Gripen: O Brasil está em outro patamar aéreo – e os vizinhos que se cuidem!
É oficial: o Gripen E/F da Força Aérea Brasileira é, com folga, não apenas o melhor caça do Brasil, mas o caça mais avançado da América do Sul. E não é apenas uma questão de números ou estética. É tecnologia de ponta, integração em rede, superioridade em armamento e, sobretudo, consciência situacional total. Os países vizinhos até tentam acompanhar o ritmo, mas, na prática, estão várias gerações atrás.
Os vizinhos têm caças. Mas não chegam perto.
De acordo com especialistas ouvidos pela Revista Sociedade Militar, a única exceção meio à altura seria o Chile. Os chilenos possuem F-16C/D Block 50/52 – excelentes caças norte-americanos. O problema é que o país comprou apenas 10 dessas unidades. O grosso da frota chilena ainda é composto por F-16A/B Block 15, aviões de segunda mão comprados da Holanda e que passaram por modernização. Ou seja, bons, mas já “velhinhos“. São comparáveis aos F-5EM/FM da FAB, que o Brasil optou por substituí-los justamente pelo Gripen.

Mas o jogo não é só entre caças
Agora, o grande trunfo do Brasil com o Gripen está no conceito de guerra aérea moderna. Um caça sozinho não vence guerra nenhuma. O Gripen é apenas a ponta visível de uma gigantesca rede de sistemas interligados. Radares terrestres, aviões-radares (como o E-99M, que acompanha até mil alvos aéreos num raio de 723 km), aeronaves de guerra eletrônica (R-99B e E-35AM), pods de reconhecimento (Reccelite) e de interferência eletrônica (Skyshield), tudo isso interligado via o DataLink BR2.
E esse DataLink é a joia da coroa. É ele quem permite que todos os ativos compartilhem dados em tempo real. Assim, quando um piloto de Gripen decola, ele já sabe o que encontrará pela frente. O caça vira uma extensão de uma inteligência coletiva.
Venezuela, Argentina e outros: muito aquém
A Venezuela, que ostenta caças pesados Su-30 Flanker (herança da parceria com a Rússia), parece formidável à primeira vista. Mas a realidade é bem diferente. Os venezuelanos não têm aviões-tanque para reabastecimento em voo. Ou seja, esse fato sozinho limita severamente o raio de combate. Os Su-30 ainda têm autonomia menor que os Gripen (3.500 km contra 4.070 km), operam com radares inferiores e carecem de um sistema robusto de apoio.

A Argentina, que nos anos 1980 tinha uma das forças aéreas mais temidas da região, hoje amarga um cenário quase desolador. Não tem jatos de combate supersônicos e há anos tenta – sem sucesso – adquirir uma nova frota.
Já a Colômbia estuda comprar Gripens, mas esse namoro com a Saab se arrasta há quatro anos. E até agora, nada de fechar negócio. Ou seja, o Brasil com o Gripen está sozinho no topo da cadeia.
Armamentos de elite: Meteor, IRIS-T e A-Darter
O Gripen do Brasil é o único caça da região a operar o Meteor, o míssil BVR (Beyond Visual Range) mais avançado do mundo. Com alcance superior a 150 km e uma zona de não-escape (NEZ) de cerca de 60 km, a aeronave pode abater alvos antes mesmo de ser detectada. Para o combate de curta distância (WVR), os Gripen brasileiros usarão os mísseis IRIS-T e A-Darter, guiados por mira no capacete de nova geração Targo – muito superior ao DASH atualmente usado nos F-5M.
Polêmicas e bastidores
Embora o Gripen represente um salto gigantesco para o Brasil, sua compra não foi livre de controvérsias. Durante anos, houve pressão política e lobby internacional tentando influenciar a escolha do novo caça brasileiro. França e EUA também estavam na disputa. Assim, o programa FX-2 se arrastou por quase uma década. No fim, venceu a Saab – oferecendo transferência de tecnologia e parceria com a Embraer, o que pesou na decisão. Mas ainda hoje existem críticos que questionam o número de unidades adquiridas (apenas 36 até o momento) e o ritmo de entrega.
No entanto, de acordo com especialistas, uma coisa é certa. No cenário sul-americano, hoje, só o Brasil realmente joga esse jogo.