Depois de participações seguidas em atos pró-Bolsonaro, os membros do Clube Militar não foram oficialmente para a manifestação desse domingo, 01 de maio de 2021, em favor do presidente Bolsonaro, intervenção militar etc.
Na última grande manifestação pró-Bolsonaro, ocorrida em 2019, a oficialidade associada à instituição foi oficialmente convocada para o ato político. Todavia, para a manifestação desse domingo ao contrário do que ocorreu no passado recente, não houve convocação do quadro social por meio dos canais oficiais da instituição.
Caso houvesse uma convocação – segundo militares ouvidos – não haveria “quórum”.
Uma fissura
Militares ouvidos pela Revista Sociedade Militar acreditam que parte significativa dos associados do CM não estão satisfeitos com o protagonismo político excessivo da diretoria atual e não apoiariam a participação nos atos desse domingo caso fossem convocados.
Sites como o Agência Pública publicam textos que vislumbram a possibilidade de a cúpula das Forças Armadas estar se preparando para a chamada terceira via, que seria emplacar o General Hamilton Mourão no lugar do atual presidente. De fato, isso também ajuda a explicar a ausência da oficialidade nos atos em Copacabana – RJ.
“Como Bolsonaro virou um estorvo, os generais agora querem colocar o Mourão no governo”, diz o coronel da reserva Marcelo Pimentel Jorge de Souza – A Pública
O diretor do Clube Militar – general Eduardo José Barbosa – que foi vice de Mourão nas eleições para a diretoria da instituição ocorridas em 2018, esteve bem recentemente em reunião com o vice-presidente e Jair Bolsonaro. Após alguns dias foi publicado um manifesto onde defendeu o uso do artigo 142 da CF1988.
“que utilize o Art 142 da Constituição Federal para restabelecer a Lei e a Ordem. Que as algemas voltem a ser utilizadas …”
Um dos oficiais que discordam da posição do presidente do Clube Militar é o general Peternelli. Em entrevista recente ao Estado de Minas o oficial disse que a maior parte dos oficiais atua dentro da lei.
“O pensamento médio de meus colegas é legalista…”.
Outro oficial, o coronel Rocha Paiva, criticou parte do manifesto publicado pelo clube. O coronel atribui a Bolsonaro parcela da culpa pela morte de mais de 400 mil brasileiros por COVID-19.
“400 000 brasileiros que se foram, fruto do negacionismo insidioso, cruel e irresponsável do atual comandante-em-chefe da nação”, disse em artigo publicado na Revista Sociedade Militar.
Em outro trecho do mesmo artigo o oficial diz que aceitaria o artigo 142, ou a intervenção militar, mas não comandada por Jair Bolsonaro.
“… desde que sob o comando do general mourão. Uma intervenção militar sob a chefia de quem não possui equilíbrio emocional só serviria para sangrar e desunir ainda mais a nossa pobre nação vilipendiada!”
Revista Sociedade Militar