Uma das falas do Comandante do Exército Brasileiro, General de Exército Tomás Miguel Miné, respondendo a questionamentos sobre os altos salários recebidos nos últimos meses e se as Forças Armadas não estariam corrompidas é extremamente importante para aqueles que analisam a reação do Exército Brasileiro no que diz respeito a quantidade enorme de críticas que chegam todos os dias às redes sociais da força terrestre, vindo tanto de brasileiros de direita como de brasileiros de esquerda que não concordam com a postura assumida pelos militares nos últimos anos.
O oficial general que atualmente comanda o Exército Brasileiro foi alvo de manchetes em vários jornais após ter recebido salários que somariam 770 mil reais no início de 2023.
Depois de mencionar que já encaminhou diversas emendas parlamentares direcionando o dinheiro para as Forças Armadas o deputado Marcel van Hatten, que pertence ao partido NOVO do Rio Grande do Sul, questionou os comandantes militares sobre a possibilidade das Forças Armadas estarem corrompidas pelo processo de ruptura institucional porque estaria passando o país
A fala de Marcel van Hatten
“… eu me pergunto, Parlamentar que sou, porque por diversas vezes já encaminhei emendas parlamentares individuais às Forças Armadas, às diferentes Forças: que garantia eu tenho de que, corrompido o Poder Executivo, o Poder Legislativo em grande medida e também o Poder Judiciário, as Forças Armadas brasileiras não serão ou já não estão corrompidas por esse processo de ruptura institucional que hoje nós vivemos no País?”
A resposta do comandante do Exército foi uma negativa no que diz respeito a corrupção ou contaminação pelo citado processo de ruptura institucional. O general contou um pouco da sua história, disse que respeita a opinião do parlamentar, mas que discorda do mesmo e que no que diz respeito aos altos valores recebidos não há motivo para constrangimento. O oficial general em sua fala, tentando afastar qualquer espécie de confronto com o comandante que sucedeu, destacou uma das suas primeiras declarações divulgadas na grande mídia, quando disse que o Exército Brasileiro é apolítico e apartidário, discurso que para muitos fez com que fosse escolhido por Lula para ser o novo comandante do exército.
As respostas do general Tomás Miguel Miné
“Eu tomei tiro no Complexo da Penha e do Alemão durante 3 meses. Eu acho que nós contribuímos…”
“ Não estão corrompidas. As Forças Armadas Brasileiras cumprem sua missão constitucional, que está prevista no art. 142, com base na lei. Reafirmo tudo o que foi dito. Não há ninguém preocupado com isso. Nós continuamos cumprindo a missão. Para retomar nossa atividade, nossa atitude é cumprir a missão constitucional e fazer, com muita tranquilidade, o que nós sempre fizemos. Vamos continuar fazendo com muita tranquilidade.
Eu não sou Comandante do Exército só deste período. Eu sou Comandante do Exército do passado, do presente e do futuro. Eu agradeço ao Deputado Ricardo Salles por estar aqui para ouvir minha resposta. Eu respeito profundamente a opinião que ele apresentou, embora discorde dela. Eu participei de operação do GLO no Complexo da Penha e do Alemão. Não estive lá de maneira passageira. Eu tomei tiro no Complexo da Penha e do Alemão durante 3 meses. Eu acho que nós contribuímos para que aquele grave estado de coisas que nós tínhamos lá fosse amenizado, até que o Governo do Rio de Janeiro pudesse retomar o controle da comunidade. Eu estive no Haiti e também tomei tiro no Haiti. Entreguei gente morta para as famílias. Não me furtei nunca às minhas responsabilidades.
Tenho a maior consideração pelos antigos comandantes da Força, inclusive o General Arruda, que é meu companheiro. Tudo o que eu fiz, ao longo das minhas posições, foi defender as posições do General Arruda, que transmitiu aquelas diretrizes naquele mesmo dia que eu transmiti à tropa: o Exército ser uma força apolítica, apartidária, imparcial, comprometida com a Constituição Brasileira, comprometida com nossa Pátria, com nossa Nação.
Quanto à parte remuneratória, eu não tenho nenhuma vergonha, porque não pedi nada. É o que está previsto na lei. Foi muito bem explicitado. Foi muito bem definido. São direitos que estão previstos nas leis e nos regulamentos. Vieram automaticamente com minha ida para a reserva e são previstos para todos os militares que vão para a reserva.
Eu respeito profundamente as opiniões desta Casa. Entendo que ela é um ambiente para a discussão, o debate, mas faço estas considerações em nome do Exército Brasileiro.”
Dados de: https://www.camara.leg.br/evento-legislativo/67595 /
Imagem de destaque: Flickr Exército Brasileiro https://www.flickr.com/photos/palaciodoplanalto/52867988544/in/album-72177720308001638/