5M, são remendos que só fazem sentido porque o país não tem dinheiro para o ideal.
No fim, tudo se resume ao orçamento. Se houvesse verba, ninguém discutiria se era necessário ou não modernizar um equipamento militar obsoleto. Simplesmente se compraria o melhor e mais novo equipamento disponível. Mas como dinheiro sempre falta, ajustes precisam ser feitos.