Desde a época em que se lutava para retirar Dilma Rousseff do governo que a direita brasileira demonstra certo incômodo com as relações de militares brasileiros com militares a República Popular da China. Já naquela época circulava um boato que dizia que o então comandante do Exército, general Villas Bôas, teria passado 15 anos na China e que haveria interesse do país em construir uma base dentro da Amazônia.
Nada disso é verdade, Villas Bôas serviu na Embaixada do Brasil na República Popular da China somente por dois anos e – pelo que se sabe – além de não existir a mínima possibilidade disso ocorrer porque não permitiríamos, os chineses não têm pretensão de construir uma base por aqui.
Agora, em pleno governo Bolsonaro, circulam informações em vários sites conservadores que afirmam que praças e oficiais teriam sido designados novamente para servir na China e que oficiais superiores da Força Terrestre são rotineiramente enviados para cursos junto do Exército Popular de Libertação da China.
Essas informações são verídicas ou não e que implicações isso tem para o nosso país? São as perguntas que surgem em mentes preocupadas de vários brasileiros que consideram que as relações com os chineses podem ser perigosas para o Brasil.
Uma análise do número de PORTARIAS DE DESIGNAÇÃO para missões das Forças Armadas nos últimos dois anos pode nos dar uma ideia do nível de interação entre militares brasileiros e chineses nos últimos anos.
Portarias de designação em 2020
Desde janeiro de 2020 foram pelo menos 17 portarias de designação de militares para servir, retornar ou executar tarefas em território Chinês. Mas, não é só o exército que envia militares para realizar cursos junto dos orientais. Por exemplo, uma portaria da Aeronáutica, a de Nº 834/GC1, DE 11 DE AGOSTO DE 2020, determina o retorno do Major de Infantaria S. SOUZA, ele terminou o Curso de Comando e Estado-Maior da Força Aérea, na Academia de Comando da Força Aérea, na cidade de Pequim, República Popular da China.
Outra portaria mostra que um oficial de cavalaria do exército Brasileiro realizou o curso de Comando de Tropa Blindada do Exército Chinês, o mesmo retornou para o Brasil em fevereiro de 2020.
Em 2019 foram 43 PORTARIAS de designação
O número de portarias de designação em 2019 foi muito maior, entre cursos militares, missões para acompanhar lançamento de satélites e participação em eventos esportivos o número de portarias chega a 45.
A Revista Sociedade Militar em junho de 2020 publicou o artigo Oficiais do Exército Brasileiro concluem curso na CHINA, a coisa acendeu luzes vermelhas na mente de muitas pessoas e recebemos dezenas de mensagens questionando sobre os motivos de se enviar militares para ser adestrados por membros do Exército Popular de Libertação da China.
- Curso de Segurança Militar Nacional e Comando.
- Curso de Estudos de Defesa e Estratégia.
- Curso de Comando e Estado-Maior do Exército.
- Curso de Comando e Estado-Maior Marinha.
- Curso de Comando e Estado-Maior da Força Aérea, na Academia de Comando da Força Aérea.
- Curso de Estudos de Defesa e Estratégia, no Instituto de Estudos de Defesa da Universidade de Defesa Nacional, na cidade de Pequim.
- Um SIMPÓSIO envolvendo “altos oficiais latino americanos”.
Chama muito a atenção o fato da CHINA promover um simpósio envolvendo oficiais da América – Latina.
O Brasil enviou um Brigadeiro e um Tenente – Coronel da Aeronáutica para participar do 15º Simpósio de Altos Oficiais Latino-Americanos, no Ministério de Defesa Nacional da República Popular da China, na cidade de Pequim.
O evento ocorreu entre 5 e 24 de maio de 2019.
Interação
É costume entre militares de nações amigas interagirem, trocarem informações.
A experiência no exterior é vista como etapa importante para a formação do militar, aumentando sua capacidade de planejamento estratégico, familiarizando-o com técnicas utilizadas em outros países e capacitando-os com os métodos de uso do poder militar. A China, pelo menos pelas Forças Armadas Brasileiras, não é vista como uma nação hostil.
Os chineses têm incentivado a presença de estrangeiros em suas universidades e centros de instrução militar, ao que parece a troca de informações é vista como de suma importância para que o país alcance êxito em sua estratégia de ser melhor aceito pelos ocidentais.